Por Senad Karaahmetovic
Analistas da Wells Fargo acreditam que o CEO da Disney BDR (BVMF:DISB34)(NYSE:DIS), Bob Iger, se concentrará em conteúdo e racionalização de custos no curto prazo. No entanto, parece improvável que o retorno do executivo tenha como foco apenas corte de custos, um processo iniciado pelo ex-CEO, Bob Chapek, de acordo com os analistas em uma nota emitida aos clientes.
Em sua visão, Iger voltou “para fazer grandes mudanças”. Os analistas argumentam que, no longo prazo, o CEO pode exigir uma reformulação do portfólio.
“Lembre-se de que Iger transformou a DIS no que ela é hoje: uma franquia líder em propriedade intelectual com escala global. A ESPN, tradicionalmente a 'vaca leiteira', não é propriedade intelectual nem global como o resto do DIS. Com tendências lineares e esportivas divergindo da propriedade intelectual principal, acreditamos que é cada vez mais lógico haver uma separação da unidade”, complementaram.
Ao falar sobre por que a separação da ESPN e ABC faz sentido para Iger e Disney, os analistas disseram:
“Acreditamos que os investidores estão cada vez mais desanimados ao tentar determinar a velocidade com que as Redes Lineares - a maioria das quais é ESPN/ABC - estão diminuindo à medida que os lucros da DTC aumentam. A separação da ESPN/ABC fornece uma descoberta de preço para o ativo a um múltiplo de 6-7x VE/EBITDA, permitindo que a DIS tenha uma operação mais pura em propriedade intelectual global e streaming.”
No entanto, antes que a Disney consiga separar a ESPN e a ABC, será necessário tomar várias iniciativas.
“Primeiro, pensamos que a ESPN pode ir 'à la carte' para o streaming, já que essa medida já deveria ter sido tomada diante da queda acelerada da TV a cabo. Isso pressiona os fluxos de caixa lineares da ESPN/ABC e as redes lineares não ESPN/ABC da DIS (que são de alta margem). Em segundo lugar, a DIS precisa trabalhar bastante na racionalização de custos para aliviar o peso de perder lucro e caixa da ESPN/ABC. Em terceiro lugar, a DIS pode considerar uma venda do Hulu para reforçar o balanço e amenizar os temores das agências de classificação”, acrescentaram os analistas.
Se esse for o caminho a ser seguido pela Disney, a empresa poderá se concentrar em sua estratégia de propriedade intelectual, enquanto a ESPN pode procurar maneiras de monetizar melhor os esportes, o que os analistas da Wells Fargo acreditam ser "cada vez mais complicado".
Em conclusão, eles argumentam que a ESPN dentro da Disney é “tem uma conexão cada vez menos lógica com o portfólio com o passar do tempo”. Os analistas acreditam que esse cenário é “razoavelmente provável” para o final de 2023.
Mesmo assim, reiteraram a recomendação de compra e o preço-alvo de US$ 125 por ação.