o dólar operou em alta ante a maioria de suas moedas rivais nesta segunda-feira, 19, mas recuou na comparação com o iene japonês, em meio à busca de investidores por ativos seguros. O clima de cautela nos mercados ocorre pela disseminação da variante delta do coronavírus, que ameaça a recuperação da economia global em 2021. Divisas de economias com alta dependência da exportação de commodities registraram fortes quedas, após a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) decidir aumentar sua oferta a partir de agosto.
O índice DXY, que mede a variação do dólar ante seis pares, avançava 0,17% às 17h17 (de Brasília), aos 92,843 pontos. No fim da tarde em Nova York, o euro recuava a US$ 1,1800, a libra depreciava a US$ 1,3666 e o dólar cedia a 109,50 ienes.
"Os mercados estão inquietos com a rápida disseminação da cepa delta", segundo define o analista sênior Joe Manimbo, do Western Union, ao explicar a corrida por segurança que beneficiou dólar e iene hoje.
Líder técnica da resposta da Organização Mundial da Saúde (OMS) à pandemia de covid-19, Maria Van Kerkhove afirmou que a variante já circula em 111 países. Apesar de mais contagiosa, ainda não há indícios de que a delta provoque casos mais graves da doença, segundo disse a epidemiologista. Ainda assim, ela alertou para a sua presença em ambiente com mobilidade social, aglomerações e retirada de restrições.
A retirada nesta segunda-feira das restrições à atividade no Reino Unido não inspirou "confiança no investidor", diz Manimbo, já que as infecções por covid-19 no país seguem em alta. Em coletiva de imprensa, o premiê Boris Johnson afirmou que o governo vai impor a vacinação aos britânicos que quiserem participar de grandes eventos e ir a ambientes aglomerados, como boates.
Contrariando o movimento de moedas desenvolvidas, o euro chegou a virar para o positivo no confronto ante o dólar hoje, em movimento que não se sustentou. Ainda assim, a divisa comum terminou o dia com desempenho melhor que o de outros pares. De qualquer forma, o Rabobank estima que o euro tem mais território para enfraquecer no futuro próximo, de olho na provável manutenção dos estímulos monetários pelo Banco Central Europeu (BCE), após reunião do comitê que termina nesta quinta-feira (22). No radar, também está a eleição para substituir Angela Merkel no cargo de chanceler da Alemanha, em setembro.
Também repercutiu no mercado cambial a decisão da Opep+ de aumentar sua produção em 400 mil barris por dia (bpd) mensais, a começar em agosto. A notícia contribuiu para que os contratos da commodity despencassem no mercado futuro, pesando sobre moedas de economias que exportam o óleo. Entre elas, o dólar se fortalecia a 1,2755 dólares canadenses, a 14,6109 rands sul-africanos e a 20,0876 pesos mexicanos.