Por Geoffrey Smith
Investing.com – Os bancos da zona do euro continuaram reduzindo seus empréstimos junto ao Banco Central Europeu, estendendo a redução gradativa do balanço do BCE, ao mesmo tempo em que o Federal Reserve seguiu na direção oposta, com sua intervenção emergencial para apoiar bancos de médio porte nos EUA na semana passada.
O BCE declarou que os bancos optaram por quitar mais € 87,73 bilhões (€ 1 = US$ 1,0625) da terceira série de operações de refinanciamento de longo prazo, a última de uma longa linha de medidas para flexibilizar as condições monetárias na década seguinte à crise do euro.
As chamadas TLTROs foram inicialmente oferecidas a juros inferiores à taxa de refinanciamento do BCE, a fim de incentivar as concessões de crédito na economia real. No entanto, o BCE decidiu eliminar esse desconto no ano passado, após o início da sua política de aperto, uma vez que isso incentivava os bancos a manter um excedente de reservas, exercendo pressão de queda nos juros de mercado. Também ofereceu aos bancos a oportunidade de obter grandes lucros em operações de arbitragem sem risco, mantendo parte dos fundos rendendo à taxa de referência (deposit facility) do BCE, quando esta subiu para 2%.
O montante quitado na sexta-feira representa cerca de 7% dos empréstimos de longo prazo do BCE concedidos aos bancos da zona euro.
Esse grande pagamento sugere que o estresse no mercado monetário da zona do euro ainda está em níveis insignificantes, apesar da turbulência nos EUA e na vizinha Suíça nesta semana.
Mesmo assim, outros indicadores de estresse, como as taxas de juros futuras e as ações de bancos da zona do euro, seguem contando uma história diferente. As ações se desvalorizavam de forma geral na sexta-feira, 17, mostrando que os esforços para aumentar a confiança nos bancos de médio porte dos EUA pareciam novamente perder força. Apesar de os mercados terem recebido bem a notícia de que bancos de primeira linha depositariam cerca de US$ 30 bilhões no First Republic Bank (NYSE:FRC), o sentimento predominante voltou a piorar, devido ao temor de que medidas mais drásticas pudessem ser necessárias para reconquistar a confiança. As ações da First Republic caíram mais de 21%, ampliando sua desvalorização com a retomada das negociações, após um breve circuit break.
Na Europa, os bancos gregos e portugueses registravam as maiores perdas, com o Piraeus Bank (OTC:BPIRY) caindo 4,4%, o National Bank of Greece (OTC:NBGIF), 3,6%, e o Banco Comercial (BS:BCPu) recuando 3,5%. Os maiores bancos da região - BNP Paribas (OTC:BNPQY), ING (NYSE:ING), Santander (BME:SAN) e Deutsche Bank (ETR: DBKGn) – se desvalorizavam entre 1,8% e 3,2%.