Investing.com – Com o fim do período de divulgação de indicadores financeiros referentes ao terceiro trimestre deste ano, a temporada de balanços foi avaliada de forma positiva por analistas de mercado diante de uma economia forte e emprego robusto, mesmo com taxas de juros mais elevadas. Enquanto companhias de commodities apresentaram dados mistos, empresas domésticas continuam trajetória ascendente, mas com a ressalva de que as bases de comparação do ano passado eram mais fracas.
Os dados do Ibovespa ex-commodities representam expansão anual do lucro por ação (LPA) pelo quinto trimestre, destacou o Bank of America (NYSE:BAC). Excluindo as empresas de commodities, o crescimento da receita na base anual atingiu 12%, o Ebitda 30% e o lucro por ação 32%. Considerando commodities, os aumentos foram de 8%, 5% e 2% respectivamente.
Os principais destaques positivos e negativos
O Bank of America cita como destaques positivos os setores de seguros, processadores de carne, cerveja, vestuário, construtoras, shoppings, comunicação e educação. Enquanto isso, teriam apresentado dados mistos os setores de petróleo e gás, materiais, serviços públicos, transporte, bens de capital, supermercados e tecnologia.
As empresas em cobertura do Santander (BVMF:SANB11) em setores de commodities e cíclico doméstico elevaram a receita líquida em cerca de 10% na base anual, o que, segundo o banco, reflete uma “atividade econômica resiliente no Brasil”.
Setores relacionados a commodities como alimentos e bebidas e petróleo e gás teriam sido destaques positivos, segundo o Santander, assim como alguns domésticos, incluindo educação e construção. Do lado negativo, estariam siderurgia e mineração, conforme os analistas Aline de Souza Cardoso, Luane Fontes e Guilherme Bellizzi Motta.
Considerando a análise por empresa, o Santander citou bons resultados em Itaú (BVMF:ITUB4), Localiza (BVMF:RENT3), Vivara (BVMF:VIVA3), Direcional (BVMF:DIRR3), Yduqs (BVMF:YDUQ3) e JBS (BVMF:JBSS3). Por outro lado, apresentaram dados pressionados Mercado Libre (NASDAQ:MELI), Prio (BVMF:PRIO3), Engie (BVMF:EGIE3), CSN (BVMF:CSNA3), Banco do Brasil (BVMF:BBAS3), Nubank (BVMF:ROXO34) e M Dias Branco (BVMF:MDIA3).
Enquanto isso, a XP (BVMF:XPBR31) enxergou a temporada de resultados como mais favorável do que o esperado e elencou com destaques positivos construtoras de baixa renda, setores imobiliários e shoppings, além do financeiro.
“Olhando para o lucro líquido reportado, 49% superaram nossas estimativas, 28% ficaram em linha e 21% ficaram aquém”, afirmaram os estrategistas Fernando Ferreira e Felipe Veiga, que seguem com a aposta de que o consenso de mercado deve revisar as expectativas de lucros para cima.
O banco BTG (BVMF:BPAC11) considera que, à primeira vista, os resultados (ex-Petrobras & Vale (BVMF:VALE3)) “parecem bons”, com receitas 4,7% acima do esperado, Ebitda 1,9% e lucro líquido 2,2%. “Considerando apenas as empresas domésticas, os resultados também foram bons, com receitas, Ebitda e lucro líquido de 4,3%, 3,3% e 10,2% acima das nossas projeções”, apontam os analistas.
Em relação ao ano passado, o BTG considerou os dados como sólidos, com aumento da receita, desconsiderando Petrobras (BVMF:PETR4) e Vale, de 11,9% ao ano, Ebitda de 8,5% e lucro líquido de 28,4%, o que foi avaliado pelo banco como “impressionante”.
Empresas de commodities com dados mistos
Os dados de companhias de commodities foram mistos, segundo analistas. As receitas teriam subido 9,5% na base anual, lucros 28,6%, mas o Ebitda recuou 1,3% na mesma comparação, informou o BTG sobre as empresas em sua cobertura. No agronegócio, o banco cita como destaques dados de Raízen (BVMF:RAIZ4) e Cosan (BVMF:CSAN3). “A maior parte do crescimento da Raízen foi impulsionada pela expansão do negócio de açúcar e etanol, com maiores volumes compensando menores preços das commodities”, esclarecem os analistas Carlos Sequeira, Leonardo Correa, Osni Carfi e Guilherme Guttilla.
As empresas siderúrgicas teriam apresentado embarques mais fortes e preços de aço realizados mais altos, segundo o BofA, enquanto as companhias de celulose e papel tiveram como drivers procura robusta e um dólar apreciado frente ao real. Por outro lado, o banco cita como destaques negativos as empresas de mineração, com preços realizados mais baixos do minério de ferro.
Empresas nacionais impulsionadas por economia forte
As empresas nacionais tiveram desempenho robusto, na opinião do BTG, com expansão de receita, Ebitda e lucro líquido, aumentando 13%, 18,3% e 20,9%, respectivamente. Esses fortes resultados anuais para empresas nacionais teriam tido como drivers os indicadores de setores como alimentos e bebidas, completou o banco.
A recuperação de empresas domésticas segue, mas diante de comparações fáceis, de acordo com o Bank of America. “As margens operacionais para o varejo e processadores de carne começaram a melhorar há cerca de um ano e o consenso espera que continuem a melhorar nos próximos seis meses. Enquanto isso, o consumo brasileiro se recuperou em 2024, embora possa desacelerar no próximo ano”, concluem os analistas David Beker, Paula Andrea Soto e Carlos Peyrelongue.