China reage a aumento de tarifas de Trump, EUA mantêm posição

Publicado 11.04.2025, 11:50
Atualizado 11.04.2025, 11:55
© Reuters. Porto de Oakland, EUAn10/04/2025. REUTERS/Carlos Barria

Por Joe Cash e Doina Chiacu e Karin Strohecker

PEQUIM/WASHINGTON/LONDRES (Reuters) - A China aumentou suas tarifas sobre as importações dos Estados Unidos para 125% nesta sexta-feira, revidando a decisão do presidente norte-americano, Donald Trump, de elevar as taxas sobre os produtos chineses e intensificando os riscos de uma guerra comercial que ameaça acabar com as cadeias de oferta globais.

A retaliação da China intensificou a turbulência econômica desencadeada pelas tarifas de Trump, o que fez com que os mercados caíssem e os líderes estrangeiros ficassem em dúvida sobre como responder à maior ruptura da ordem comercial mundial em décadas.

"O risco de recessão é muito, muito maior agora do que há algumas semanas", disse Adam Hetts, chefe global de múltiplos ativos da Janus Henderson.

O governo dos EUA manteve-se firme nesta sexta-feira, divulgando suas discussões com vários países sobre novos acordos comerciais.

"Estamos indo muito bem em nossa POLÍTICA TARIFÁRIA. Muito empolgante para os Estados Unidos e para o mundo!!! Está avançando rapidamente", publicou Trump nas redes sociais.

No entanto, os aumentos tarifários dos EUA e da China podem inviabilizar o comércio de mercadorias entre as duas maiores economias do mundo, segundo analistas. Esse comércio valia mais de US$650 bilhões em 2024.

As ações globais caíam, o dólar recuava e a venda de títulos do governo dos EUA acelerou nesta sessão, reacendendo os temores de fragilidade no maior mercado de títulos do mundo. O ouro, um porto seguro para os investidores em tempos de crise, atingiu máxima recorde.

GUERRA COMERCIAL COM A CHINA

Ao anunciar uma pausa de 90 dias nas tarifas de dezenas de países nesta semana, Trump aumentou as taxas sobre as importações chinesas, elevando-as efetivamente para 145%.

A China revidou com suas próprias novas tarifas nesta sexta-feira, com o Ministério das Finanças dizendo que as novas taxas de Trump são "intimidação e coerção completamente unilaterais".

Pequim indicou que essa seria a última vez que se equipararia aos EUA, caso Trump aumente ainda mais suas tarifas. Mas deixou a porta aberta para que Pequim recorra a outros tipos de retaliação.

"Se os EUA realmente quiserem manter conversações, devem parar com seu comportamento impulsivo e destrutivo", escreveu Liu Pengyu, porta-voz da Embaixada da China nos Estados Unidos, nas mídias sociais. "Para o bem-estar dos chineses e do povo do mundo, para a imparcialidade e a justiça da ordem global, a China nunca se curvará à pressão máxima dos EUA."

Analistas do UBS classificaram a declaração da China de que não retaliaria mais com aumentos de tarifas como "um reconhecimento de que o comércio entre os dois países foi essencialmente rompido por completo".

O representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, disse que não ficou surpreso com as últimas contramedidas da China, mas que elas foram "certamente infelizes".

Trump havia dito a repórteres na Casa Branca na quinta-feira que achava que os Estados Unidos poderiam fazer um acordo com a China e disse que respeitava o presidente chinês Xi Jinping.

Xi, em seus primeiros comentários públicos sobre as tarifas de Trump, disse ao primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, durante uma reunião em Pequim nesta sexta-feira que a China e a União Europeia deveriam "se opor conjuntamente a atos unilaterais de intimidação", em um claro golpe às políticas tarifárias de Trump.

A China assinou dois protocolos de comércio agrícola com a Espanha, abrangendo carne suína e cerejas, na tentativa de consertar sua relação tensa com a UE, o último grande mercado aberto para seus produtos.

CONVERSAS SOBRE COMÉRCIO

O governo Trump ignorou a turbulência do mercado, dizendo que fazer acordos com outros países traria segurança.

Greer, autoridade comercial dos EUA, disse que falaria com seus pares israelenses e taiwaneses na sexta-feira sobre tarifas, depois de manter uma longa discussão com os vietnamitas.

"Há pedaços de papel que vão e voltam à medida que os países chegam e fazem sugestões sobre o que podem fazer para ter um comércio mais recíproco conosco", disse Greer em uma entrevista à Fox News. "Estamos analisando, revisando e nos comunicando com eles e dando-lhes ideias."

Enquanto isso, a Índia e os EUA finalizaram os termos de referência para conversações sobre o primeiro segmento de um acordo comercial bilateral, disse uma autoridade comercial indiana.

E o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, criou uma força-tarefa comercial que espera visitar Washington na próxima semana.

O Vietnã está preparado para reprimir o envio de produtos chineses para os Estados Unidos por meio de seu território, na esperança de evitar tarifas, informou a Reuters com exclusividade.

PAUSA FRÁGIL

A decisão de Trump de suspender as tarifas por 90 dias deu espaço apenas para uma "pausa frágil", disse o presidente francês Emmanuel Macron no X, em parte porque "essa pausa de 90 dias significa 90 dias de incerteza para todas as nossas empresas, em ambos os lados do Atlântico e além".

Os ministros das Finanças da UE debateram nesta sexta-feira como usar a pausa para obter um acordo comercial com Washington, enquanto o comissário de comércio do bloco, Maros Sefcovic, terá conversas com autoridades norte-americanas na segunda-feira em Washington.

(Texto de John Geddie, Ingrid Melander e James Oliphant)

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