SÃO PAULO (Reuters) - A gestora de shoppings de alto padrão Iguatemi (SA:IGTA3) teve prejuízo líquido de 16,4 milhões de reais no primeiro trimestre, resultado pressionado por desvalorização da participação da companhia na Infracommerce.
A Iguatemi havia registrado lucro líquido de 39,8 milhões de reais no mesmo período de 2021. Excluindo o efeito da queda no valor das ações da empresa de infraestrutura de software para comércio eletrônico, a Iguatemi teria tido lucro líquido de 40,9 milhões de janeiro a março.
A companhia teve um resultado operacional medido pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 147,8 milhões de reais de janeiro a março, ganho de 53,7% contra um ano antes. A margem cresceu 8,2 pontos percentuais, para 64,7%, mas ainda ficou atrás do patamar de 72,6% visto no mesmo período de 2019, antes da pandemia.
Analistas, em média, projetavam Ebitda de 160,5 milhões de reais, segundo dados da Refinitiv.
Os números foram divulgados na terça-feira à noite.
As units da Iguatemi exibiam queda de 3,2% às 14h34, enquanto o Ibovespa recuava 0,86%. Os papéis de Infracommerce, que não fazem parte do principal índice da bolsa brasileira, recuavam 4,8%.
Em relatório, os analistas Andre Mazini e Renata Cabral, do Citi, afirmaram que os resultados do primeiro trimestre da Iguatemi e os da rival Multiplan (SA:MULT3) "mostram consistente recuperação em shoppings de alta renda".
A receita líquida da Igautemi subiu 34,3% ano a ano, para 228,4 milhões de reais, com crescimento de 77,2% nas vendas totais e de 70,7% em mesmas lojas. Já os aluguéis em mesmas lojas expandiram 69,9%.
A empresa ainda antecipou que as vendas em abril até dia 22 foram 31% maiores em relação ao mesmo período de 2019.
O efeito desses números no balanço, entretanto, foi abatido por perda de 126,6 milhões de reais no resultado financeiro. Uma participação na Infracommerce gerou sozinha prejuízo de 86,9 milhões de reais, já que as ações da empresa desabaram 18,3% no primeiro trimestre.
A fatia na Infracommerce pode continuar pressionando os resultados da Iguatemi, visto que uma reação negativa do mercado a um novo plano de incentivo a executivos da plataforma de comércio eletrônico, aliado à baixa forte da bolsa brasileira em abril, levou a ação a acumular até então queda de cerca de 59,8% desde o começo do mês passado.
No ano passado, a Iguatemi disse que tinha uma fatia indireta de 65% na Engadin Investments, que, por sua vez, detinha 16% da Infracommerce. A participação faz parte do programa de investimentos em empresas vistas como de alto potencial de crescimento.
A Engadin, que é subsidiária do Navigator One Fund, tem atualmente 10% da Infracommerce.