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ENTREVISTA: Com boom da IA, veja os planos da Nvidia no Brasil e na América Latina

Publicado 22.02.2024, 17:59
© Reuters

Investing.com – A Nvidia ganhou os holofotes nos últimos dias, após um balanço que surpreendeu o mercado, impulsionado pelo avanço da inteligência artificial (IA), graças à alta demanda por seus chips projetados, em meio à onda de plataformas como o ChatGPT – o que fez a companhia se tornar a ação mais negociada em Wall Street e seu mercado cruzar a fronteira do trilhão de dólares.

Adoção generalizada de IA gerativa, a expansão dos negócios de software, as parcerias estratégicas e a adaptação regulatória foram alguns destaques da conferência de resultados da Nvidia, que apresentou dados acima do esperado.

Ainda que o Brasil e a América Latina caminhem a passos lentos para a inserção no mercado do IA, atrás de Estados Unidos, por exemplo, as possibilidades não faltam. Saúde, logística, mercado financeiro e indústria são alguns dos setores que podem ser beneficiados com aplicações em IA, segundo Marcel Saraiva, gerente de vendas da divisão Enterprise da Nvidia no Brasil.

No Brasil, a tendência é capacitar o ecossistema e trabalhar em projetos com empresas, entidades e startups. Enquanto isso, o especialista pondera que faltam estratégias centralizadas pelos próprios governos para fomentar o uso de IA nesta região.

Investing.com – Quais parcerias ou pesquisas a Nvidia tem no Brasil?

Marcel Saraiva – A Nvidia é uma empresa global, por isso a gente acaba tendo diversos tipos de parcerias e atuações. Do ponto de vista do lado enterprise, o nosso foco está muito em habilitar o ecossistema, trabalhar com os clientes finais, bancos, hospitais, Petrobras (BVMF:PETR4), área da indústria, educação; a gente tem um papel enorme aqui dentro de universidades e centro de pesquisa. Um olhar voltado aos usuários das nossas tecnologias. Ao mesmo tempo, eu faço toda uma interação com todo o ecossistema de fornecedores de computadores, servidores, de serviços, nuvem. A gente vai fomentando essas empresas e essas entidades.

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Além disso, a empresa possui um papel bem interessante com o mundo de startups. Temos um programa global hoje para essas empresas que possui em torno de 17.000 startups globalmente e, no Brasil, são cerca de 400 que participam. A gente as capacita, ajuda, apresenta para novas empresas. Enfim, tem todo um trabalho diário nosso de fomentar esse ecossistema para desenvolver e trabalhar nos negócios.

Investing.com – Poderia detalhar a parceria com a Petrobras?

Saraiva – Essa é umas das parcerias mais antigas que a gente tem aqui no Brasil. A Petrobras tem desafios gigantescos, e quando há problemas grandes é onde a Nvidia gosta de atuar, e toda essa parte de exploração e produção de petróleo no Brasil é muito complexa, porque normalmente vem de águas profundas. Perfurar no meio do oceano, a quilômetros de profundidade, é uma tarefa de engenharia muito difícil, por isso a Petrobras desenvolve uma série de técnicas que envolvem principalmente softwares para justamente otimizar esse processo. E como eles trabalham com uma quantidade gigantesca de dados. O poder computacional para fazer esses dados serem processados para chegar a uma conclusão ou tomar uma decisão é fundamental.

Desde 2006, a Petrobras e a Nvidia trabalham numa colaboração justamente para otimizar esses softwares para que, na hora que eles precisam processar, eles tenham o máximo de desempenho possível. Isso acarreta o investimento da Petrobras em supercomputadores. Ela vem fazendo isso já com uma certa frequência, eu acho que ela já tem 4 ou 5 supercomputadores que estão na lista dos mais poderosos do mundo. Ela usa esses computadores justamente para processar essa quantidade de dados enorme com a tecnologia da Nvidia.

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É uma colaboração que, no final, todo mundo acaba tirando benefício. Ela usa nossa tecnologia, é um trabalho a longo prazo constante, mas sem dúvida gratificante porque traz resultados muito importantes.

Inv.com – Como a empresa vê o crescimento dos investimentos em IA no país e na América Latina?

Saraiva – Aqui no Brasil e América Latina, a gente sempre está correndo atrás do que acontece lá fora. É sempre um desafio poder acompanhar, principalmente a velocidade dos investimentos que vem acontecendo. Do nosso ponto de vista, existem algumas áreas que a gente precisa ter uma certa atenção, quando somos comparados com outros países.

