Após DeepSeek, próximo grande risco para os mercados são as tarifas de Trump?

Publicado 29.01.2025, 12:45
© Reuters

Investing.com -- Os analistas do UBS alertaram que as preocupações com a política tarifária do presidente dos EUA, Donald Trump, podem se tornar o próximo grande risco para os mercados, após a forte liquidação recente do setor de IA desencadeada pela DeepSeek.

“Com a volta da relativa calma ao setor de tecnologia na terça-feira, acreditamos que as preocupações tarifárias ainda podem ganhar protagonismo”, escreveu o banco.

Inicialmente, os mercados reagiram de forma positiva aos primeiros decretos executivos do presidente Donald Trump, já que não incluíam tarifas punitivas imediatas.

No entanto, novas informações sugerem que o governo pode adotar uma postura mais agressiva. O Financial Times informou que o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, defende tarifas universais a partir de 2,5%, com aumentos mensais que poderiam chegar a 20%.

Trump, por sua vez, sinalizou uma abordagem ainda mais rígida, mencionando planos para impor tarifas sobre chips, medicamentos e metais com o objetivo de trazer a produção de volta aos EUA.

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Impacto global e tensão comercial com China e Europa

O UBS vê riscos crescentes para a Europa e a China, apesar do tom diplomático recente de Trump em relação a Pequim.

Enquanto o presidente busca a cooperação da China para um possível acordo sobre Rússia e Ucrânia, a ala mais rígida do governo e o sentimento bipartidário anti-China no Congresso podem pressionar por medidas comerciais mais duras.

Na Europa, os desequilíbrios comerciais persistentes e os impostos sobre serviços digitais aplicados a empresas dos EUA podem tornar a região um alvo para novas tarifas.

Além disso, o banco destaca a recente disputa comercial com a Colômbia, em que ameaças de tarifas punitivas fizeram Bogotá recuar rapidamente. Esse episódio pode indicar uma estratégia de pressão mais ampla em relação a outros parceiros comerciais dos EUA.

“Acordos de livre comércio com os EUA não oferecem proteção contra ameaças tarifárias”, observa o UBS, citando o poder de Trump para impor tarifas por meio da Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional.

Apesar desses riscos, o banco mantém uma visão positiva para as ações dos EUA, projetando um potencial de alta de 9% até o final de 2025, impulsionado pelo crescimento econômico, avanços em IA e a queda dos rendimentos dos títulos.

Tarifas e impacto no câmbio

Às vésperas da posse presidencial, a especulação sobre um possível anúncio imediato de tarifas levou o Índice Dólar (DXY) a atingir sua máxima em dois anos. Desde então, a ausência de medidas concretas fez com que o dólar perdesse força em relação às moedas do G10, favorecendo uma recuperação de curto prazo para essas divisas.

No entanto, os mercados seguem em alerta, conforme destacou o BOA Securities em relatório de 29 de janeiro. O foco agora está em um possível anúncio no dia 1º de fevereiro, pelo menos em relação a Canadá e México.

Embora nenhuma decisão oficial tenha sido tomada até o momento, Trump tem feito múltiplas referências às tarifas, inclusive durante seu discurso no Fórum Econômico Mundial. Além disso, o secretário do Tesouro Bessent manifestou preferência por uma escalada tarifária progressiva de 2,5% ao mês, até um teto de 20%.

Grande parte das discussões giram em torno do uso das tarifas como ferramenta para repatriar a produção para os EUA, com cortes de impostos sendo cogitados como um incentivo compensatório. Embora a implementação de medidas concretas leve tempo, declarações e rumores podem movimentar os mercados a qualquer momento.

“Nossa visão base é que as tarifas fazem parte de uma série de negociações comerciais e políticas. No entanto, o governo pode adotar a estratégia de impor tarifas primeiro e negociar depois”, afirmou o BOA.

A ausência de tarifas generalizadas até agora contribuiu para a valorização de moedas fora do dólar e de ativos de risco — desconsiderando os impactos da DeepSeek.

“O mais interessante para o câmbio é que o movimento de alta do dólar ocorreu apesar da redução dos diferenciais de juros, que vêm se estreitando desde a reunião do Fed em dezembro”, apontou o BOA Securities.

O banco considera essa desconexão um reflexo do chamado ‘prêmio tarifário’, que ainda está parcialmente presente.

“Se houver um anúncio agressivo de tarifas, o Índice Dólar (DXY) poderá testar e até ultrapassar suas máximas de janeiro”, concluiu o BOA.

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