Investing.com - Os investidores estiveram cautelosos no Brasil e no exterior nesta segunda-feira. No plano interno, a ausência de novidades sobre a reforma da Previdência não alterou os ânimos do investidor local, que ficou sob a influência do exterior sob a expectativa do início da temporada de balanços nesta semana, além de ausência de novidades que apontem um desfecho positivo nas negociações comerciais entre EUA e China.
A queda de 4,44% a US$ 374,53 nas ações da Boeing também refreou o ímpeto dos investidores no mercado internacional. A empresa anunciou na sexta-feira corte de 20% na produção das aeronaves 737 MAX devido a dois acidentes com o modelo em menos de 6 meses, o segundo no mês passado em voo da Ethiopian Airlines. O corte da produção indica que os voos aeronaves não vão ser retomados pelas autoridades de aviação civil ao redor do mundo, que suspenderam os voos do modelo por causa do acidente.
O viés negativo da Boeing derrubou o índice Dow Jones em 0,32%. S&P 500 e Nasdaq encerraram no terreno positivo, mas modesto, com ganhos de 0,11% e 0,19%, respectivamente.
Brasil e mundo favorável a emergentes
No Brasil, o Ibovespa subiu 0,27% a 97.369,29 pontos, enquanto que o dólar caiu 0,62% a R$ 3,8491, menor patamar desde o início de março. O real foi uma das moedas que mais se valorizaram no mundo no dia, aproveitando o cenário benigno para emergentes e exportadores de commodities metálicas e petróleo, perdendo apenas para a coroa norueguesa e rublo russo em uma cesta de 33 moedas compiladas pela Reuters.
Os emergentes se beneficiam da política monetária acomodatícia dos principais bancos centrais em meio a indicadores que apontem desaceleração do crescimento econômico mundial. O Fed, por exemplo, desistiu de dois aumentos dos juros neste ano e deve manter a taxa inalterada ao longo de 2019, prognóstico que deve ser confirmado na quarta-feira, quando a ata da última reunião será divulgada. Quarta-feira também é dia de decisão de política monetária do Banco Central Europeu, que também vem adotando uma postura “dovish”.
Commodities
A perspectiva de restrição de oferta beneficiou o petróleo Brent a romper os US$ 70 e fechar esta segunda-feira com alta de 1,05% a US$ 71,08, enquanto o WTI também está com tendência ascendente e fechou com ganhos de 2,19% a US$ 64,46. Expectativa de novos cortes de produção dos países-membros da OPEP e aliados, que podem ser divulgados na reunião do grupo na quarta-feira, mais a escalada do conflito na Líbia e sanções americanas no Irã e na Venezuela devem diminuir a oferta do hidrocarboneto e manter a perspectiva bullish. Por outro lado, a esperança bearish de queda do petróleo reside na desaceleração econômica global e aumento da produção de fontes alternativas, como a extração de petróleo de xisto nos EUA.
Já o minério de ferro também subiu nesta segunda-feira na bolsa de mercadorias da cidade chinesa de Dalian. Após o feriado de sexta-feira na China, a commodity continuou a escalada de preço da semana passada com alta de 4,23% a 653,50 iuanes hoje, desta vez impulsionada com novo estímulo do governo chinês, que cortou o compulsório bancário às micro e pequenas empresas.
Ações brasileiras
A alta das commodities beneficiou ações brasileiras como Petrobras (SA:PETR4) e Vale (SA:VALE3). A estatal petrolífera também se beneficiou com a repercussão da venda da TAG na sexta-feira por US$ 8,6 bilhões à francesa Engie (SA:EGIE3), com a PETR4 subindo 1,63% a R$ 29,25, enquanto a PETR3 (SA:PETR3) valorizou 2,15% a R$ 32,74. Já a Vale a alta foi maior, com ganhos de 2,71% a R$ 53,39.
A Cemig (SA:CMIG4) e a Gafisa (SA:GFSA3) também tiveram destaque positivo na bolsa paulista. O governo de Minas Gerais anunciou hoje que vai encaminhar projeto de lei que visa a privatização da Cemig, alegando a inevitabilidade da venda para diminuir as dificuldades financeiras do Estado. A estatal elétrica subiu 2,14% a R$ 14,35.
Já a Gafisa saltou 6,26% a R$ 7,98 após a Assembleia Geral Extraordinária (AGE) recomendar aos acionistas aumento de capital da construtora. O objetivo é aumentar a capacidade de investimento da empresa e elevar a capitalização.
Entre as ações com perdas no dia, mais uma vez o destaque cabe à Cielo (SA:CIEL3). A empresa sofre forte concorrência no setor de adquirência. Desta vez, o Santander (SA:SANB11) anunciou que sua empresa de maquininhas – a Getnet – vai antecipar em dois dias os recebíveis de pequenas empresas a uma taxa de 2%. As ações da Cielo se desvalorizaram 0,97% a R$ 9,21 nesta segunda-feira.