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Investing.com – Os índices futuros das bolsas norte-americanas operam com poucas oscilações nesta segunda-feira, refletindo a cautela dos investidores diante de uma agenda carregada.
As atenções estão voltadas para a retomada das negociações comerciais entre Estados Unidos e China, com reuniões em Londres entre autoridades de alto escalão, bem como para a divulgação de indicadores de inflação ao longo da semana, que devem oferecer pistas sobre os rumos da política monetária norte-americana.
No Brasil, o mercado local vai repercutir a reunião de ontem realizada entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com líderes da Câmara e do Senado sobre alternativas ao aumento do imposto sobre operações financeiras (IOF) anunciado no mês passado e que gerou forte reação no meio político e econômico.
1. Futuros estáveis em Wall Street
Os contratos futuros dos principais índices acionários dos Estados Unidos operam com variações discretas nesta segunda, com os investidores atentos à retomada das negociações comerciais entre Washington e Pequim, além da expectativa em torno de indicadores de inflação a serem divulgados nos próximos dias.
Às 8 h de Brasília, o Dow Jones subia 5 pontos, ou 0,01%, enquanto o S&P 500 e o Nasdaq 100 recuavam 0,02% e 0,10%, respectivamente, no mercado futuro.
Na sexta-feira, os índices de Wall Street encerraram o pregão em alta, ancorados na leitura mais forte do que o esperado sobre o mercado de trabalho dos EUA em maio e no anúncio do presidente Donald Trump sobre o encontro desta segunda-feira entre autoridades norte-americanas e chinesas em Londres.
No fechamento do pregão, o S&P 500 ultrapassou a marca dos 6.000 pontos pela primeira vez desde 21 de fevereiro.
O apetite por risco sofreu abalos diante do agravamento dos protestos em Los Angeles. A mobilização da Guarda Nacional no fim de semana para conter manifestações contra as políticas migratórias de Trump elevou o grau de instabilidade doméstica.
2. Negociações EUA-China
Altos representantes da Casa Branca estão reunidos com seus equivalentes chineses em Londres, em uma tentativa de avançar em um acordo e colocar fim a uma disputa comercial prolongada entre as duas maiores economias do planeta.
Segundo Trump, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, o secretário de Comércio, Howard Lutnick, e o representante comercial Jamieson Greer lideram a delegação norte-americana.
O Ministério das Relações Exteriores da China confirmou, no fim de semana, que o vice-primeiro-ministro He Lifeng, principal negociador comercial do país, estará no Reino Unido para as conversas com os EUA.
Os impasses persistem apesar de um entendimento preliminar selado em Genebra no mês passado, que incluiu uma suspensão temporária das tarifas retaliatórias. As tarifas “recíprocas” propostas por Trump permanecem congeladas até 12 de agosto.
Dados publicados na madrugada desta segunda-feira mostraram que as exportações da China desaceleraram para o menor nível em três meses, refletindo os efeitos das tarifas norte-americanas sobre o desempenho do comércio exterior chinês.
3. Inflação em foco nos EUA
O destaque da agenda econômica nos próximos dias será a divulgação do índice de preços ao consumidor (IPC) na quarta-feira, seguido pelo índice de preços ao produtor (PPI) na sexta-feira.
A expectativa é que os dados mostrem uma leve aceleração inflacionária em maio, influenciada por aumentos nas tarifas de energia e nos encargos comerciais. A projeção para o índice anual é de alta para 2,5%, ante 2,3% no mês anterior.
Os investidores acompanham esses indicadores com atenção, buscando mensurar os efeitos das políticas de Trump sobre a atividade econômica, em especial no que diz respeito à incerteza sobre os rumos do comércio internacional.
4. Petróleo sobe
Os preços do petróleo operam estáveis nesta segunda-feira, sustentando os ganhos acumulados na semana anterior, com os agentes do mercado atentos ao desfecho das negociações comerciais em Londres.
No momento da redação, os contratos do Brent subiam 0,30%, para US$ 66,67 o barril, enquanto o WTI avançava na mesma proporção, para US$ 64,70.
A possibilidade de um acordo entre EUA e China tem favorecido o apetite por risco em parte dos investidores, o que, por sua vez, dá suporte às cotações da commodity, em meio à expectativa de que uma trégua comercial possa reaquecer a economia global e elevar a demanda por energia.
Na semana passada, o Brent acumulou valorização de 4%, enquanto o WTI subiu mais de 6%, encerrando uma sequência de três semanas consecutivas de perdas.
5. Aumento do IOF e projeções econômicas no Brasil
Em uma reunião de mais de cinco horas realizada no último domingo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e líderes do Congresso Nacional, incluindo os presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, discutiram ajustes no decreto que eleva a cobrança do IOF.
Apesar da pressão parlamentar para revogar integralmente a medida, Haddad manteve parte do texto original e prometeu editar uma nova versão com alterações pontuais. Para compensar a arrecadação menor — estimada em até R$ 7 bilhões, ante os R$ 20 bilhões previstos inicialmente —, o governo decidiu aumentar tributos sobre apostas esportivas (de 12% para 18%), incluir cobrança sobre LCAs e LCIs (5%), revisar o regime de Juros sobre Capital Próprio (JCP) e elevar a carga tributária sobre fintechs.
Embora líderes do Congresso tenham anunciado vitória política, a Fazenda conseguiu preservar boa parte da estrutura tributária proposta, impondo, inclusive, constrangimento a Hugo Motta, ao ignorar publicamente suas demandas de revogação da tributação sobre operações de antecipação de recebíveis por empresas do comércio, o chamado “risco sacado”.
Além das alterações no IOF, há discussões preliminares sobre possíveis mudanças constitucionais nos pisos de saúde e educação e aportes ao Fundeb, mas sem expectativa de avanço a curto prazo.
No calendário econômico de hoje, os investidores também ficarão atentos a novas projeções econômicas a serem divulgadas no boletim Focus, pesquisa semanal realizada pelo banco central com agentes do mercado.
No último relatório, os economistas reduziram levemente a projeção para a inflação brasileira em 2025 para 5,46%, ante 5,50% na semana anterior, mantendo a expectativa de 4,50% para 2026. O recuo reflete a surpresa positiva com o IPCA-15 de maio, que apontou desaceleração da inflação.
Em relação ao crescimento econômico, a previsão para o PIB em 2026 foi elevada para 1,80%, enquanto a de 2025 teve leve ajuste para 2,13%.
As projeções para a taxa Selic permaneceram inalteradas em 14,75% para este ano e 12,50% para o próximo, completando 18 semanas consecutivas de estabilidade nas expectativas.
O câmbio também não teve alterações no boletim da semana passada: a previsão é que o dólar encerre 2025 a R$5,80 e 2026 a R$5,90.