Por Letícia Fucuchima
SÃO PAULO (Reuters) - A companhia de energia portuguesa EDP (BVMF:ENBR3) concentrará seus investimentos no Brasil em distribuição e transmissão de energia, com previsão de aportes de até 12 bilhões de reais nessas áreas até 2030, enquanto analisa novas oportunidades de negócios principalmente em baterias, disse nesta quarta-feira o CEO para América do Sul, João Marques da Cruz.
Em conversa com jornalistas, o executivo ressaltou que o grupo está aumentando o patamar de investimentos em suas duas concessionárias de distribuição, que atuam nos Estados de Espírito Santo e São Paulo, com foco na resiliência das redes para enfrentar eventos climáticos extremos.
A previsão é de investimentos de 5 bilhões a 6 bilhões de reais nas concessionárias nos próximos cinco anos, "três vezes" a depreciação dos ativos.
A EDP é a primeira empresa programada para assinar com o governo federal a renovação de uma concessão de distribuição de energia sob novas regras, que priorizam o consumidor e aumentam a cobrança sobre as empresas por melhor prestação de serviços.
Segundo Marques da Cruz, a assinatura da prorrogação contratual da EDP Espírito Santo deverá ocorrer "em abril ou maio" do próximo ano.
A forma do novo contrato de concessão ainda está em avaliação no âmbito da agência reguladora Aneel, mas o processo está evoluindo conforme cronograma esperado, avaliou o executivo.
O CEO da EDP para América do Sul afirmou que o grupo está disposto a crescer no segmento de distribuição e analisará eventuais oportunidades de aquisição que vierem a mercado.
Na transmissão de energia, a companhia portuguesa também tem uma meta de investir 5 bilhões a 6 bilhões de reais, mas a execução desses aportes depende de conquistar novos lotes em leilões, apontou Marques da Cruz.
BATERIAS NO FOCO PARA FUTURO
O executivo da EDP também destacou o interesse do grupo em participar do leilão programado pelo governo brasileiro para contratar baterias e sistemas de armazenamento para o setor elétrico brasileiro.
Ele destacou a companhia já tem expertise no segmento, inclusive com projeto em estágio avançado no Chile, e contato com fornecedores, o que facilitaria sua participação no certame.
O Ministério de Minas e Energia divulgou sua intenção de realizar o certame em 2025, mas ainda não publicou oficialmente sua proposta, que passará por consulta pública.
Na geração de energia renovável, ele apontou que os preços atuais da energia para o longo prazo dificultam a viabilidade de novos projetos com rentabilidade adequada.
A companhia tem em construção atualmente quatro grandes usinas solares e continuará atuando nesse segmento, inclusive na geração distribuída fotovoltaica, ressaltou Marques da Cruz.
Em relação ao processo de venda de suas hidrelétricas Jari e Cachoeira, a EDP está aguardando ofertas de interessados que "cheguem no preço", disse o CEO, ressaltando que a empresa "parará por aí" e não deve se desfazer de mais usinas no momento.
(Por Letícia Fucuchima)