Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - As exportações de milho do Brasil dispararam em agosto, para um novo recorde mensal de 7,65 milhões de toneladas, elevando o total exportado no ano para 23 milhões de toneladas, mais que o dobro do visto nos oito primeiros meses de 2018 (9,19 milhões de toneladas), de acordo com dados divulgados pelo governo nesta segunda-feira.
O crescimento de 170% nos embarques em agosto frente ao mesmo mês do ano passado ocorre na medida em que o país escoa uma safra recorde e conta com preços e dólar favoráveis às vendas externas.
O volume exportado em agosto pelo Brasil, segundo exportador global de milho atrás dos Estados Unidos, superou as 6,32 milhões de toneladas registradas em julho, que já tinham sido recordes.
Com os embarques de milho se desenvolvendo bem, a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) estima a exportação brasileira em 2019 entre 35 milhões e 37 milhões de toneladas, uma marca histórica, disse nesta segunda-feira à Reuters o diretor-geral da entidade, Sérgio Mendes.
"Tivemos boa safra, tem disponibilidade do produto, câmbio favorável, os preços subindo, e espaço nos portos, porque a soja tem o freio não da logística, mas da peste suína (africana na China)", disse Mendes, lembrando que os embarques de soja desaceleraram em 2019, com os chineses mais lentos nas aquisições em relação a 2018.
Com os menores embarques de soja, as exportações de milho podem fluir sem grandes questões logísticas, com mais infraestrutura portuária disponível.
"Tudo isso contribui... então ficamos com meios disponíveis para exportar mais milho", acrescentou.
Com uma safra recorde de cerca de 100 milhões de toneladas de milho, as exportações do Brasil devem superar de longe as cerca de 24 milhões de toneladas do ano passado, quando o país colheu menos milho por conta de problemas climáticos.
"Vai ser 35 milhões de toneladas (na exportação de milho), otimistas falando em 37, e vamos chegar na soja a 72 milhões de toneladas (no ano de 2019)", acrescentou Mendes.
Na temporada passada, quando a guerra comercial entre EUA e China favoreceu o Brasil em ano em que a oferta brasileira de soja foi recorde, as exportações atingiram cerca de 84 milhões de toneladas da oleaginosa.
"Soja vai ser um número bacana, é impossível bater o número de 2018, tinha a 'trade war' (guerra comercial) e não tinha a peste suína", acrescentou.
No acumulado do ano até agosto, segundo dados do governo brasileiro, os embarques de soja do maior exportador global atingiram 57,23 milhões de toneladas, queda de 11,4% ante o mesmo período do ano passado.
Além da peste suína, o Brasil conta com menor disponibilidade da oleaginosa, após uma quebra pela seca em alguns Estados, além de maior concorrência da Argentina, que estava com embarques mais fracos em 2018 por menor oferta.
ETANOL E MINÉRIO
Em etanol, as exportações em agosto foram de 314,4 milhões de litros, alta de 30% na comparação anual, registrando o maior volume desde outubro de 2013, segundo dados compilados pela Reuters. Em julho, as vendas externas de etanol somaram 206,7 milhões de litros.
As exportações de minério de ferro pelo Brasil em agosto somaram 30,11 milhões de toneladas, um recuo de 15,5% na comparação com mesmo mês do ano passado e de 12% ante julho, mostraram dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) nesta segunda-feira.
Em julho, os embarques de minério de ferro haviam registrado os maiores volumes desde outubro de 2018, após a Vale (SA:VALE3) retomar a produção em Brucutu, sua maior mina de Minas Gerais.
(Com reportagem adicional de Luciano Costa)