Por Rajendra Jadhav e Mayank Bhardwaj
MUMBAI (Reuters) - A Índia planeja estender a proibição das exportações de açúcar pelo segundo ano consecutivo, já que o maior consumidor mundial do adoçante enfrenta a perspectiva de uma menor produção de cana, disseram fontes do governo.
Nova Délhi também planeja aumentar o preço pago pelas petroleiras na compra de etanol das usinas de açúcar como parte dos esforços para aumentar o fornecimento do biocombustível, disseram as fontes com conhecimento direto do assunto. Elas não quiseram ser identificadas, já que as decisões não eram públicas.
A ausência da Índia no mercado mundial de açúcar comprimiria ainda mais os suprimentos globais, sustentando os preços de referência em Nova York e Londres.
Nova Délhi planeja proibir as usinas de exportar açúcar em um momento em que os suprimentos do Brasil, o maior produtor e fornecedor mundial do adoçante, devem diminuir devido a uma seca no país sul-americano.
"No cenário atual da safra, não há espaço para as exportações de açúcar", disse uma das fontes do governo.
"Depois de atender à demanda local de açúcar, nossa próxima prioridade é a mistura de etanol, e precisamos de muito mais cana para cumprir as metas de mistura de etanol."
Buscando reduzir as emissões de carbono, a Índia pretende aumentar a participação do etanol na gasolina para 20% até 2025-26, em comparação com os atuais 13%-14%.
As usinas indianas de açúcar, como a E.I.D.-Parry, Balrampur Chini Mills, Shree Renuka, Bajaj Hindusthan e Dwarikesh Sugar, aumentaram sua capacidade de produção de etanol nos últimos anos.
O governo também está considerando um aumento de mais de 5% no preço de aquisição do etanol para a nova temporada de comercialização que começa em novembro, disseram as fontes.
No final do mês passado, uma ordem do governo disse que a Índia permitiria que as usinas de açúcar usassem caldo ou xarope de cana para produzir etanol a partir de novembro.
Os planos da Índia de estender a proibição das exportações de açúcar e aumentar os preços domésticos do etanol não haviam sido reportados anteriormente. Ambas as medidas devem ser anunciadas no final deste mês.
Um porta-voz do governo não respondeu imediatamente a um pedido de comentário da Reuters.
A Índia, que também é o maior produtor mundial de açúcar depois do Brasil, proibiu as usinas de exportar o adoçante durante a atual temporada, que começou em 1º de outubro de 2023. Essa foi a primeira restrição à exportação de açúcar em sete anos.
Nova Délhi permitiu que as usinas exportassem apenas 6,1 milhões de toneladas de açúcar durante a última temporada, quase metade da remessa total do país em 2021-22.
A produção de açúcar durante a próxima temporada de 2024-25 provavelmente cairá para 32 milhões de toneladas, em relação às 34 milhões de toneladas deste ano, devido ao impacto adverso das chuvas irregulares do ano passado nos Estados de Maharashtra e Karnataka, disseram as fontes.
"O mundo precisará de remessas da Índia em 2025, já que a produção do Brasil deverá ser menor. Sem as exportações indianas, os preços globais aumentarão ainda mais", disse um negociante de Mumbai de uma trading global.
(Reportagem de Rajendra Jadhav e Mayank Bhardwaj)