Casa dos Ventos diz que receita baixa trava venda de ativos da Abengoa no Brasil

Publicado 02.03.2016, 16:10
Atualizado 02.03.2016, 16:20
© Reuters.  Casa dos Ventos diz que receita baixa trava venda de ativos da Abengoa no Brasil

Por Luciano Costa

SÃO PAULO (Reuters) - A desenvolvedora de projetos eólicos Casa dos Ventos não descarta ficar com concessões de transmissão da espanhola Abengoa, após a empresa ter paralisado obras no Brasil por dificuldades financeiras, mas vê a baixa receita das linhas como impeditivo ao avanço das negociações, afirmou nesta quarta-feira o diretor de novos negócios da empresa, Lucas Araripe.

O executivo chegou a participar de reuniões no Ministério de Minas e Energia sobre o assunto, em meio a um movimento do governo federal em busca de investidores que possam assumir as obras e evitar atraso em projetos importantes, como linhas que escoarão a energia da hidrelétrica de Belo Monte e de parques eólicos e solares.

"O governo chamou as empresas de geração e transmissão para analisar (os ativos da Abengoa)... a gente se dispôs a fazer parte da solução. Mas se for algo pelo rito regulatório normal vai ser muito complicado... a receita anual (RAP) dos projetos não faz sentido nenhum", disse Araripe a jornalistas, em encontro promovido pelo Santander.

Ele disse que as empresas espanholas de transmissão, como a Abengoa, atuam também como fornecedoras de serviços na construção das linhas, e essa atividade é justamente a que captura a maior margem de lucro nos empreendimentos.

"A transmissão não era tão rentável (nos projetos da Abengoa), eles teriam mais retorno na construção. O governo está ciente de que vai necessitar de revisão de receita. Nenhum investidor em transmissão quis pegar (as concessões) com a receita atual, nem os chineses", disse.

Nesta semana, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, afirmou que negocia com dois investidores estrangeiros interessados em assumir as concessões da companhia espanhola.

A chinesa State Grid admitiu o interesse, mas disse que não apresentou proposta.

A Folha de S.Paulo noticiou que o segundo investidor seria a canadense Brookfield (SA:BISA3) que, procurada, disse que não comentaria especulações de mercado.

O chefe de project finance do Santander, Diogo Berger, lembrou que a Abengoa ofereceu deságios agressivos nos leilões em que conquistou suas concessões, o que dificulta uma solução agora.

"Por que alguém agora, em um cenário (econômico) pior, faria com essa receita? O governo tem um problema (para arrumar interessados)", apontou.

O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Romeu Rufino, disse à Reuters na semana passada que a retomada das concessões da Abengoa é uma das cartas na mesa, assim como uma revisão do prazo para entrega dos projetos, mas descartou um aumento de receita.

Segundo Araripe, o governo atualmente estuda saídas jurídicas e regulatórias que possam dar segurança a eventuais compradores das concessões, de forma a viabilizar eventuais negócios.

No caso da Casa dos Ventos, haveria interesse em levar adiante concessões da Abengoa que são importantes para escoar a energia de futuros parques eólicos da empresa na Chapada do Araripe, entre Ceará, Piauí e Pernambuco.

"Ali é uma das linhas da Abengoa que estavam (com obras) mais avançadas... A gente está disposto a participar, num consórcio, até como investidor", explicou Araripe, que disse acreditar que o governo chamará as empresas para uma nova rodada de conversas quando houver uma solução mais bem desenhada para o destino das concessões.

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