Por Senad Karaahmetovic
Os índices futuros nos EUA registravam leve alta antes da abertura desta quinta-feira, 23, com os investidores digerindo as declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, sobre as ações futuras do banco central americano.
O Fed elevou os juros em 25 pontos-base (pb), para a faixa de 4,75% a 5%, como era amplamente esperado, mas as ações recuaram cerca de 2,5% desde as máximas da sessão, depois que Powell reiterou que o combate à inflação não havia terminado.
“Ainda precisamos percorrer um longo caminho no processo de convergência da inflação para 2%”, disse Powell aos jornalistas.
Além disso, a afirmação de que não estavam previstos cortes de juros no cenário-base do banco em 2023 acabou provocando uma liquidação de papéis no mercado acionário. Outra razão para a queda das ações ontem foi a declaração da secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, de que as autoridades não estavam considerando um seguro geral para todos os depósitos bancários.
De acordo com a ferramenta Monitor de Taxa de Juros do Fed, do Investing.com, os operadores consideram uma possibilidade de 56% de que o banco central dos EUA eleve as taxas em mais 25 pontos-base em maio.
As projeções atualizadas da instituição mostram que os juros devem atingir o pico de 5,1% ao final de 2023. A mediana para 2024 é que as taxas fiquem em 4,3%, o que implica cortes de 75 pb no próximo ano, em vez de 100 pb, como indicado em dezembro.
Quais serão as próximas ações do Fed?
Confira a seguir como os principais economistas de Wall Street encararam o anúncio do Fomc, comitê de política monetária dos EUA, bem como os comentários de Powell na coletiva de imprensa:
Citi:
“Embora também esperemos uma queda do crescimento devido ao aperto das condições de crédito, os dados de inflação, em particular nos próximos meses, devem permanecer desconfortavelmente fortes, tornando difícil para o Fed interromper os aumentos das taxas. Continuamos esperando uma taxa terminal de 5,50-5,75%, mas essa projeção dependerá dos próximos dados a serem divulgados.”
JPMorgan:
“Nossa expectativa é que haja mais um aumento de 25 pb em maio nos juros, seguido de uma pausa prolongada, antes de uma flexibilização no 2º tri de 24”.
UBS:
“Vimos um banco central mais cauteloso do que aquele que sinalizou aumentos de juros em 2022. Dessa forma, reduzimos nossa projeção para a taxa terminal em 25 pb e consideramos que não haverá mais aumentos a partir de junho, devido à cautela do Fomc e ao enfraquecimento da economia, além de dados de inflação mais fracos, segundo nossas análises. Em outras palavras, consideramos que o Fomc anunciará apenas mais uma alta de juros de 25 pb em maio”.
BofA (NYSE:BAC):
“Concordamos que teremos pela frente um certo grau de aperto inesperado nos padrões de empréstimos dos bancos. Em outras palavras, a economia dos EUA pode ver uma restrição maior de crédito do que se poderia depreender dos fundamentos macroeconômicos. Dessa forma, não esperamos mais um aumento adicional das taxas em junho e prevemos que a taxa terminal ficará na faixa de 5,0-5,25% a partir de maio”.