Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lançou nesta terça-feira um edital para compra de 100 milhões de reais em créditos de carbono, conforme comunicado.
Trata-se da segunda iniciativa do banco de fomento para estimular esse mercado no país. O resultado da chamada pública deve sair em novembro.
"Com esta iniciativa, o banco pretende apoiar o desenvolvimento de um mercado para comercialização desses títulos, além de chancelar padrões de qualidade para condução de projetos de descarbonização da economia", disse o banco em nota.
Segundo o BNDES, créditos de carbono representam "a não emissão de gases do efeito estufa na atmosfera, contribuindo para a preservação do meio ambiente".
Nesta segunda chamada, serão considerados elegíveis projetos com foco em reflorestamento, redução de emissões por desmatamento e degradação florestal, energia (biomassa e metano) e agricultura sustentável.
O resultado da primeira chamada pública para aquisição de créditos de carbono foi divulgado em maio, com a seleção de cinco projetos de conservação e de energia em segmentos diversos.
A primeira operação do banco nesse mercado tinha valor de 10 milhões de reais, sendo que cada projeto contava com limite de 2 milhões de reais. Nesta segunda chamada, o teto foi elevado para 25 milhões.
Outras mudanças, de acordo com o banco, foram a retirada da exigência de emissão de créditos anteriores para os projetos concorrentes, a inclusão do setor agrícola como um dos escopos do edital, além do aumento no número de instituições certificadoras.
"As estimativas internacionais apontam para um mercado de carbono entre 50 bilhões a 100 bilhões de dólares até 2030 e a expectativa é que o Brasil represente 15% a 20%, ou seja, pode gerar 7,5 bilhões a 20 bilhões de dólares em divisas para o Brasil", disse à Reuters o diretor de Crédito Produtivo e Socioambiental do BNDES, Bruno Aranha.
Para ele, o Brasil tem tudo para ampliar o desenvolvimento de projetos de compensação de emissões.
"A gente pode ser um grande gerador de crédito de carbono por meio de projetos para preservar florestas, recuperação (de áreas degradadas), reflorestamento, mobilidade, energias renováveis. Tudo isso é passível de certificação de créditos de carbono para serem comercializados com empresas que emitem pelo mundo, acrescentou.