SÃO PAULO (Reuters) - A CSN (BVMF:CSNA3) espera conseguir realizar em 2024 dois projetos antigos da companhia, listar ações de sua crescente unidade de produção de cimento e encontrar um sócio para a área de energia reforçada com a aquisição da CEEE-G em 2022, afirmou o diretor financeiro do grupo, Marcelo Cunha Ribeiro, nesta terça-feira.
A companhia tem meta de chegar ao final de 2024 com uma relação dívida líquida sobre Ebitda abaixo de 2 vezes ante um nível de alavancagem obtido ao final de setembro de 2,63 vezes, e para chegar lá a empresa segue com os planos de "reciclagem de capital" que vem preparando há vários trimestres.
O "IPO em cimentos e sócio para energia são os fatores que fazem a conta fechar. Dá para ser feito ao longo de 2024", disse Ribeiro, citando a expectativas de um mercado de capitais "mais forte" no próximo ano, além de melhoria da performance da área de siderurgia após investimentos em reformas e manutenções neste ano.
Mas a empresa não esconde interesse em novas aquisições, especialmente em cimentos, onde adquiriu 10 fábricas do grupo Lafarge-Holcim em 2021, tornando-se a terceira maior produtora do material no Brasil, atrás de Votorantim e Intercement.
Ribeiro afirmou que o setor de cimento segue fragmentado no Brasil e que "não se pode descartar que surjam novas oportunidades tanto em cima quanto embaixo do ranking" dos maiores produtores nacionais.
Há uma semana, a CSN anunciou que contratou o Morgan Stanley (NYSE:MS) para analisar ativos do grupo Intercement, controlado pela Mover Participações, ex-grupo Camargo Corrêa.
"Acreditamos que seriam limitados os pontos e regiões onde teríamos dificuldades em implementar novas oportunidades de crescimento inorgânico", disse o diretor financeiro da CSN sobre o mercado de cimentos no Brasil.
O segmento teve margem Ebitda de 23% no terceiro trimestre, apoiada em alta de preços, enquanto a companhia espera uma evolução em direção a um patamar acima dos 30% nos próximos trimestres. Um ano antes, a margem havia sido de 33%.
SIDERURGIA
No segmento de aço, a CSN avalia que o cenário para demanda e preços da liga no Brasil no quarto trimestre deve ficar estável na comparação com o terceiro, em meio a um ambiente ainda marcado por fortes importações, afirmou o diretor comercial da companhia, Luis Fernando Barbosa Martinez.
"Tem ainda muito material importado no mercado. A tendência é cair até o final do ano essa importação", afirmou o executivo, citando que o chamado prêmio - o quão mais caro é o preço nacional versus o internacional - de aço laminado a quente é de 15% enquanto nos materiais zincados, foco da CSN, está em 27%.
A empresa divulgou na noite da véspera queda de 62% no lucro do terceiro trimestre, com um resultado operacional levemente acima que o esperado pelo mercado. As ações da empresa tinham alta de 6,65% por volta das 13:40, enquanto o Ibovespa mostrava valorização de 2,3%.
A área de siderurgia conseguiu elevar em 26% o volume de placas produzidas no terceiro trimestre sobre o segundo, no que o presidente-executivo, Benjamin Steinbruch, citou como "retorno da normalidade" para a divisão marcada por gargalos operacionais na primeira metade do ano.
Steinbruch afirmou que a expectativa da CSN é melhorar o volume de produção, com redução de custo, no atual trimestre. A empresa conseguiu reduzir o custo de placa no terceiro trimestre em 13,4% sobre o segundo, para 3.563 reais por tonelada, e os dados de outubro "mostram números mais baixos que esses 3.500", disse o diretor financeiro.
"A margem, sim, vai ter direção bem positiva no quarto trimestre, buscando duplo dígito ao longo dos próximos trimestres" disse Ribeiro sobre a divisão de siderurgia. No terceiro trimestre, a margem Ebitda da área foi de 3,4%, ante 16,3% um ano antes.
O presidente da CSN também se juntou ao coro de executivos do setor siderúrgico nacional, que inclui Gerdau (BVMF:GGBR4), Usiminas (BVMF:USIM5) e ArcelorMittal, que cobram do governo a adoção de tarifa de 25% sobre importação de aço. "Já é tempo de o governo tomar atitudes duras para proteger o emprego e o crescimento da economia."
(Por Alberto Alerigi Jr.; )