SÃO PAULO (Reuters) - A entidade que representa distribuidores de aços planos no Brasil, Inda, avalia como "muito difícil" as usinas siderúrgicas conseguirem implementar qualquer aumento de preço no material vendido a eles em setembro, diante do contexto de demanda fraca no mercado interno e abundância de importações.
No início do mês, o diretor comercial da CSN (BVMF:CSNA3), Luis Fernando Martinez, afirmou em conferência com analistas que a empresa avaliaria a chance de um aumento de preço em aços planos no Brasil em setembro, avaliando que há uma tendência de incremento nos valores cobrados pelo material no mercado internacional.
"As condições no momento não estão colocadas para que isso aconteça", disse nesta quinta-feira o presidente do Inda, Carlos Loureiro, a jornalistas, quando questionado sobre os planos mencionados pela CSN. "Vejo muita dificuldade de aumento (de preços no Brasil) em setembro", acrescentou.
Os distribuidores venderam um volume 1,6% menor de aço plano em julho ante o mesmo mês do ano passado, a 310,2 mil toneladas, segundo os dados do Inda, mas na comparação com junho houve crescimento de 9%, acima da expectativa de 3% divulgada pela entidade anteriormente.
"O mercado está muito brigado. Os associados estão se queixando de preços muito baixos, obrigando margens muito pequenas", afirmou Loureiro sobre a venda de aço pelos distribuidores a clientes finais.
Segundo ele, o chamado "prêmio", o quão mais caro o aço nacional é em relação ao importado, está em 18% a 20%, ainda elevado considerando uma média histórica na casa dos 10%, o que ainda tem potencial de estimular importações. Apesar disso, a diferença mostra significativo recuo ante o nível que chegou a 30% em julho, segundo os dados do Inda.
"Tem poucos fechamentos (de contratos) de importação agora. O material que está chegando nos portos é fruto dos prêmios mais altos de um tempo atrás", afirmou o presidente do Inda.
Os distribuidores terminaram julho com estoque suficiente para 2,7 meses de vendas, a 841,6 mil toneladas, volume 1% menor que junho, mas ainda considerado elevado pelo setor.
(Por Alberto Alerigi Jr.)