Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa teve liquidez reduzida nesta segunda-feira e fechou em queda o primeiro pregão de setembro, mês que deve ser marcado por volatilidade em razão da disputa presidencial ainda sem sinais claros sobre o seu desfecho no começo de outubro.
O principal índice de ações da B3 cedeu 0,63 por cento, a 76.192,73 pontos. O giro financeiro da sessão somou apenas 4,6 bilhões de reais, ante média diária de 11,4 bilhões de reais em 2018, diante da ausência de negócios em Wall Street em razão do feriado do Dia do Trabalho nos Estados Unidos.
Segundo a equipe da consultoria Lopes Filho, as atenções dos investidores nesta semana estarão voltadas para as primeiras pesquisas de intenção de voto após o início da propaganda gratuita em rádio e televisão e rejeição da candidatura presidencial do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na sexta-feira, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) barrou o registro de candidatura do ex-presidente -líder nas pesquisas de intenção de voto- com base na Lei da Ficha Limpa.
Nesta segunda, o TSE suspendeu a veiculação de propaganda eleitoral que apresente Lula como candidato a presidente.
Da agenda de pesquisas, levantamento encomendado pelo BTG Pactual (SA:BPAC11) mostrou o candidato Jair Bolsonaro (PSL) na liderança, com 26 por cento de apoio, seguido por Ciro Gomes (PDT), com 12 por cento, e Marina Silva (Rede), com 11 por cento, no cenário sem Lula.
Os holofotes agora estão voltados principalmente para pesquisas Ibope e Datafolha previstas para os próximos dias, embora as mesmas ainda terão cenário com o ex-presidente Lula.
Com o primeiro turno da eleição marcado para 7 de outubro, estrategistas de ações sugeriram nas carteiras recomendadas para o mês foco em papéis defensivos e de empresas de qualidade, dada a esperada alta volatilidade para o período.
Em relatório sobre o desempenho de seus fundos em agosto, a Adam Capital afirmou que no Brasil o cenário eleitoral rouba a cena e que a indefinição sobre a condução do país deixa aberta questões como a implementação de reformas e o ajuste fiscal.
DESTAQUES
- ITAÚ UNIBANCO PN (SA:ITUB4) caiu 1,37 por cento e BRADESCO PN (SA:BBDC4) cedeu 0,88 por cento, entre as maiores pressões de baixa, mas com o setor bancário no vermelho, uma vez que figura entre os mais sensíveis à cautela com o cenário eleitoral. BANCO DO BRASIL (SA:BBAS3) recuou 2,36 por cento e SANTANDER BRASIL UNIT (SA:SANB11) perdendo 1,21 por cento.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) recuou 1,35 por cento, apesar da alta dos preços dos futuros do petróleo, uma vez que as ações da petrolífera também figuram entre os mais suscetíveis a expectativas eleitorais. A empresa afirmou que fez em agosto operações de administração de passivos de 1,45 bilhão de dólares. Também convocou assembleia geral extraordinária para outubro para deliberar sobre a eleição de dois novos membros do conselho de administração.
- VIA VAREJO UNIT (SA:VVAR11) cedeu 3,55 por cento, com papéis de varejo entre as maiores quedas do Ibovespa, na esteira da alta nas taxas futuras de juros longos, o que tende a afetar consumo; e novo corte na previsão do mercado para o crescimento da economia em 2018 na pesquisa Focus, com os economistas estimando agora expansão de 1,44 por cento.
- GOL (SA:GOLL4) PN perdeu 3,12 por cento, afetada pelo movimento no mercado de câmbio, com a moeda norte-americana subindo quase 2 por cento em relação ao real.
- ULTRAPAR subiu 3,23 por cento, após o blog do colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, publicar no fim de semana que o fundo norte-americano Advent tem interesse em fazer parte do bloco de controle do grupo Ultra. Também repercutiu promessa do candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, de que, se eleito, o governo federal arcará com metade do preço do botijão de gás para 8,3 milhões de famílias.
- SUZANO ON valorizou-se 3,66 por cento, apoiada no fortalecimento do dólar ante o real, assim como outros papéis do setor de papel e celulose.
- BRF (SA:BRFS3) fechou em alta de 1,34 por cento, com analistas repercutindo positivamente a aprovação pelo conselho de administração da eleição de Elcio Ito para a vice-presidência de finanças e de relações com investidores.