Por Joe Cash e Sophie Yu
PEQUIM (Reuters) - O povo chinês, isolado do resto do mundo por três anos devido a restrições rígidas da Covid-19, buscava sites de viagem nesta terça-feira antes da reabertura das fronteiras no próximo mês, mesmo com o aumento de infecções sobrecarregando o sistema de saúde e abalando a economia.
As medidas de "Covid-zero" em vigor desde o início de 2020 --de fronteiras fechadas a lockdowns frequentes-- alimentaram no mês passado a maior demonstração de descontentamento público da parte continental da China desde que o presidente Xi Jinping assumiu o poder em 2012.
A subsequente reviravolta abrupta nas restrições, que atingiu a economia de 17 trilhões de dólares, a segunda maior do mundo, significa que o vírus agora está se espalhando sem controle por todo o país de 1,4 bilhão de pessoas.
As estatísticas oficiais, no entanto, mostraram apenas uma morte por Covid nos sete dias até segunda-feira, provocando dúvidas entre especialistas em saúde e moradores sobre os dados do governo. Os números são inconsistentes com a experiência de países muito menos populosos após a reabertura.
Médicos dizem que os hospitais estão sobrecarregados com cinco a seis vezes mais pacientes do que o normal, a maioria deles idosos. Especialistas internacionais em saúde estimam milhões de infecções diárias e preveem pelo menos um milhão de mortes por Covid na China no próximo ano.
No entanto, as autoridades chinesas estão determinadas a desmantelar os últimos vestígios de sua política "Covid-zero".
Em um grande passo em direção a viagens mais livres --celebrado pelos mercados de ações globais na terça-feira-- a China deixará de exigir quarentena aos viajantes que chegam ao país a partir de 8 de janeiro, disse a Comissão Nacional de Saúde (NHC) na noite de segunda-feira.
“Finalmente parece que a China virou a esquina”, disse o presidente da AmCham China, Colm Rafferty, sobre a eliminação iminente da regra de quarentena.
Não há restrições oficiais para os chineses irem para o exterior, mas a nova regra tornará muito mais fácil para eles voltarem para casa.
Dados da plataforma de viagens Ctrip mostraram que, meia hora após a notícia, as pesquisas por destinos internacionais populares aumentaram 10 vezes. Macau, Hong Kong, Japão, Tailândia e Coreia do Sul foram os mais procurados, segundo a Ctrip.
Dados do Trip.com mostraram que as reservas de voos de saída aumentaram 254% na terça-feira em relação ao dia anterior.
A Administração Nacional de Imigração da China disse na terça-feira que retomaria o processamento de pedidos de passaporte de cidadãos chineses que desejam viajar para o exterior e estava aprovando visitas de residentes da parte continental a Hong Kong.
A China também retomará a implementação de uma política que permite o trânsito sem visto de até 144 horas para os viajantes. A extensão ou renovação de vistos de estrangeiros também será restaurada, acrescentou a administração de imigração.
No entanto, chineses comuns e agências de viagens sugeriam que um retorno ao normal levaria alguns meses ainda, dadas as preocupações com a Covid e gastos mais cuidadosos por causa do impacto da pandemia.