Por Peter Nurse, Leandro Manzoni e Ana Julia Mezzadri
Investing.com - Prêmio de risco se eleva no Brasil com incertezas política. Dia de payroll, que deve confirmar a recuperação econômica robusta dos EUA.
A Opep permanece indecisa sobre os níveis de produção e a criação de um imposto corporativo global se aproxima.
Aqui está o que está movimentando os mercados na sexta-feira, 2 de julho.
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1. Pressão política eleva aversão ao risco no Brasil
As incertezas políticas levam os investidores a elevar o preço do prêmio de risco para os ativos, verificados na véspera com a queda de 0,90% do Ibovespa e o retorno do dólar futuro acima de R$ 5, com a moeda americana encerrando a quinta-feira com alta de 1,45% a R$ 5,0448. Pessimismo interno em dia de mercados azuis no exterior.
No radar dos investidores, a reforma tributária e as acusações de corrupção do governo Bolsonaro na política de combate à pandemia. Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, o investidor brasileiro Luis Stuhlberger, do renomado Fundo Verde, foi taxativo em apontar que a proposta do governo para a reforma tributária complica ao invés de simplificar o sistema tributário, além de elevar a carga. Na avaliação do investidor, reduzir o IRPJ e compensar via criação da taxação de dividendos seria válido apenas se tivesse efeito nulo sob o ponto de vista da arrecadação.
Na contramão do investidor, o ministro da Economia Paulo Guedes defendeu a proposta originada em sua pasta, especialmente o Imposto de Renda sobre dividendos. Em live com empresário Abílio Diniz, Guedes pediu aos grandes empresários “um pouco mais de cidadania”. "Queremos que ele pague um impostinho mais razoável, em vez de ter engrenagens já preparadas para não pagar. Queríamos fazer um barulho inicial, e agora vamos calibrar junto com os tributaristas", afirmou.
Já na CPI da Covid no Senado, o policial militar Luiz Dominguetti confirmou a acusação de cobrança de propina por vacinas por um funcionário do Ministério da Saúde. Mas os senadores acreditam que Dominguetti tenha sido uma testemunha plantada, já que tentou incriminar, sem contextualização, o deputado federal Luiz Miranda (DEM-DF) para desqualificá-lo em relação à sua denúncia de corrupção no Ministério da Saúde na compra da vacina Covaxin da Índia.
2. Expectativa pelo payroll
Todos os olhos de sexta-feira estão voltados para os EUA, com a divulgação das folhas de pagamento não-agrícolas pelo Departamento do Trabalho.
Apesar de os preços ao consumidor subir para níveis não vistos há mais de uma década, o Federal Reserve deixa claro que as taxas de juros se mantêm no atual patamar de 0-0,25% até que o mercado de trabalho também mostre uma recuperação substancial, para níveis pré-pandemia.
Portanto, o lançamento da folha de pagamento não agrícola, às 09h30 (horário de Brasília), sempre amplamente acompanhado, tornou-se o número obrigatório à medida que os investidores tentam avaliar o pensamento do Fed.
As expectativas no início da semana eram de 700.000 vagas preenchidas no mês passado, ante 559.000 em maio. Tanto o relatório mensal da ADP quanto os pedidos iniciais por seguro-desemprego divulgados esta semana (o último dos quais cobre um período após o ponto de corte para o payroll de hoje) foram mais fortes do que o esperado, e a conversa no mercado sugere que o número de "sussurros" agora é maior.
No Brasil, a produção industrial de maio subiu 1,4%, abaixo da expectativa de 1,7%. Na base anual, o avanço foi de 24% contra o mesmo mês do ano passado, também abaixo da estimativa de 25%.
3. Surpresa da Opep
Os preços do petróleo bruto caíram na sexta-feira, mas permaneceram em níveis muito altos depois que uma reunião dos principais produtores não conseguiu chegar a um acordo sobre os níveis de produção futuros.
