Por Tatiana Bautzer e Guillermo Parra-Bernal e Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - A companhia energética mineira Cemig (SA:CMIG4) contratou ao menos três bancos de investimento para preparar a venda de pequenas centrais hidrelétricas e uma unidade de distribuição de gás, disseram três fontes com conhecimento direto dos planos.
A iniciativa é parte dos esforços da segunda maior empresa de distribuição de energia do Brasil para reduzir sua dívida.
A Cemig, controlada pelo governo do Estado de Minas Gerais, contratou o Itaú (SA:ITUB4) BBA para preparar a venda da unidade de gás, conhecida como Gasmig, disseram duas das fontes, que pediram anonimato já que o plano é sigiloso. A Cemig espera levantar 1,7 bilhão de reais com a venda da unidade de Gasmig, disseram as fontes.
De acordo com as três fontes, a Cemig também deu mandato ao Banco do Brasil (SA:BBAS3) e ao BTG Pactual (SA:BBTG11) para coordenar a venda de algumas das 24 pequenas centrais hidrelétricas da companhia, todas em Minas Gerais.
A Cemig, Itaú BBA, BB e BTG Pactual não quiseram comentar.
A Cemig está vendendo ativos com retornos decepcionantes ou que demandem muito capital, num esforço para reduzir a dívida, que atingiu mais de 13 bilhões de reais no final de março.
A Reuters publicou recentemente que a Light (SA:LIGT3), controlada da Cemig, está negociando a venda de uma fatia de 16 por cento na Renova Energia (SA:RNEW11), atraindo o interesse das chinesas State Grid, Three Gorges e CGGC Energy.
As ações preferenciais da Cemig subiram 29 por cento no mês passado em meio a especulações sobre a venda potencial de ativos. No ano, os papéis acumulam alta de 35 por cento.
Segundo as três fontes, o governo mineiro, maior acionista da Cemig, não tem dinheiro para injetar na empresa.
Os governos regionais estão lutando com déficits orçamentários recordes, o que levou o governo federal em junho a refinanciar 81 bilhões de reais de dívidas estaduais.
O movimento da Cemig pode dar impulso a uma onda de fusões e aquisições no setor elétrico. A State Grid anunciou na semana passada a compra de 23 por cento da CPFL Energia (SA:CPFE3), maior empresa privada de energia por 5,85 bilhões de reais.