Investing.com - Há grandes chances de o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) de reprovar a compra da rede móvel da Oi pelo consórcio formado pelas rivais TIM, Claro e Vivo, segundo técnicos da autarquia ouvidos pelo jornal O Globo. O órgão ficaria preocupado com os efeitos na concorrência se a operação for concretiza, diferentemente se a venda for a uma empresa entrante no mercado.
As ações da Oi têm forte queda na B3, com os papéis ordinários (SA:OIBR3), com maior volume de negócios, são negociados com baixa de 6,17% a R$ 1,52, enquanto os preferenciais (SA:OIBR4) recuam 6,20% a R$ 2,42. Já as ações da Vivo (SA:VIVT4) têm leve baixa de 0,16% a R$ 50,92 e as da TIM (SA:TIMP3) recuavam 1,57% a R$ 15,04. O Ibovepsa tinha baixa de 2,28% a 100.483 pontos.
A possibilidade de reprovação não seria a única dificuldade na operação. Caso a Oi aceite a proposta das concorrentes, a avaliação do Cade poderia demorar até um ano devido à complexidade do assunto. O prazo do Cade para avaliar casos de concentração é de 240 dias, prorrogáveis por mais 90.
Por outro lado, a venda da rede móvel da Oi, que tem 34 milhões de clientes, para uma empresa entrante no mercado levaria a uma análise mais rápida pela autarquia, pois traria menos problema de concorrência. A Highline, da gestora americana Digital Colony, participa do certame e tinha exclusividade das negociações até ontem a noite, com uma proposta abaixo do consórcio das três rivais da Oi, mas acima do preço mínimo de R$ 15 bilhões estipulado pela tele para venda de suas operações. A oferta de TIM, Claro e Vivo é de R$ 16,1 bilhões.
A definição do vencedor deve ficar para o dia da assembleia de credores da empresa, que deve ocorrer ainda em agosto.
Desistência ou não
A desistência da Highline do certame chegou a ser divulgada no final da semana passada, mas a empresa controlada pela Digital Colony não cobriu a proposta do consórcio entre TIM, Vivo e Claro. A edição de segunda do Valor Econômico destacou que até a noite de domingo a Highline do Brasil ainda estava em negociação com a Oi, uma vez que o prazo do contrato de exclusividade se encerra ontem. Uma das fontes que acompanha as conversas disse ao jornal que não existia desistência da Highline.
A única mudança seria que, com o final do prazo de exclusividade, a Oi poderia negociar com a TIM, Vivo e Claro. Além disso, a fonte lembra que o acordo de exclusividade firmado com a Highline, provedora de infraestrutura de telecomunicações controlada pela gestora Digital Colony, não obrigaria a Oi a aceitar nenhuma proposta.
Histórico
A Oi avalia suas redes de telefonia e internet móveis, que reúnem 33,9 milhões de clientes, em ao menos R$ 15 bilhões.
A primeira oferta partiu de TIM, Vivo e Claro em meados de julho. O valor não foi informado, mas a reportagem apurou que foi de R$ 15,1 bilhões.
Na sequência, a Highline - empresa especializada em infraestrutura de telecomunicações e controlada pela americana Digital Colony - colocou na mesa um valor não revelado, mas superior a esse lance. Daí veio a reação de TIM, Vivo e Claro, com nova proposta, agora com o valor de R$ 16,5 bilhões.
Em comunicado oficial, a Oi já disse que o novo lance do trio de operadoras "tem condições financeiras mais vantajosas".
Já nos bastidores, não descarta nenhum proponente, e o comentário é de que o lance da Highline é "bom o bastante" para vingar. Isso porque o lance vencedor não será pautado apenas pelo seu valor.
O plano da Oi prevê que a direção poderá aceitar a segunda melhor proposta, desde que com preço até 5% inferior àquele apresentado na proposta de maior valor, mediante "justificativa fundamentada".