SÃO PAULO (Reuters) - O Banco Indusval (SA:IDVL4) recebeu autorização do órgão brasileiro de defesa da concorrência para uma aquisição que mira viabilizar a entrada da instituição financeira no mercado de comercialização de energia elétrica no Brasil.
O Indusval (SA:IDVL4) havia solicitado ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aval para a compra da Crípton Comercializadora de Energia junto ao Grupo Matrix, que atua no setor de comercialização e é controlado pelo grupo multinacional DXT Commodities.
O negócio foi aprovado “sem restrições” pelo Cade, de acordo com despacho publicado no Diário Oficial da União desta segunda-feira.
A transação acontece em momento aquecido no chamado mercado livre de energia, segmento em que grandes consumidores, como indústrias, podem negociar o suprimento de energia diretamente junto a geradores e comercializadoras.
O número de comercializadoras de energia em operação no Brasil saltou 19% entre janeiro e outubro, para 324 empresas, segundo dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
A Crípton, alvo da aquisição do banco Indusval (SA:IDVL4), ainda não possui operações no mercado elétrico, de acordo com o parecer do Cade que analisou a operação.
O negócio, no entanto, não é incomum— com o aquecimento do mercado de comercialização, alguns empresários do ramo têm apostado na criação de companhias “de prateleira” para posterior venda a terceiros interessados em adentrar o ramo, segundo fontes do setor.
“A operação faz parte da estratégia do Banco Indusval (SA:IDVL4) de expandir seus negócios no Brasil, passando a atuar no setor de comercialização de energia elétrica”, apontou o órgão estatal.
A expansão do mercado livre tem atraído novos investidores para as operações de compra e venda de eletricidade. O banco Santander (SA:SANB11), por exemplo, criou uma unidade de comercialização de energia no final de 2018, enquanto a Cosan (SA:CSAN3) fechou em dezembro passado a compra da Compass Energia por 95 milhões de reais.
O Itaú Unibanco (SA:ITUB4) também pretende entrar no segmento com a criação de uma unidade de comercialização que será liderada pelo ex-chefe da área no banco BTG Pactual (SA:BPAC11) Oderval Duarte, segundo reportagem do Valor Econômico nesta segunda-feira.
Já o Banco Indusval (SA:IDVL4) não possuía até o momento negócios em compra e venda de energia, assim como seu controlador, o Grupo BI & Partners, segundo a análise do Cade.
Tanto o controlador do banco quanto o Grupo Matrix tiveram faturamento superior a 750 milhões de reais em 2018, mostraram os documentos do órgão antitruste, que não detalham os números e nem revelam o valor da aquisição da Crípton.