Galípolo prega “vigilância” do BC do fim de 2025 a 2026 e defende manutenção da Selic
Investing.com — As ações dos Estados Unidos registravam fortes quedas nesta quinta-feira, após o anúncio de tarifas comerciais amplas pelo presidente Donald Trump, o que gerou temores de uma guerra comercial total com potencial de desencadear uma recessão global.
Às 12h30 de Brasília, o índice Dow Jones recuava 1.415 pontos, ou 3,35%, o S&P 500 cedia 223 pontos, ou 3,93%, e o índice composto da Nasdaq perdia 870 pontos, ou 4,93%.
O S&P 500 caminha para sua maior perda diária desde 2022.
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Tarifas de Trump provocam forte liquidação
Trump anunciou na quarta-feira um novo pacote tarifário, impondo uma alíquota base de 10% sobre todas as importações, além de taxas significativamente mais altas para países considerados "agentes desleais".
A China enfrentará uma tarifa adicional de 34%, que se soma aos 20% já vigentes. União Europeia, Japão e outros parceiros comerciais serão afetados por tarifas entre 20% e 49%.
As tarifas gerais entram em vigor em 5 de abril, e as tarifas específicas por país começam a valer em 9 de abril.
Trump justificou as medidas com base em práticas comerciais injustas e manipulação cambial, alegando que as tarifas revitalizarão a indústria americana e ajudarão a reduzir a dívida pública.
"O anúncio foi mais agressivo do que o esperado, especialmente em relação à Europa e à China, com tarifas de cerca de 20% e 54%, respectivamente", destacaram analistas do Barclays (LON:BARC). "Apesar de ainda haver espaço para negociação e reviravoltas, o nível elevado das tarifas e a incerteza persistente aumentam o risco de recessão. O mercado pode piorar antes de melhorar."
De acordo com Carl Weinberg, economista-chefe da High Frequency Economics, as tarifas podem provocar uma contração de até 10% no PIB dos EUA no segundo trimestre de 2025, ampliando o risco de recessão após uma possível retração já no primeiro trimestre.
Weinberg estima que os impactos das tarifas podem retirar US$ 741 bilhões da renda real das famílias ou dos lucros das empresas, valor que pode ser ainda maior ao se considerar tarifas sobre alumínio, aço e o comércio não isento com Canadá e México.
Projeções do UBS indicam que, se as tarifas forem mantidas, o PIB real pode recuar entre 1,5 e 2 pontos percentuais em 2025, enquanto a inflação pode se aproximar de 5%.
Segundo o banco suíço, esse cenário "tem potencial de piorar consideravelmente a combinação entre crescimento e inflação nos EUA e na economia global ao longo do próximo ano."
O UBS estabeleceu como alvo de curto prazo para o S&P 500 o nível de 5.300 pontos, mas advertiu que a incerteza prolongada em torno das tarifas pode levar o índice abaixo de 5.000 pontos.
Lucro da Apple (NASDAQ:AAPL) pode cair 14% com tarifas, segundo Jefferies
Diversas grandes empresas americanas registravam quedas acentuadas após o anúncio das tarifas. A Apple, por exemplo, recuava 8%, em razão da elevada alíquota imposta sobre a China, base de parte relevante de sua produção.
Analistas do Jefferies alertaram que as tarifas sobre produtos chineses podem afetar significativamente a lucratividade da Apple, com uma possível redução de até 14% no lucro líquido da companhia no ano fiscal de 2025, caso não obtenha isenção.
Ações de grandes varejistas de importados também estavam entre as mais penalizadas. Papéis de Five Below, Dollar Tree e Gap caíam mais de 10%.
O setor de varejo também sofria perdas, com recuos relevantes de Nike (NYSE:NKE) e Walmart (NYSE:WMT) , após tarifas atingirem importantes polos de produção, como Vietnã, Indonésia e China.
Ações de tecnologia recuavam em meio ao aumento da aversão ao risco. Nvidia (NASDAQ:NVDA) e Tesla (NASDAQ:TSLA) caíam cerca de 5%. No caso da Tesla, o movimento revertia os ganhos de mais de 5% obtidos na quarta-feira, quando surgiram rumores de que Elon Musk poderia deixar seu cargo no governo para se dedicar exclusivamente à empresa.
Pedidos de auxílio-desemprego recuam
Os pedidos iniciais de seguro-desemprego nos EUA caíram em 6.000 na semana encerrada em 29 de março, sinalizando resiliência no mercado de trabalho mesmo com o aumento das incertezas geradas pelas tarifas.
Na quarta-feira, os dados de criação de empregos no setor privado surpreenderam positivamente, enquanto os números de vagas abertas (JOLTS) decepcionaram no início da semana, preparando o terreno para os dados oficiais de emprego que serão divulgados na sexta-feira.
Dito isso, a condução da política monetária do Federal Reserve nos próximos meses pode depender fortemente dos efeitos das tarifas sobre a economia.
A diretora do Fed, Adriana Kugler, alertou para riscos altistas à inflação decorrentes das mudanças promovidas por Trump.
Ainda assim, o UBS projeta que as tarifas devem reduzir o crescimento no curto prazo, ampliar a volatilidade e levar o Fed a implementar cortes relevantes na taxa de juros ainda este ano.
O cenário base do banco prevê cortes de 75 a 100 pontos-base ao longo do restante de 2025.
Petróleo despenca
Os preços do petróleo registravam forte queda nesta quinta-feira, após um grupo de grandes produtores anunciar que irá acelerar o ritmo de aumento da produção, em meio a preocupações com a demanda global devido às tarifas comerciais dos EUA.
Oito países membros da Opep+ — grupo que reúne a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados como a Rússia — informaram que aumentarão a produção em 411 mil barris por dia a partir de maio.
A Opep+ havia planejado elevar a produção em apenas 135 mil barris por dia no mesmo mês, como parte de uma estratégia gradual de reversão dos cortes anteriores.
O mercado de petróleo já vinha pressionado desde o anúncio de Trump, na quarta-feira, de uma tarifa de 10% sobre a maioria dos bens importados pelos EUA — maior consumidor global de petróleo — e de tarifas adicionais sobre diversos parceiros comerciais.
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