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Entrevista com Marcel Saraiva, da Nvidia: “A gente está só na ponta do Iceberg”

Publicado 01.09.2024, 21:34
Atualizado 02.09.2024, 07:15
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Investing.com – A expansão acelerada do mercado relacionado à inteligência artificial trouxe questionamentos sobre uma bolha, mas players do setor como Nvidia (NASDAQ:NVDA) entendem que o crescimento é sustentável. “A gente está só na ponta do iceberg”, destaca Marcel Saraiva, gerente de vendas da divisão Enterprise da Nvidia no Brasil.

“Não é algo que a gente enxerga que vai ser um tiro de curto prazo ou algo que vai desaparecer rapidamente. Pelo contrário, a gente imagina que isso vai ter uma tendência de longevidade. Obviamente que tem alguns picos de crescimento, normalmente quando tem uma grande redução, como foi que a gente teve recente com a IA generativa, que dá realmente esse pico, mas é algo sustentável”, reforça o representante local da companhia.

Com inovações relacionadas as áreas de IA, carros autônomos, IA generativa, cidades inteligentes e metaverso, as expectativas dos investidores são elevadas – e os últimos resultados da Nvidia, ainda que com expansão robusta, não foram o suficiente para animar os investidores no pregão pós-balanço, pois as projeções de receitas representariam um crescimento mais lento frente a trimestres anteriores.

Analistas, no entanto, indicam como novos drivers de receita da empresa, conhecida por suas unidades de processamento gráfico (GPUs), produtos Blackwell e Hopper, além da do impulso na demanda global por modelos de IA, com IA generativa se tornando central para operações de empresas e governo, principalmente para elevar a produtividade.

“A expectativa é de que a gente tenha um volume incremental de receita em cima dessa nova plataforma, que tem muito mais poder computacional, ela é muito mais eficiente”, destaca Saraiva sobre a Blackwell.

Sobre o cenário do desenvolvimento de tecnologias relacionadas no Brasil, Saraiva elogiou o anúncio do Plano brasileiro de IA, que deve ter supercomputador e investimento de R$ 23 bilhões em quatro anos, de acordo com o governo.

O desenvolvimento de tecnologias como data centers no Brasil é visto com bons olhos pelo especialista, diante das possibilidades de geração de energia robustas no mercado local.

“Então o consumo energético é algo crítico. Quando você está numa região como o Brasil, em que há a produção de energia limpa, talvez uma das matrizes energéticas mais limpas no planeta, acaba também uma oportunidade gigante, onde empresas que buscam essa eficiência energética para trabalhar da melhor forma possível começam a olhar para o Brasil como um bom lugar para receber esse tipo de solução”, destaca.

LEIA MAIS: Nvidia: apesar de desafios na linha Blackwell, analistas mantêm otimismo

Confira a entrevista completa:

Investing.com – Como a empresa avaliou a recepção dos investidores ao seu resultado? As expectativas estão muito elevadas?

Marcel Saraiva – O mercado é o mercado, é a única coisa que a gente, graças a Deus, não tem controle nenhum. É ele que indica o ritmo. Mas, do nosso lado, a gente ficou bem contente com os resultados. Mais uma vez, tivemos um trimestre recorde, tanto de receita como de crescimento.

A projeção para o próximo trimestre também é bem positiva. Então, eu acho que foi um trimestre bem agitado, num momento que todo mundo espera que a Nvidia continue e a gente continua entregando. Então, batemos a marca histórica de 30 milhões de receitas no único trimestre. É a primeira vez na história. Então, foi um trimestre muito produtivo, muito bom e com expectativas boas para o futuro. Estamos vivendo uma expectativa de uma transição de tecnologia. Temos novos produtos chegando ao mercado, que devem chegar no último trimestre. Então, tem uma jornada, um caminho sendo traçado muito interessante e a gente vê com ótimas possibilidades os próximos trimestres.

Temos a plataforma Blackwell, que a Nvidia anunciou em março desse ano. A gente já tem vários parceiros nossos que estão fabricando esses produtos. Então, começamos a fazer a entrega deles já no quarto trimestre desse ano. A expectativa é de que a gente tenha um volume incremental de receita em cima dessa nova plataforma, que tem muito mais poder computacional, ela é muito mais eficiente.

E as empresas que têm grandes problemas para resolver já estão buscando esse tipo de tecnologia. Então, nesse mundo de semicondutores, as transições são sempre complexas, porque são novas tecnologias, envolve uma cadeia de fornecimento gigantesca de produtos extremamente complexos.

Então, tem todo um cuidado para fazer da forma mais tranquila possível para que não tenha nenhuma disrupção no fornecimento. E a gente tem uma expectativa muito boa para continuar as atuais ações que são o que vem gerando a nossa receita, mas também trazendo essa nova plataforma já no último trimestre do ano que vai trazer um ganho adicional.

Inv.com – Em entrevista recente, você disse não acreditar em uma bolha em inteligência artificial (IA). Quais fatores indicam um crescimento sustentável, em seu entendimento, e da Nvidia em geral?

Saraiva – A gente começa a perceber alguns cenários. Vou voltar um pouquinho para o conceito. A inteligência artificial, sempre que ela é criada, implementada, passa por dois momentos. O momento da criação desses modelos, que a gente chama de treinamento, ou seja, onde você ensina essa inteligência sobre algum tema, sobre alguma tarefa, depois tem um segundo momento em que você a põe efetivamente para trabalhar, que é a partir da inferência.

Hoje, a gente vive muito o momento da criação. São centenas, milhares de empresas trabalhando para a criação dessa solução. E a tendência é que isso acaba muito em breve, conforme ela for criada, ela passa a ser colocada em produção.

E então tende a continuar precisando de recursos computacionais. Olhamos para um caminho, quando há esse processo da inteligência artificial, de ser algo mais a longo prazo. Não simplesmente um uso e pronto, acabou, eu criei a minha inteligência e não vou precisar mais de poder computacional. Não é assim que funciona.

Começamos a ver já alguns produtos e soluções interessantes chegando ao mercado, trazendo uma noção boa, que gera automaticamente uma demanda computacional de data center para que isso seja entregue a maior quantidade de usuários possível.

E, ao mesmo tempo, outras empresas vão copiando as novas soluções ou otimizando as soluções atuais. Então fica nesse ciclo virtuoso, justamente ele vai se alimentando de novas informações, de novas soluções, e vai crescendo.

Não é algo que a gente enxerga que vai ser um tiro de curto prazo ou algo que vai desaparecer rapidamente. Pelo contrário, a gente imagina que isso vai ter uma tendência de longevidade. Obviamente que tem alguns picos de crescimento, normalmente quando tem uma grande redução, como foi que a gente teve recente com a IA generativa, que dá realmente esse pico, mas é algo sustentável.

Com certeza é algo a longo prazo que afeta todo o ecossistema, toda uma indústria que não é só a parte tecnológica. A tecnologia vai ser o meio que vai impactar todas as indústrias. Então por isso a gente tem uma visão bem otimista do que está vindo pela frente, das coisas que estão por acontecer, que vão ter um impacto bem bacana.

Inv.com – Qual o potencial do Brasil neste mercado de IA e quais são as medidas que a empresa vem adotando no Brasil para abraçar este potencial?

Saraiva – A gente fica sempre um pouquinho atrás. A gente gostaria de estar um pouco mais rápido, acompanhando no mesmo ritmo lá de fora, mas começamos a ver as coisas com bons olhos. Por exemplo, o Governo Federal publicou um Plano Nacional de Inteligência Artificial há cerca de três semanas com uma série de iniciativas já direcionando investimentos bem interessantes a médio e longo prazo. Puxa, isso vai ajudar o Brasil a se posicionar melhor, a poder oferecer serviços melhores, a poder ter uma soberania dos seus dados e das suas tecnologias dentro do próprio país.

A gente já vê esse primeiro movimento como muito importante. Demorou um pouquinho, mas aconteceu, então vamos acelerar. A gente vê um investimento muito grande da parte de data center em todas as regiões aqui do Brasil, ou seja, empresas construindo espaços para receber esses servidores que no final vão ser as fábricas de inteligência artificial, vão poder colocar esses serviços para funcionar, o que deve gerar também um crescimento bem interessante de empregos, serviços, enfim.

Então a gente começa a ver movimentos que aconteceram nos Estados Unidos ou em países mais maduros há dois anos, um ano e meio atrás. Então a gente está começando a ver isso acontecer no Brasil, o que é ótimo. E por fim, há uma oportunidade muito interessante aqui, pelo fato de que esses equipamentos que estão dentro do data center, o data center propriamente dito ele tem que trabalhar muito de forma eficiente, ou seja, ele tem que produzir esses materiais, trabalhar com a construção desses dados, com a inteligência artificial da forma mais eficiente possível.

Então o consumo energético é algo crítico. Quando você está numa região como o Brasil, em que há a produção de energia limpa, talvez uma das matrizes energéticas mais limpas no planeta, acaba também uma oportunidade gigante, onde empresas que buscam essa eficiência energética para trabalhar da melhor forma possível começam a olhar para o Brasil como um bom lugar para receber esse tipo de solução.

Percebemos uma possibilidade boa nos próximos anos de ter um aumento de investimento de empresas globais vindo para cá, trabalhando com esses data centers, a pois conseguem ter uma eficiência energética muito boa, a gente tem espaço, enfim a gente consegue calibrar bem a demanda deles e poder atender o mercado global.

O Brasil ainda está um pouquinho atrás, vemos uma movimentação muito interessante para se preparar rapidamente para poder absorver essas oportunidades.

Inv.com – Como avalia os resultados da parceria com a Petrobras? Alguma atualização do projeto em andamento?

Saraiva – Sobre o projeto, inclusive acho que eles soltaram a revisão que eles concluíram já mais uma fase da aquisição de um novo supercomputador, então no supercomputador eles investiram 500 milhões de reais nessa nova geração, é realmente algo disruptivo. Continuamos trabalhando muito próximo deles para continuar apoiando no desenvolvimento e o que é interessante é que a gente começa a ver o uso em outras áreas, então não fica só na parte de exploração e produção, mas a gente começa a ver o uso de tecnologias, principalmente quando trabalhamos com a inteligência artificial em outras áreas, não só com Petrobras (BVMF:PETR4), mas em toda a indústria, conceitos de digital twin, conceitos de otimização de logística, otimização de toda a parte de suprimento, enfim, essas tecnologias vão expandindo por todas as áreas das empresas que vão torná-las mais eficientes, que vão torná-las mais produtivas. No final, todo mundo acaba ganhando, então tem um bom momento. Continuamos firmes e fortes na parceria e nessa expectativa de entregar esse novo supercomputador com a equipe da Petrobras.

Inv.com – Alguma outra empresa, tanto do setor ou que vocês tenham firmado alguma parceria recentemente?

Saraiva – Não, especificamente parceria com empresa não, mas o que a gente vê são alguns segmentos se destacando, a gente vê movimentações interessantes no mercado financeiro, então empresas da indústria financeira, bancos, fintechs já estão tendo uma adoção, um investimento rápido nessas tecnologias, o próprio setor público agora com o governo federal que estima um plano de quatro anos com investimentos previstos na casa de 4 bilhões de dólares, nesse valor boa parte disso em infraestrutura computacional.

Temos, a médio prazo, a expectativa de trazer no setor público um investimento pesado em supercomputadores e toda a área da parte que a gente vê aqui de serviços, então relacionado ou à indústria ou a comércio eletrônico, que trabalha muito com essa parte de logística, já estão implementando soluções de otimização de rota, otimização de planejamento de compras, planejamento de entrega, então algumas áreas a gente começa a ver um destaque um pouco maior, a adoção dessas tecnologias de forma mais rápida.

Inv.com – Quais são os principais objetivos da empresa a nível global neste momento e desafios?

Saraiva – Globalmente a gente tem obviamente um desafio de manter o crescimento, de ter essa cadência na atualização tecnológica, da gente poder atender todo o mercado.
O segundo ponto importante é trabalhar bem, de forma equilibrada, somente essa parte de dados com o controle e regulação do LGPD enfim, ter aí o uso da I.A. responsável, eu acho que isso é algo muito importante.

A Nvidia tem que trabalhar muito próximo dos integradores, dos desenvolvedores para fazer tudo da forma mais correta possível para preservar os direitos autorais, LGPD porque o dado é uma informação muito importante nesse ecossistema digital da inteligência artificial, então ter esse muito cuidado. É uma preocupação que
a gente olha com carinho e visamos poder atender o máximo de clientes possíveis, então a demanda é super alta, tem bastante gente pedindo.

Mas é um trabalho complexo, ainda mais no ecossistema gigantesco e global como esse que a gente está inserido, é um desafio muito bom, mas ao mesmo tempo é muito trabalho.

Inv.com - E no Brasil, como citou que estamos atrás, quais os desafios adicionais?

Saraiva – Como a gente está um pouco atrás, dá um pouco mais de trabalho. Mas, ao mesmo tempo, amplia a quantidade de oportunidades de uma forma bem grande, a gente percebe especialmente nessa diferença de timing em outros países em países mais maduros. No ano passado, muitas empresas já experimentaram já validaram essas tecnologias e começam a colocar em produção agora em 2024.

Aqui no Brasil, ainda está em uma fase da experimentação, ainda tem muita empresa testando, validando. Nesse ano, com a expectativa de colocar em produção efetivamente no ano que vem, existe um esforço nosso para justamente encurtar esse caminho da validação de trazer cases, de mostrar realmente o benefício do uso dessas tecnologias para que as empresas brasileiras possam adotar de forma mais rápida, de uma forma também mais tranquila, do ponto de vista que vai realmente ajudar, que vai realmente trazer algum benefício para eles.

Entendemos que é só uma questão desse ajuste, mas ao mesmo tempo a gente vem acelerando e tentando trazer a maior quantidade de informação possível
de cases de sucesso que aconteceram lá fora, ou até mesmo de insucesso, de coisas que a gente não deveria fazer aqui, para não errar novamente, para que a gente consiga acompanhar, ou alcançar, pelo menos ficar bem perto do que está acontecendo em outros países.

Tem um trabalho bem forte, bem árduo, mas com muitas, realmente muitas oportunidades acontecendo no futuro bem próximo.

Inv.com – Tem alguma meta de crescimento ou não fazem essa distinção separada por região?

Saraiva – Não fazemos essa distinção separada por geografia, trabalhamos justamente nesse número global. Ou seja, trabalhar em cima da expectativa global, até porque somos uma empresa global, tenho clientes até aqui do Brasil que consomem minhas tecnologias em nuvens que estão fora do Brasil, então não temos muita essa preocupação de receita local, nem temos como medir isso. Mas ficamos muito atentos na adoção da tecnologia, ou seja, quantas empresas estão se movendo para isso, quais soluções estão sendo aplicadas, como o meu ecossistema de integradores está se capacitando, está trabalhando, está oferecendo essas soluções.

Outras empresas globais estão vindo para o Brasil para oferecer soluções que têm tecnologia da Nvidia embarcada, então a nossa preocupação está muito em garantir esse ecossistema da forma mais tranquila e rápida possível para que as tecnologias cheguem na mão de todas as empresas aqui do Brasil que tenham o interesse.

Estamos trabalhando muito, cada vez mais. Como a empresa cresce, a gente tem que trabalhar ainda mais. Vamos passar por uma transição de produto bem interessante. Estamos trazendo uma nova família, a família Blackwell, fantástica, já começa a apresentar alguns resultados de desempenho que foram publicados essa semana, muito promissores. Temos expectativa de entrega desses produtos já no quarto trimestre desse ano, o que deve trazer uma receita adicional para a Nvidia.

Realmente o momento é bem interessante, vamos ter essa transição de tecnologias com a nova geração de GPUs em plataformas Blackwell. O trabalho é bem intenso e vai aumentar, mas muito promissor, tem bastante coisa boa vindo por aí. A gente está só na ponta do iceberg. Tem muita coisa para explorar e desenvolver. É um compromisso nosso acelerar e tentar fazer o melhor possível.

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