SÃO PAULO (Reuters) - O Bradesco (BVMF:BBDC4) anunciou nesta quinta-feira que seu conselho de administração aprovou a indicação de Marcelo de Araújo Noronha para o posto de presidente-executivo do grupo financeiro, em substituição a Octavio de Lazari Jr., o que fez suas ações dispararem quase 6%.
O banco afirmou em fato relevante ao mercado que Lazari será indicado a um posto no conselho de administração do Bradesco.
Lazari, 60, assumiu o comando do Bradesco em 2018. O executivo iniciou sua carreira no próprio banco em 1978. Noronha, 58, é atualmente vice-presidente do banco para operações de varejo, posto assumido em 2015.
"A mudança tem o propósito de iniciar um ciclo de projetos e objetivos estratégicos robustos para os próximos anos", afirmou o presidente do conselho de administração do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, em comunicado do banco à imprensa.
"O contexto de mercado é absolutamente desafiador, do ponto de vista da eficiência operacional, aumento da competitividade e ambiente regulatório", acrescentou.
O Bradesco encerrou o terceiro trimestre com queda de 11,5% no lucro líquido recorrente sobre um ano antes, carteira de crédito estável e atingindo o pico da inadimplência dos últimos períodos, 6,1%, mas vendo os próximos trimestres como de recuperação na margem financeira.
Na ocasião de divulgação dos resultados de julho a setembro, Lazari afirmou que "o pior ficou para trás" e que os índices de inadimplência antecedente, de 15 a 90 dias, mostram redução para os próximos trimestres.
O rival maior Itaú Unibanco (BVMF:ITUB4) , enquanto isso, teve alta de 12% no lucro líquido recorrente, com avanço na carteira de crédito e inadimplência quase estável em 3%.
Analistas do JPMorgan (NYSE:JPM) citaram que a mudança no comando do segundo maior banco privado do Brasil foi incomum, uma vez que o Bradesco costuma manter seus presidentes por um período de cerca de 10 anos.
Eles observaram que, embora durante o comando de Lazari o Bradesco tenha apresentado lucros maiores que o Itaú, o executivo comandou o banco durante um período de resultados mais fracos nos últimos dois anos, em meio ao cenário de piora no ciclo de crédito e fraqueza na renda das famílias.
"Embora consideramos que a cultura (do Bradesco) continuará a mesma, acreditamos que os investidores possam ver a mudança na administração como uma responsabilização pelos últimos anos", afirmaram Yuri Fernandes e equipe, em relatório a clientes.
Durante o mandato de Lazari, período marcado pela aceleração na expansão dos bancos digitais, o Bradesco reduziu o número de agências de 4.617 ao final de 2018 para 2.754, um corte de 1.863 pontos de atendimento. Apenas entre setembro de 2021 e setembro deste ano, o banco fechou cerca de 300 agências no país, buscando ganhar eficiência com redução de custos de atendimento. O Itaú, enquanto isso, tinha 3.509 agências no final de setembro ante 4.940 no fim de 2018, uma redução de 1.431 unidades.
O próprio Lazari afirmou durante a divulgação dos resultados do terceiro trimestre deste ano que "não dá mais para ter rentabilidade com agência física voltada apenas para recebimento de boletos". Na ocasião, ele disse que o banco deve acelerar a reestruturação de sua rede de agências no próximo ano.
Segundo o Bradesco, a nomeação acatou recomendação do comitê de nomeação e sucessão do banco.
Após o anúncio, as ações preferenciais do Bradesco chegaram a 16,65 reais, alta de 5,85%. Por volta de 12:15, as ações subiam 3,5%, a 16,28 reais, entre os melhores desempenhos do Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, que subia 0,55%
Até a véspera, os papéis do banco acumulavam valorização de cerca de 11% em 2023.
(Por Alberto Alerigi Jr.; )