Por Scott Kanowsky e Jessica Bahia Melo
Investing.com -- O último relatório sobre empregos nos EUA deverá ser o prato principal dos mercados na sexta-feira. Mas, enquanto isso, os investidores estão analisando os lucros da Apple que mostraram uma recuperação nas vendas do iPhone, enquanto digerem mais um dia tumultuado para os bancos regionais. No Brasil, destaque para os dados financeiros do Bradesco (BVMF:BBDC4), segundo maior banco privado do país.
1. O relatório de empregos (payroll) de abril se aproxima
As ações dos EUA estão apontando para cima nesta sexta-feira, com os investidores aguardando a divulgação de dados importantes do mercado de trabalho da maior economia do mundo.
Às 8h01 (de Brasília), o contrato Dow futuros subia 0,46%, S&P 500 futuros era negociado 0,59%, mais alto, e Nasdaq 100 futuros ganhava 0,57%.
Espera-se que o relatório mensal folhas de pagamento não agrícolas, ou payroll, mostre que o crescimento do emprego nos EUA caiu em abril para seu ritmo mais lento desde 2020. Os economistas estimam que 180.000 empregos foram adicionados no mês passado, abaixo dos 236.000 em março. Também se projeta que o taxa de desemprego dos EUA suba para 3,6%, enquanto o aumento no salários médios por hora se mantenha estável em 0,3%.
É provável que os números forneçam algumas informações sobre se o mercado de trabalho do país está de fato esfriando, após uma série de aumentos agressivos do Federal Reserve na taxa de juros. Se esse for o caso, isso poderá dar mais respaldo aos sinais do Fed no início desta semana de que está se aproximando do fim do ciclo de aperto de sua política.
2. Recuperação das vendas do iPhone; medo e preocupação com os bancos regionais
As vendas do iPhone da Apple aumentaram no primeiro trimestre, recuperando-se de uma queda recente, enquanto a gigante da tecnologia também viu a demanda atingir níveis recordes na Índia.
A receita no período de janeiro a março gerada pelo iPhone aumentou 1,5% em comparação com o ano anterior, atingindo US$51,33 bilhões, superando as estimativas de consenso da Bloomberg de US$48,97 bilhões.
No entanto, as vendas de computadores Mac e de tablets iPad diminuíram e ficaram abaixo das projeções, fazendo com que o resultado total de primeira linha caísse 2,5%, para US$94,84 bilhões.
Entretanto, esse valor ainda superou as expectativas, graças, em grande parte, à Índia. Em uma call com analistas, Tim Cook, executivo-chefe da Apple, apostou em vendas de dois dígitos no país, onde a empresa abriu dois novos pontos de venda no mês passado. A Índia, disse ele, é agora um "foco principal" para os negócios.
As ações da Apple (NASDAQ:AAPL), que também anunciou que havia sido autorizada a embarcar em uma nova recompra de ações de US$90 bilhões no próximo ano, ganharam mais de 2% nas negociações após o expediente.
A última vítima do medo que domina o mercado de bancos de médio porte dos EUA foi o PacWest (NASDAQ:PACW), com sede em Beverly Hills, que viu suas ações despencarem mais de 50% na quinta-feira. O banco havia dito em um comunicado que estava explorando suas opções estratégicas - incluindo (supostamente) uma possível venda.
As ações da First Horizon (NYSE:FHN) também perderam um terço de seu valor. O credor sediado em Memphis e o TD Bank do Canadá (TSX:TD) anunciaram em conjunto que estavam desistindo de uma fusão planejada. Os dois citaram a incerteza persistente sobre quando o TD obteria a aprovação regulatória para prosseguir com a união.
A Western Alliance (NYSE:WAL), por sua vez, caiu 38%, apesar de o banco sediado no Arizona ter divulgado dados que mostram que seus depósitos aumentaram desde o final de março. O grupo havia negado anteriormente uma notícia de que estava pensando em uma possível venda.
Quando a poeira baixou, o índice KBW Regional Banking caiu 3,5% e agora caiu mais de 30% em 2023.
3. Não tão “Yeezy” para Adidas
O executivo-chefe da Adidas, Bjørn Gulden, alertou na sexta-feira que o grupo alemão de vestuário terá "um ano turbulento com resultados decepcionantes", sugerindo que o impacto de sua decisão de descartar um acordo de parceria lucrativo com o polêmico rapper Ye ainda não foi totalmente percebido.
Sem a linha de produtos "Yeezy", as vendas no primeiro trimestre caíram em cerca de 400 milhões de euros. Mas os problemas não terminam aí. Adidas tem um estoque de produtos da marca Yeezy que não foram vendidos e, como os analistas observaram hoje, ainda não disse o que planeja fazer com esses itens. A empresa estima que terá de arcar com um prejuízo operacional de 700 milhões de euros se der baixa no estoque.
Mesmo assim, a forte demanda por tênis listrados "terrace" da Adidas ajudou o lucro operacional trimestral a ficar acima das estimativas. As ações da Adidas (ETR:ADSGN) ganharam no início do pregão europeu.
4. Preços do petróleo sobem, mas enfrentam queda semanal
Os preços do petróleo subiram na sexta-feira, mas permaneceram no ritmo de uma terceira perda semanal consecutiva, já que as preocupações com o sistema bancário dos EUA provavelmente exacerbaram as preocupações persistentes de que a desaceleração do crescimento atingirá a demanda de petróleo.
Às 8h01, os contratos futuros do petróleo dos EUA foram negociados 2,70% mais altos, a US$70,41 por barril, enquanto o contrato do Brent subiu 2,50%, para US$74,31por barril.
No entanto, em uma base semanal, o Brent foi definido para fechar em baixa de mais de 7% e o WTI estava a caminho de se estabelecer 9% mais baixo.
Espera-se que os holofotes estejam voltados para os dados de emprego dos E.U.A. de abril, ainda hoje, com os investidores atentos a quaisquer pistas sobre a saúde geral da economia.
5. No Brasil, Bradesco apresenta lucro menor, mas acima do esperado
O Bradesco (BVMF:BBDC4), segundo maior banco privado do país, divulgou balanço referente ao primeiro trimestre deste ano na noite desta quinta-feira, 05, com um lucro líquido recorrente de R$4,28 bilhões, uma retração de 37,3% em relação ao mesmo período do ano passado, mas acima das projeções de analistas do mercado. O lucro contábil também foi de R$4,28 bilhões, com diminuição de 38,9% na mesma comparação. O lucro líquido era estimado em R$3,6 bilhões, conforme dados da Refinitiv.
Os indicadores entre janeiro e março eram amplamente esperados, após a instituição financeira reportar em fevereiro provisão de R$4,9 bilhões no quarto trimestre do ano passado devido a exposição à varejista Americanas (BVMF:AMER3), que passa por uma crise contábil, resultando em uma queda de 76% no lucro.
A instituição financeira apontou em release de resultados melhora gradual da margem, menores despesas com provisões e custos administrativos. Além disso, ampliou a carteira de crédito na base anual, mas continuou com inadimplência em alta.
Às 8h01 (de Brasília), o ETF EWZ (NYSE:EWZ) subia 0,07% no pré-mercado.