Por Aluisio Alves
SÃO PAULO (Reuters) - O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) decidiu aprofundar a análise do proposta de compra da Unidas pela Localiza (SA:RENT3), por considerar que a fusão pode envolver uma concentração excessiva nos mercados de locação de veículos e gestão de frotas.
Em despacho, a superintendência-geral do órgão antitruste elencou uma série de preocupações como desdobramento do negócio envolvendo a união da líder com a vice-líder nesses mercados.
Entre eles, a baixa probabilidade de entrada de novos competidores e a redução da concorrência. O órgão citou em particular o fato de que, em alguns aeroportos, "a empresa resultante da operação seria a única opção dos consumidores".
A superintendência do Cade apontou ainda que a operação reduzirá o número de empresas com atuação nacional de três para duas, com o grupo resultante da fusão detendo "no mínimo, 60% a 70% de participação de mercado.
Com isso, a instituição classificou a operação como "complexa" e sugeriu aprofundar a análise do caso.
Anunciada em setembro passado, a proposta de fusão criaria um grupo combinado com valor de mercado de cerca de 50 bilhões de reais em valores da época e uma frota de 470 mil carros.
As rivais Fleetzil, ALD Automotive, Movida (SA:MOVI3); e Ouro Verde pediram para o Cade intervir no caso.
As ações das companhias que planejam a fusão subiam forte na bolsa paulista nesta quinta-feira, com os papéis da Unidas em alta de 5,16% e os da Localiza avançando 4,57%, liderando as altas do Ibovespa.
De acordo com o analista da Terra Investimentos Régis Chinchila, o mercado já estava receoso que fosse um caminho complicado e de concentração setorial.
"Investidores voltaram a comprar após sinal de novas diligências, de forma a 'aprofundar a análise do caso, bem como entender se tais preocupações causam efetivamente prejuízo à concorrência ou se algumas delas podem ser consideradas eficiências'", acrescentou, citando trecho do despacho do Cade.
Chinchila ainda afirmou que o mercado aguarda os próximos pontos que serão levantados e avalia que talvez até uma possível mudança no modelo de negócio.
(Com reportagem adicional de Paula Arend Laier)