Por Andre Romani
SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da bolsa brasileira recuou nesta segunda-feira, pressionado pela queda nas ações de commodities e por expectativa de decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos nesta semana.
As ações de empresas ligadas às commodities metálicas, especialmente da Vale, e de petróleo cederam. Na outra ponta, os bancos limitaram as perdas.
O Ibovespa caiu 1,60%, a 109.927,62 pontos, sua terceira baixa seguida e o menor patamar de fechamento desde 24 de janeiro. O volume financeiro foi de 24,5 bilhões de reais.
A informação de que a Ucrânia havia iniciado negociações "duras" com a Rússia sobre um cessar-fogo, apesar dos ataques às cidades ucranianas continuarem, animou os mercados na manhã desta segunda-feira, especialmente após os dois países terem adotado tom otimista no domingo sobre as conversas.
O humor, entretanto, virou em Wall Street ao longo da sessão, com venda de ações de crescimento, como de tecnologia, diante da proximidade da esperada primeira alta de juros nos EUA em três anos, em reunião do banco central norte-americano na quarta-feira.
Também corroborou o fato de a quarta rodada de negociações entre Ucrânia e Rússia não apontar avanços.
O Nasdaq Composite caiu 2% e o S&P 500 recuou 0,7%, enquanto o Dow Jones fechou estável.
Os investidores locais também seguem na expectativa pela decisão de juros pelo Banco Central na quarta-feira. A curva de juros viu forte inclinação, conforme as expectativas de inflação pioraram, como reiterado pela pesquisa Focus. A aposta majoritária ainda é de alta de 1 ponto percentual, mas a curva reflete probabildade de 47% de alta de 1,25 pp.
Além disso, o mercado também digeriu notícia de que a equipe econômica do governo federal tem discutido uma elevação temporária do Auxílio Brasil.
"A pressão para gastar pela ala política do governo já era dada", a questão era saber de que modo, diz Tomás Awad, sócio-fundador da gestora 3R Investimentos.
Ele diz que o pano de fundo geral para a bolsa, tanto no cenário externo quanto no interno, continua o mesmo e que a gestora está "reduzindo o risco" de seu portfólio, especialmente pelo medo de ser pega "no contrapé" pelas incertezas que cercam o conflito na Ucrânia.
DESTAQUES
- VALE ON (SA:VALE3) afundou 5,4%, após os contratos de minério de ferro na China cederem 7%, com elevação de casos de Covid-19 no país alimentando temores sobre as perspectivas de crescimento econômico. Preços dos metais industriais recuaram, enquanto a bolsa de Londres disse que o níquel voltará a ser negociado em 16 de março. Siderúrgicas CSN ON (SA:CSNA3) e USIMINAS PNA (SA:USIM5) desvalorizavam-se 5,8% e 5,2%, respectivamente. GERDAU PN (SA:GGBR4) caiu 4,5%.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) mostrou decréscimo de 1,9% e ON cedeu 1,3%, diante de queda de 5,1% nos preços do petróleo Brent, em meio a negociações entre Ucrânia e Rússia e temor com restrições na China, a maior importadora da commodity do mundo. PETRORIO ON caiu 5,4%, enquanto 3R PETROLEUM ON diminuiu 2,7%.
- SANTANDER BRASIL UNIT (SA:SANB11) disparou 4,4%, ITAÚ UNIBANCO PN (SA:ITUB4) subiu 1,4%, BRADESCO PN (SA:BBDC4) teve alta de 0,7% e BANCO DO BRASIL ON (SA:BBAS3) cresceu 0,6%, em semana de decisão de política monetária no Brasil e em meio à rotação para ações de valor nos EUA. O Brasil parece ter voltado ao radar do investidor europeu e o setor financeiro oferece bons nomes, com foco maior nos grandes bancos, diz o Itaú BBA em relatório publicado nesta segunda-feira, sobre encontros de seus analistas com representante de fundos no continente.
- MAGAZINE LUIZA ON (SA:MGLU3) perdeu 6,3%, sua terceira baixa seguida, antes de anúncio de resultados do quarto trimestre, esperado para após o fechamento do mercado nesta segunda-feira.
- JHSF ON (SA:JHSF3) saltou 6,2%, maior alta desde dezembro, após o Bradesco BBI retomar a cobertura do papel com recomendação "outperform:" e preço-alvo de 10 reais -- ação fechou a 5,11 reais nesta segunda-feira.
- GOL (SA:GOLL4) PN apontou decréscimo de 2,5%, após divulgar um prejuízo líquido maior do que o esperado para o quarto trimestre, além de reduzir projeções financeiras relevantes para este ano devido aos custos mais altos de combustível de aviação. A empresa retomará voos para EUA em maio e apontou elevação de yields e demanda por viagens corporativas. AZUL PN (SA:AZUL4) caiu 0,4%.