Investing.com - O setor de construção civil teve um mês negativo em junho, a exemplo da grande maioria do mercado acionário brasileiro, em um cenário de pessimismo que afetam os mercados emergentes desde o começo do trimestre. O resultado acontece mesmo para papéis como da Tenda (SA:TEND3) e MRV (SA:MRVE3), que tiveram bons resultados operacionais e financeiros.
Em junho, o índice do mercado imobiliário teve queda de 4,9%, contra perdas de 5,2% do Ibovespa. No entanto, no acumulado do ano, as perdas são respectivamente de 19,5% e 4,8%.
Para o Banco do Brasil (SA:BBAS3) Investimentos, além do cenário externo adverso o mercado acionário também é afetado pelas incertezas advindas do calendário eleitoral e pelas revisões para baixo do PIB de 2018 do Brasil por analistas de mercado, com sinais de retrocesso tanto na retomada do investimento privado quanto no aumento do consumo das famílias.
Os analistas destacam que essa redução das expectativas pode ser observada na pesquisa da CNI de maio, que mostrou queda não apenas no nível de atividade (de 46,9 para 44,4) e expectativas para os próximos 6 meses (de 54,7 para 50,4), mas também nas intenções de investimento ( -2,7pontos m/m), o que nos leva a concluir que os agentes econômicos estão adotando uma posição mais conservadora para o 2S18.
Nem mesmo a aprovação na Câmara dos Deputados de um projeto de lei que regulamenta a questão dos distratos foi capaz de reverter a tendência. O assunto agora está em discussão no Senado. A projeto de lei prevê que se o comprador decidir cancelar a compra do imóvel, o vendedor poderá reter 50% do valor já pago como multa. Para o BB-BI, a proposta é positiva, uma vez que reduz a incerteza jurídica que prevalece atualmente devido à falta de regras claras nesta matéria. No entanto, seu alcance é minimizado devido à diminuição das entregas para os próximos meses, o que reduz o impacto dos distratos no resultado das empresas.
Além disso, os analistas destacam dois dados operacionais relacionados ao setor de incorporação recém-divulgados. O primeiro diz respeito à manutenção da inadimplência das empresas no nível mais alto desde que a informação começou a ser divulgada, indicando que as empresas do setor ainda enfrentam dificuldades para cumprir seus pagamentos. O segundo refere-se ao volume de contratações na área habitacional com funding do FGTS, que vem apresentando uma redução significativa considerando os dados dos últimos 12 meses. Isso, na visão do banco, pode afetar os lançamentos e vendas de empresas focadas no segmento de baixa renda, se a tendência de baixa persistir nos próximos meses.
No entanto, a votação da proposta do distrato foi adiada após pedido de vista coletivo realizado por integrantes da CAE. O pedido de vista contou com apoio da líder do MDB, Simone Tebet, e integrantes da oposição, que defenderam também alterações no relatório.
A previsão é que a votação na CAE ocorra apenas no dia 18, na última sessão antes do recesso parlamentar. Embora teoricamente possível, a aprovação da medida no CAE e no plenário do Senado no mesmo dia é pouco provável, dado que o adiamento de ontem mostrou a falta de acordo em torno da proposta.
Caso a proposta não seja aprovada até o dia 18 no plenário do Senado, a expectativa é que a discussão seja adiada até meados de novembro, já que, após o recesso, a agenda parlamentar gravitará em torno das eleições.