Existe uma discussão, uma diretriz, em que alguns pais estão buscando ter soberania e a inteligência artificial, que eles possam ter a capacidade dentro do próprio país de desenvolver, criar soluções ou investir em tecnologias que possam trazer um benefício para o próprio país. A gente já viu isso acontecendo no Canadá, na França, na Índia, obviamente Estados Unidos e na América Latina ainda estamos um pouco atrás.

Falta uma diretriz, principalmente quando se trata de governos federais no México, Colômbia, Brasil, Argentina. É importante criar essa estratégia para que os investimentos depois de Inteligência Artificial não fiquem só nas empresas, no mundo corporativo, que isso possa permear toda a sociedade, em todo o país.

No Brasil, estamos um pouco atrás. A gente tem feito boas conversas. Por exemplo, no Estado de Goiás, há o centro de Inteligência Artificial com Universidade Federal de Goiás, que tem investido constantemente. A gente assinou um acordo bem legal com eles de colaboração.

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A gente teve na semana passado um anúncio junto ao governo do Uruguai. Eles entraram no nosso programa, e a gente começa a colaborar com eles para dar uma direção para resolver problemas do Uruguai.

Isso vem acontecendo uma velocidade um pouquinho mais lenta do que em outros países, mas é algo que a gente acredita que vai acontecer agora, por razões meio óbvias, pois o mundo inteiro está correndo atrás desse tipo de estratégia e acreditamos que isso vai de alguma forma refletir para a gente em breve.

Inv.com – Em entrevista anterior, a empresa mencionou que o país não deve contar com produção em fábrica de semicondutores no Brasil. Mantém esse entendimento?

Saraiva – A Nvidia não tem fábrica, mas faz o design e o projeto dos chips. Temos contratos com empresas como a TSMC, que são fornecedores, os fabricantes, subcontratamos eles.

Olhando o Brasil como um todo, é muito complexo ter fábrica de chips no Brasil, é um investimento altíssimo. A própria TSMC está fazendo uma expansão, ela é de Taiwan, agora está ampliando as fábricas nos Estados Unidos e o nível de investimento é altíssimo.

Para o Brasil receber esse tipo de infraestrutura de investimento, é muito complexo, porque a gente está muito atrás em logística, espaço físico, conectividade, escoamento da produção.

O chip da Nvidia, que hoje é o mais vendido, tem mais de 35 mil componentes. Toda essa cadeia de produtividade, se ela não tiver muito bem organizada, não é possível fabricar o chip. Não adianta ter uma fábrica aqui e não conseguir alimentar ela com os produtos. A nossa cadeia de produção, deixa o Brasil bem para trás num cenário de produção.

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Isso não é um problema para a gente, porque temos condições de trazer e fabricar equipamentos aqui no Brasil. O mais importante é a camada de aplicação que a gente vai colocar por cima desses chips e há uma oportunidade gigantesca, porque está mais relacionado a capacidade intelectual, resolver problemas locais, algo que dificilmente empresas de fora conseguem fazer. Tem que ser feito no Brasil. É um mix, mas na parte do chip mesmo, do hardware, com certeza para a gente é muito difícil.

Inv.com – Quais os desafios para Inteligência Artificial ganhar mais força no Brasil?

Saraiva – A gente tem algumas características no Brasil interessantes. Conversando com equipes globais, apontamos que é preciso ter dados para fazer alguma coisa com inteligência artificial e o Brasil gera muito dado em diversas áreas, como por exemplo o Sistema Único de Saúde (SUS). A gente tem tudo centralizado. É o sonho de consumo de qualquer projeto de inteligência artificial. Temos essas informações, mas não sabemos apontar claramente qual problema precisa ser resolvido, qual tecnologia ou aplicar e qual impacto de resolver esse problema.

Inv.com – Quais os diferenciais dos chips hoje e Nvidia, quais seriam mais demandados para IA?

Saraiva – Um chip chamado H100 é o carro-chefe das soluções de Inteligência Artificial. O grande diferencial dele é que consegue resolver tarefas muito complexas de forma muito rápida numa escala gigantesca. Consegue conectar milhares desses chips em supercomputadores e resolver os problemas da forma mais rápida possível, tendo eficiência computacional, redução do consumo de energia.

