RIO DE JANEIRO (Reuters) - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)registrou no ano passado um lucro líquido recorrente de 12,5 bilhões de reais, um salto de 46,2% na comparação com 2021, informou nesta terça-feira o banco de fomento.
O lucro foi recorde, segundo o próprio BNDES.
O resultado contábil líquido foi de 41,7 bilhões de reais, apoiado em fatores como receita de dividendos da Petrobras (BVMF:PETR4) (17,2 bilhões de reais), recebimento de valores devidos pela operadora Oi (BVMF:OIBR3) e alienação de ações de Eletrobres e JBS (BVMF:JBSS3).
“Foi um recebimento recorde da Petrobras no ano passado e dificilmente isso vai se repetir. Tivemos vendas de ativos significativas em 2022, além de 4 bilhões extraordinários da Oi“, disse a jornalistas o diretor financeiro do banco, Alexandre Abreu, sobre o resultado do último ano do BNDES no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O diretor criticou a redução da carteira de crédito do BNDES. “A carteira de crédito hoje de 480 bilhões é igual a 2008. Era cerca de 7% do PIB e hoje é cerca 5%, uma perda de 30%. O banco reduz sua carteira de crédito de forma expressiva ao longo dos anos e isso é preocupante“, afirmou.
Segundo ele, antes da crise de 2008 o BNDES desembolsava o equivalente a 2% do Produto Interno Bruto (PIB) e chegou a subir a 3% em 2013 e 2014, mas hoje esse valor está em 1%. "O banco desembolsa metade do que fazia antes“, afirmou Abreu.
As participações societárias do banco somaram 62,7 bilhões de reais no ano passado, segundo o BNDES, sendo que 77% dos ativos estavam concentrados em Petrobras, JBS, Copel (BVMF:CPLE6) e Eletrobras (BVMF:ELET3).
O banco disse ainda que desde 2015 devolveu ao Tesouro 873 bilhões de reais, bem mais que os 646 bilhões de reais em desembolsos no mesmo período. "O banco desembolsou 227 bilhões de reais a mais para o Tesouro do que para o financiamento de setores como infraestrutura, indústria, micro, pequenas e médias empresas, entre outros", disse o BNDES em nota.
(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier)