Por Aluísio Alves
SÃO PAULO (Reuters) - O Itaú Unibanco (SA:ITUB4) está reduzindo exigências de entrada para alguns fundos de terceiros ofertados por meio de sua plataforma aberta de investimentos Personnalité Seleção, seu serviço para correntistas de alta renda, disse à Reuters o diretor de investimentos da instituição.
O banco decidiu reduzir para 100 mil reais --anté piso anterior de 300 mil-- o volume global de investimentos que um cliente deve ter no banco para poder entrar em dois fundos de gestores independentes oferecidos na plataforma. O Personnalité reúne clientes com renda mensal a partir de 10 mil reais ou com investimentos financeiros de 100 mil a um milhão de reais.
Um dos fundos é da Adam Capital, o Novo Adam, de Márcio Appel. O outro é da Garde Asset Management, de Marcelo Giufrida. Além disso, o saldo inicial para aplicação no Verde Patrimônio, da Verde Asset Management, do gestor Luís Stuhlberger, é de 1 milhão de reais, ante 1,5 milhão do outro fundo da gestora, o Verde Vista.
Os valores de entrada no Itaú eram maiores até do que os pedidos pelos próprios gestores na captação direta ou feita por distribuidores independentes.
"Entendemos que a exigência menor vai dar acesso a mais gente", disse à Reuters o diretor de investimentos do Itaú, Cláudio Sanches.
Com o movimento, o Itaú Unibanco avança na tentativa de dar corpo à plataforma criada no final de 2016, que reúne produtos de respeitados gestores do mercado, que juntos têm cerca de 3 bilhões de reais administrados. O volume é pequeno, considerando que o banco, terceiro maior gestor de fundos do mercado, tinha mais de 500 bilhões de reais sob sua administração no fim de 2016, segundo dados da Anbima.
A iniciativa vem na esteira da popularização de plataformas independentes, tais como a XP Investimentos, que tem justamente o varejo de alta renda como um de seus alvos principais. Quase simultaneamente com o Itaú Unibanco, o BTG Pactual (SA:BBTG11) também lançou uma plataforma aberta de investimentos para seus clientes em novembro passado.
Em preparação para ampliar a oferta para uma base maior de clientes, o Itaú Unibanco treinou uma equipe de cerca de 500 funcionários para explicar o funcionamento da plataforma aberta.
Segundo Sanches, os incentivos internos para venda de produtos de investimento do próprio banco ou dos gestores da plataforma aberta são exatamente os mesmos. "A orientação é oferecer sempre o melhor produto, seja nosso ou não", disse o executivo.
Os fundos de gestores externos ainda não estão sendo oferecidos a clientes do Citi, cuja operação brasileira foi comprada pelo Itaú no ano passado, mas ainda depende de aprovação de órgãos reguladores. O Citi tinha uma plataforma aberta de investimentos bastante conhecida no mercado.
Segundo Sanches, o Itaú planeja diversificar as classes de fundos, passando a ofertar também produtos de renda variável, além dos atuais das categorias renda fixa e multimercado.
Mas o executivo ressalva que não há planos de abrir demais o leque. "A ideia é não ter produtos demais porque isso pode até complicar a decisão dos clientes", disse.
As taxas de administração são iguais às cobradas pelos gestores na captação direta. A diferença no caso da parceria é que os valores captados por meio da plataforma aberta geram uma remuneração ao banco conhecida no jargão do mercado como rebate.