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Brasil perdeu 60 milhões de doses da CoronaVac em 2020, diz Dimas Covas à CPI

Publicado 27.05.2021, 10:34
© Reuters. CoronaVac em São Paulo
22/1/2021
REUTERS/Amanda Perobelli
SVA
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Por Maria Carolina Marcello e Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou nesta quinta-feira à CPI da Covid que ofereceu ao governo federal em julho do ano passado 60 milhões de doses da CoronaVac a serem entregues ainda em 2020, e que o Brasil poderia ter sido o primeiro país do mundo a começar a imunização contra a Covid-19 depois da China, mas não houve resposta por parte do Ministério da Saúde.

Segundo Covas, o Butantan pediu ainda apoio do governo federal em recursos para o estudo clínico no Brasil da vacina desenvolvida pela chinesa Sinovac (NASDAQ:SVA) e investimento de 80 milhões de reais para reforma do laboratório para ampliar a capacidade de produção, o que também não foi atendido.

Covas confirmou que as negociações com o Ministério da Saúde avançaram a partir de outubro, com a promessa de entrega de 100 milhões de doses, e intensas negociações entre as equipes técnicas do ministério e do instituto.

O presidente do Butantan disse que chegou a ser convidado pelo então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, para um evento em que a CoronaVac seria anunciada como "vacina do Brasil", mas lembrou que o acordo foi desfeito após declaração do presidente Jair Bolsonaro contra a vacina.

"O outro dia de manhã, infelizmente, essas conversações não prosseguiram porque houve uma manifestação do presidente da República dizendo que a vacina não seria incorporada", disse Covas.

Segundo ele, o atraso na negociação com ministério atrasou o cronograma e o Brasil perdeu posição na lista de atendimento por parte da Sinovac, o que levou a um atraso em todo o fornecimento e no início da vacinação, que só ocorreu em janeiro deste ano.

© Reuters. CoronaVac em São Paulo
22/1/2021
REUTERS/Amanda Perobelli

"O Brasil poderia ter sido o primeiro país a começar a vacinação não fossem esses percalços", afirmou. "Poderíamos ter começado antes, seguramente, se houvesse agilidade maior de todos os atores, se tivéssemos trabalhado juntos".

O presidente do Butantan também afirmou à CPI que atrasos no recebimento de insumos da China para fabricação da CoronaVac colocam em dúvida a concretização do contrato de 100 milhões de doses até 30 de setembro.

Perguntado pelo relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), sobre o motivo da recusa do governo federal em comprar a CoronaVac desde o início, o presidente do Butantan disse acreditar que "houve um descompasso de entendimento da importância da vacina dentro do contexto da pandemia".

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