Às 08h46, o petróleo WTI, negociado em Nova York, caía 0,43% para US$ 74,91 o barril, depois de subir acima de US$ 75 durante a sessão anterior pela primeira vez desde 2018, enquanto o Brent, cotado em Londres e referência mundial de preço, recuava 0,45% para US$ 75,50, após avançar mais de 8% em junho.
A aliança entre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e outros produtores, principalmente a Rússia, adiou sua decisão na quinta-feira para devolver mais petróleo ao mercado depois que os Emirados Árabes Unidos bloquearam a negociação no último minuto .
O grupo, conhecido como Opep+, parece ter chegado a um acordo preliminar para aumentar a produção em 400.000 barris por dia todos os meses de agosto a dezembro, antes que os Emirados Árabes Unidos interviessem, exigindo uma cota de produção mais alta.
A reunião será realizada novamente na sexta-feira, mas se não houver um acordo, o grupo continuará com os níveis de produção atuais, uma situação que provavelmente levaria a preços ainda mais altos e uma rápida quebra na disciplina de produção em todo o bloco.
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4. Imposto corporativo global
Uma alíquota mínima global de imposto de renda de 15% deu um passo para se tornar realidade, quando 130 países, representando mais de 90% do PIB global, apoiaram o acordo em negociações promovidas pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico.
A OCDE disse que tal imposto poderia render cerca de US$ 150 bilhões em receitas fiscais globais adicionais anualmente, com as novas regras transferindo os direitos tributários sobre mais de US$ 100 bilhões de lucros de empresas multinacionais para países onde os lucros são obtidos.
Os detalhes técnicos devem ser acordados até outubro para que as novas regras possam ser implementadas até 2023, mas ainda há pontes a cruzar.
A Irlanda está entre uma série de países com impostos reduzidos, incluindo os membros da UE Estônia e Hungria, que se recusaram a assinar o acordo, dizendo que era inaceitável em sua forma atual.
A Irlanda tem uma taxa de imposto sobre as sociedades de 12,5%, um dos fatores que ajudou a convencer várias das maiores multinacionais do mundo a se instalarem lá, empregando mais de 10% da força de trabalho do país. O acordo ainda precisa ser aprovado na legislação da UE, e isso exigirá o apoio unânime de todos os membros da UE.
5. Mercado americano deve abrir alta
As ações dos EUA devem subir na sexta-feira, mas as faixas de negociação estão apertadas, já que os investidores aguardam o relatório de emprego.
Às 8h55, o índice Dow Jones futuros, S&P 500 futuros e Nasdaq 100 futuros avançavam respectivamente 0,03%, 0,11% e 0,34%. O EWZ, fundo de índice que replica o Ibovespa em Wall Street, tinha leve queda de 0,03% na pré-abertura.
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Wall Street continuou a pressionar em alta na quinta-feira, somando-se aos fortes ganhos vistos na primeira metade do ano, uma vez que as vacinações permitiram a reabertura da economia em um cenário de níveis massivos de estímulos monetários e fiscais.
O S&P 500 subiu 0,5% durante a sessão regular de quinta-feira e atingiu seu sexto recorde consecutivo, terminando acima de 4.300 pela primeira vez. O Dow Jones Industrial Average ganhou 0,4% e o de alta tecnologia Nasdaq Composite subiu 0,1%.
Além do lançamento das folhas de pagamento não agrícolas, os investidores também ficarão de olho nas ações da Johnson & Johnson (NYSE:JNJ) (SA:JNJB34), depois que a farmacêutica relatou que um novo estudo indicou que sua vacina de dose única oferecia forte proteção contra a variante delta altamente transmissível do vírus Covid-19.
No Brasil, a JSL (SA:SIMH3), controlada da Simpar (SA:SIMH3), fez uma oferta com troca de ações e prêmio em dinheiro pela Tegma (SA:TGMA3), segundo informa o site Pipeline do Valor Econômico. A proposta avalia a Tegma por volta de R$ 1,75 bilhão, 15% acima da cotação na B3 (SA:B3SA3).