BB discute com BC "transição suave" de resolução 4.966 após susto no 1º tri com agro

Publicado 16.05.2025, 11:08
Atualizado 16.05.2025, 11:50
© Reuters. Banco do Brasil em Uberaba (MG) n4/7/2022 REUTERS/Leonardo Benassato/Arquivo

SÃO PAULO (Reuters) - O Banco do Brasil (BVMF:BBAS3) está discutindo com o Banco Central formas que permitam uma transição suave da instituição na implementação da resolução 4.966, após as mudanças contábeis instituídas com ela no começo do ano terem contribuindo para um forte aumento na inadimplência do primeiro trimestre.

"Já estamos abrindo conversa com regulador para levar proposições de tratamento diferente da carteira do agro", afirmou a presidente-executiva do BB, Tarciana Medeiros, em conferência com analistas após a publicação dos resultados de primeiro trimestre da instituição na noite da véspera.

"São operações com fluxos de pagamento e recebimento diferentes...Faz todo sentido e precisamos fazer esse trabalho e esse é um dos motivos de permanecermos com ’guidance’ em revisão porque depende de possível ajuste", acrescentou a executiva.

O vice-presidente de controles internos e gestão de riscos, Felipe Prince, afirmou que o regulador está "muito aberto e receptivo" nas discussões com o BB "até porque isso pode bater em restrição de financiamento ao agro, que é o motor do país".

As ações do BB despencavam nesta sexta-feira. Por volta de 11h, os papéis lideravam as perdas do Ibovespa, recuando mais de 12%, após resultado do primeiro trimestre bem abaixo das previsões no mercado, com o banco suspendendo várias previsões sobre o desempenho em 2025.

O vice-presidente de gestão financeira do BB, Geovanne Tobias, afirmou que, após a inadimplência do segmento de agronegócio ter surpreendido no primeiro trimestre e contribuído para pesar sobre o balanço do banco, "dados de abril demonstram ainda uma resiliência dessa inadimplência", mas que a instituição mantém por ora uma previsão de retorno aos acionistas de 40% do lucro este ano.

O executivo citou que o banco acredita que as medidas de cobrança mais intensas do banco vão surtir efeito e que isso, aliado aos retornos da safra recorde de soja e milho deste ano, vai ajudar a conter a inadimplência do segmento no segundo semestre.

Ao comentar sobre as medidas "mais agressivas" de cobrança do BB no contexto da alta da inadimplência do segmento agro, Prince citou que "atraso muito curto a gente já protesta", o que impede o agricultor de recorrer a financiamentos locais.

"A gente criou processo muito mais rápido de poder recuperar esses recursos seja pelas vias extras ou até judiciais", disse o executivo, citando, porém, que o BB vai continuar com uma "cauda de risco, mais concentrada em produtores arrendatários que fizeram investimento de expansão de área nos últimos períodos".

Os executivos citaram que o aumento na inadimplência de produtores rurais está concentrado nos Estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e partes de Goiás e principalmente na cultura de soja.

Além disso, Tobias citou "advocacia predatória" que tem incentivado produtores rurais a recorrer à recuperação judicial sem negociação com o banco.

"A inadimplência rural esse ano tem fenômeno que até ano passado não tinha...a recuperação judicial", disse o executivo, citando que na carteira do agro já são cerca de 600 clientes médios e grandes do banco que recorreram ao instrumento, compreendendo uma carteira de mais de R$4 bilhões.

Questionado sobre o nível de rentabilidade do BB nos próximos trimestres diante da elevação da inadimplência, o executivo citou que "o ideal é ROE de 20%...provavelmente vamos ter 17%, 18% de ROE enquanto não azeitarmos isso".

A inadimplência do segmento rural do BB no primeiro trimestre foi de 3% nas operações vencidas há mais de 90 dias ante 2,45% em dezembro e 1,19% em março do ano passado. O indicador antecedente, de 30 dias, o índice de calotes do segmento chegou a 4,11% no final de março deste ano, ante 1,70% um ano atrás.

 

(Por Alberto Alerigi Jr.)

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