Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da Bovespa fechou o último pregão do ano em alta, após uma sessão sem viés definido e de baixa liquidez, encerrando 2016 com ganho acumulado de quase 40 por cento, no primeiro resultado positivo após três anos de perdas.
Nesta quinta-feira, o Ibovespa subiu 0,75 por cento, a 60.227 pontos. O volume financeiro no pregão somou 5 bilhões de reais, abaixo da média de dezembro, de 8 bilhões de reais.
A sessão foi marcada por ajustes de posições de fundos, sem notícias relevantes ou um viés mais claro no exterior para ditar uma direção firme nos negócios, disseram profissionais da área de renda variável.
Na semana de apenas quatro dias, o Ibovespa acumulou ganho de 3,95 por cento, mas fechou o mês de dezembro com recuo de 2,7 por cento.
O Ibovespa subiu 38,93 por cento em 2016, melhor desempenho desde 2009 e primeira alta em quatro anos. O avanço foi guiado principalmente pela mudança do comando do país, que levou à melhora das perspectivas para a economia brasileira, com Petrobras (SA:PETR4) entre as principais beneficiadas na bolsa.
"Mesmo que a confiança do consumidor, os níveis de atividade e o cenário político ainda não empolguem investidores, fechamos o ano bem melhores do que começamos", disse o chefe da mesa de operações institucionais da corretora de um banco em São Paulo.
Além disso, profissionais da área de renda variável citaram que o desempenho anual teve respaldo na alta de commodities e no rali em Wall Street, com fatores externos de forte potencial negativo não sendo tão ruins assim.
Entre os eventos que adicionaram nervosismo estão a decisão da Grã-Bretanha de sair da União Europeia (Brexit) e a eleição de Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos.
Na máxima do ano, o Ibovespa superou os 65 mil pontos.
Entre as ações que compõem o Ibovespa, sete fecharam o ano com ganho superior a 100 por cento, com mineração e siderurgia na liderança, enquanto os papéis de empresas que se beneficiam de um dólar mais forte caíram em 2016, já que a moeda norte-americana recuou quase 18 por cento ante o real.
DESTAQUES
- VALE ON e VALE PNA caíram 3,75 e 1,93 por cento, em linha com a fraqueza de mineradoras no exterior. No ano, porém, os papéis PNA da companhia dispararam 129 por cento e as ações ON valorizaram-se 98 por cento. BRADESPAR PN, uma das maiores acionistas da Vale (SA:VALE5), saltou 200 por cento em 2016, maior ganho do índice neste ano.
- PETROBRAS PN encerrou o dia com elevação de 0,61 por cento e PETROBRAS ON caiu 0,24 por cento, em sessão de fraqueza dos preços do petróleo, tendo ainda no radar novos anúncios de desinvestimentos. Em 2016, porém, as preferenciais contabilizaram uma elevação de 122 por cento e as ordinárias apreciaram-se 98 por cento.
- CSN (SA:CSNA3) ON subiu 0,28 por cento e acumulou alta de 171 por cento no ano, em movimento acompanhado por outras siderúrgicas, diante da melhora nos preços de aço no mercados externo e interno, com perspectivas mais favoráveis para a economia local e exportações. USIMINAS (SA:USIM5) PNA e GERDAU (SA:GGBR4) PN subiram 169 e 133 por cento, respectivamente, em 2016.
- BANCO DO BRASIL fechou o pregão em alta de 1,44 por cento, totalizando alta de 99 por cento em 2016, também na esteira da mudança do governo e perspectivas de melhor gestão de empresas com participação estatal. No setor bancário, ITAÚ UNIBANCO PN acumulou elevação de 50 por cento em 2016 e BRADESCO PN valorizou-se 74 por cento.
- EMBRAER (SA:EMBR3) subiu 1,98 por cento nesta quinta-feira, mas encerrou o ano com perda de 47 por cento, no pior desempenho do índice, afetada pelo enfraquecimento do dólar ante o real, além de envolvimento da companhia em acusações de corrupção e notícias nem sempre favoráveis sobre demanda de aeronaves e o segmento de defesa da companhia.