Investing.com – A temporada de balanços brasileira, de forma geral, foi avaliada de forma positiva por analistas. Provisões pressionaram menos os bancos, taxas de juros mais baixas afetaram menos empresas endividadas, mas a apreciação do dólar frente ao real, por outro lado, impactou negativamente indicadores de empresas com dívidas em moeda estrangeira.
O Ibovespa, desconsiderando empresas de commodities, teria registrado o quarto trimestre de expansão anual no lucro por ação (LPA), segundo relatório do Bank of America (NYSE:BAC). As receitas do Ibovespa teriam subido 8%, o Ebitda conquistado ganhos de 11% e o lucro por ação aumentado 24%, com crescimento deste último impulsionado pela Vale (BVMF:VALE3). Desconsiderando as commodities, a alta foi de 9%, 21% e 38%, respectivamente.
De acordo com o Bank of America, continua o processo de recuperação das indústrias nacionais – ainda que com comparações fáceis. Entre os destaques positivos da temporada, o banco elenca empresas do setor de vestuário, bancos, bens de capital, processadores de carne, construtoras, tecnologia e comunicação. No entanto, tiveram dados mistos setores como commodities, energia, serviços públicos e educação. As batidas nos lucros teriam sido impulsionadas principalmente por bens de consumo discricionários, finanças e processadores de carne.
“Continuamos a ver uma recuperação entre nomes nacionais no Brasil, mas principalmente devido a comparações suaves versus o 2023. Os lucros no 2T24 foram impulsionados principalmente por uma forte recuperação para serviços públicos, finanças, construtoras e educação”, reforçaram os analistas David Beker, Paula Andrea Soto, Carlos Peyrelongue e Mateus Conceição.
O Itaú BBA entendeu a temporada de lucros do segundo trimestre como positiva, também mencionando expansão anual de dois dígitos, com destaque para empresas financeiras e nacionais, enquanto as commodities tiveram desempenho pior, conforme relatório.
“68% das empresas (ponderadas pela capitalização de mercado) apresentaram expansão nos números de lucro líquido anual (contra 64% no 1T24), e 39% apresentaram um resultado final acima de nossas estimativas. Olhando para o futuro, nós e o consenso ainda esperamos um crescimento de LPA de dois dígitos para o ano inteiro”, apontaram os analistas Daniel Gewehr, Matheus Marques, Victor Cunha e Victor Natal.
Entre os motivos elencados para esta percepção positiva, estão o crescimento anual sólido no segundo trimestre, além de difusão mais forte do crescimento anual. Seis ações estiveram em destaque e reportaram dados positivos na temporada, segundo o Itaú BBA: Direcional (BVMF:DIRR3), Sabesp (BVMF:SBSP3), Vivara (BVMF:VIVA3), Inter (NASDAQ:INTR), Rede D'Or São Luiz (BVMF:RDOR3), JBS (BVMF:JBSS3), sendo as três primeiras incluídas na carteira recomendada para o Brasil.
Os dados desconsiderando Petrobras (BVMF:PETR4) e Vale parecem bons à primeira vista, segundo o BTG (BVMF:BPAC11). As receitas ficaram 3,1% acima do esperado, enquanto o EBITDA 2,3% superior e o lucro líquido 5,3%. “Considerando apenas as empresas domésticas, os resultados foram mistos, com receitas e EBITDA 2,5% e 3,1% acima das previsões, enquanto o lucro líquido ficou 3,8% abaixo do estimado”, pondera o banco, também em relatório.
Os analistas Carlos Sequeira, Osni Carfi, Guilherme Guttilla e Bruno Lima perceberam os dados das empresas em sua cobertura como sólidos, em maioria, na comparação com o mesmo período do ano passado. A receita consolidada e EBITDA (ex-Petrobras & Vale) teriam subido 10,3% e 21% ao ano, respectivamente, ao passo que o lucro recuou 1,5% na mesma comparação.
“Qualitativamente falando, 39% das empresas divulgaram o que nossos analistas consideram resultados fortes, enquanto 25% ficaram no lado fraco. Embora a porcentagem de resultados fortes tenha sido a mesma do último trimestre, houve uma redução nos resultados fracos (25% vs. 30% do último trimestre)”, completaram os analistas.
O BTG considerou como fortes os resultados anuais para empresas domésticas, principalmente alimentos e bebidas. Todos os bancos avaliados apresentaram alta no lucro, com menores provisões, principalmente o Santander (BVMF:SANB11). No entanto, as companhias aéreas teriam representado o principal impacto negativo a nível de EBITDA, enquanto, no lucro consolidado, o setor de papel e celulose, principalmente a Suzano (BVMF:SUZB3).