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As empresas, as organizações e países que estão investindo nessa tecnologia justamente precisam resolver esses problemas de forma rápida. Só que como a quantidade de dados é muito grande, eles precisam de muita capacidade computacional; isso faz com que sejam construídas o que a gente tem chamado de fábricas de inteligência artificial que acabam tendo um papel crítico e importante na operação dessa Nova Revolução Industrial.

Na época que começou a Revolução Industrial com a máquina a vapor, não tinha um operário que trabalhava naquela máquina. Teve um processo de preparar e criar essa mão-de-obra para trabalhar na indústria. A mesma coisa está acontecendo no mundo da inteligência artificial.

Essas fábricas com hardware estão sendo construídas nesse momento, mas vai ter toda uma demanda de capacitação para justamente preparar as pessoas para trabalharem desse novo ecossistema. Temos programado agora paro dia 18 de março o GTC que é o GPU tecnológico da Nvidia, em Santa Clara, que terá centenas de treinamentos, centenas de palestras, justamente pela ampliar essa capacidade intelectual desse ecossistema.

Inv.com – Ainda existe pressão na cadeia global de semicondutores? Como vê o cenário atual de disputa sobre semicondutores entre EUA e China?

Saraiva – A gente sofreu um impacto nos últimos dois trimestres justamente por conta de regulamentações do governo americano, que proíbe, por exemplo, vender H100 para China.

A Nvidia segue à risca qualquer regulamentação de qualquer país, por isso a gente não pode vender esse tipo de produto lá. Gera um impacto a curto prazo, mas a gente busca soluções. Nesse momento, estamos desenvolvendo um novo chip que atende a regulamentação, está autorizado pelo governo americano, estamos tentando habilitar ele no mercado chinês, enviando amostras, fazendo testes com clientes na China, para que uma vez a tecnologia validada, a gente consiga brigar também pelo mercado de chips dentro da China.

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A dinâmica para empresas globais muda o tempo todo. Estamos atentos para seguir ao máximo a regulamentação, mas a gente tenta rapidamente suprir, com alternativas técnicas, que habilitem a gente a fazer negócio.

Obviamente que a demanda está muito alta entre em outros países, por isso esse impacto de não vender para a China não trouxe tantos problemas para a gente. Mas, sem dúvida, é um mercado importante que a gente continua buscando atender de alguma forma, sempre seguindo as regulamentações internacionais e de negócios.

Inv.com – A empresa enfrenta dificuldades para atender à demanda mundial por chips para data centers e IA?

Saraiva – A gente começa a ver como tendência que algumas aplicações principalmente de inteligência artificial demandam uma alta capacidade de processamento e o tempo de resposta para resolver uma tarefa complexa muito alta. Se esses data centers, entre si, tiverem distantes do usuário, a tendência é que a resposta demore mais para acontecer e que a interação da aplicação não seja tão fluida, por isso a gente começa a ver um investimento das empresas de montar data centers regionais para poder suprir essa demanda de usuários e aplicações locais.

Existe uma tendência de trazer investimento para o Brasil para construção desses data centers, que naturalmente vai gerar receita para quem fabrica data center, para quem fornece comunicação entre o data center e o usuário, para quem opera, tem todo esse ecossistema. Até os fornecedores dos equipamentos do data center, as grandes marcas, como Dell, Lenovo, que fabricam servidor, ela vai fazer a montagem aqui no Brasil e a entrega para eles aqui no país, então isso para a gente é bem interessante, porque fomenta a indústria brasileira. A tendência é que essas aplicações cada vez mais tragam esse tipo de demanda.

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Inv.com – Que mensagem vocês gostariam de deixar de tanto para os investidores quanto para o mercado?

Saraiva – A gente está vivendo uma transformação muito interessante no mercado de tecnologia. Normalmente, essas transformações são impactadas por uma força empurrando. Hoje, estamos vivendo um momento em que duas grandes forças estão movendo a tecnologia computacional. Uma é a computação acelerada, que a Nvidia já vem fazendo desde a sua fundação em 1993, que obviamente ia crescendo num passo um pouco mais cadenciado porque eram aplicações um pouco mais trabalhadas de nicho de mercado que tem uma demanda imprevisível. Nesse cenário de IA gerativa, há a combinação de duas forças, há o nosso crescimento exponencial e o crescimento de empresas que estão no entorno desse ecossistema para fornecer. Acho que é um é um momento quase que único na história da tecnologia quando há duas grandes forças atuando num único mercado.

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