HAMBURGO/DUBAI (Reuters) - O comprador estatal de commodities do Egito, GASC, está em negociações para comprar 30 cargas ou até 1,8 milhão de toneladas métricas de trigo de países que incluem a Rússia, disseram traders da Europa e do Oriente Médio.
As negociações ocorrem depois que o país, um dos maiores importadores de trigo do mundo, não conseguiu comprar suprimentos de outubro de 2024 a abril de 2025 de uma só vez, na segunda-feira, por meio de sua maior licitação.
O Egito buscou fixar preços relativamente baixos para o trigo com a licitação gigante, mas só aceitou ofertas de menos de um décimo do que precisa.
As negociações para suprimentos diretos equivaleriam a pouco menos da metade dos 3,8 milhões de toneladas que a GASC buscou comprar na licitação.
O trigo da Rússia, o principal fornecedor do Egito, estaria entre as origens envolvidas nas negociações, mas não ficou claro se o trigo de outros países também poderia estar envolvido.
A Rússia, o maior exportador de trigo do mundo, tem aumentado sua presença no Oriente Médio e em outros mercados emergentes, pois pretende aumentar as exportações agrícolas em 150% até 2030.
O presidente russo, Vladimir Putin, estabeleceu um relacionamento próximo com o colega egípcio Abdel Fattah El-Sisi, que em março foi um dos líderes mundiais a parabenizar Putin por sua reeleição. Além disso, a Rússia está construindo a usina nuclear de Dabaa, no valor de 30 bilhões de dólares, no Egito.
As negociações seguem a compra pela GASC de apenas 280.000 toneladas de trigo em uma licitação internacional de até 3,8 milhões de toneladas na segunda-feira.
A pressão do Egito para atrasar as condições de pagamento na licitação de segunda-feira, em suas tentativas de garantir grandes suprimentos de trigo a preços favoráveis, resultou em uma compra muito menor e mais cara do que o previsto, disseram os comerciantes.
(Reportagem de Michael Hogan em Hamburgo, Sarah El Safty em Dubai e Olga Popova em Moscou)