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Ibovespa fecha em alta, mas reduz fôlego com receio sobre compensações fiscais

Publicado 01.03.2021, 18:38
Atualizado 01.03.2021, 18:40
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Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em alta nesta segunda-feira, beneficiado por Wall Street e notícias corporativas, mas se afastou das máximas da sessão pressionado por ações de bancos em meio a receios sobre compensações fiscais.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,27%, a 110.334,83 pontos. Na máxima, chegou a 112.445,12 pontos (+2,19%). O volume financeiro da sessão somou 36,2 bilhões de reais.

Essa performance vem após o Ibovespa acumular em fevereiro o pior desempenho mensal em cinco meses, em meio a riscos fiscais e interferência na Petrobras, fechando o primeiro bimestre do ano com declínio acumulado de 7,55%.

No exterior, o norte-americano S&P 500 avançou mais de 2%, após a Câmara dos Deputados dos Estados Unidos aprovar na noite de sexta-feira seu pacote de estimulo econômico no valor de 1,9 trilhão de dólares.

"Isso é algo extremamente relevante para os mercados financeiros globais, estamos falando de uma injeção ao redor de 9% do PIB dos EUA", destacou o sócio da Manchester Investimentos, Eduardo Cubas Pereira,

"E a forma como (essa injeção) está sendo proposta é dinheiro na veia. Isso acaba intensificando uma inflação de ativos", acrescentou.

Além disso, a Johnson & Johnson (NYSE:JNJ) (SA:JNJB34) começou a distribuir sua vacina de dose única, com o imunizante se tornando o terceiro contra a Covid-19 a ser autorizado nos EUA.

No Brasil, março começou com 778 mortes em razão da Covid-19 registradas pelo Ministério da Saúde apenas nesta segunda-feira, elevando o total a 255.720 óbitos, com o país enfrentando o pior momento da pandemia e acentuando temores fiscais.

Investidores estão atentos à votação da PEC que abre caminho para a concessão do auxílio emergencial e também a chamada cláusula de calamidade, além de trazer os chamados gatilhos para o teto de gastos, prevista para esta semana.

"Um pacote muito generoso ou uma legislação que não trate das preocupações levantadas pela equipe econômica pode assustar o mercado", afirmou o BTG Pactual, avaliando que o Ibovespa está mais atrativo, mas que os riscos aumentaram.

Na visão de Pereira, da Manchester, os receios com a sutentabilidade fiscal no Brasil no longo prazo fazem com que o mercado brasileiro fique para trás em relação a outras praças financeiras.

"Para fechar esse 'gap', é preciso confiança na aprovação das reformas que vão tornar as contas públicas brasileiras mais saudáveis."

A safra de balanços no Brasil também ocupa a atenção nesta semana, com uma bateria de resultados, incluindo Via Varejo (SA:VVAR3), Magazine Luiza (SA:MGLU3), B2W (SA:BTOW3), Azul (SA:AZUL4), Natura&Co Natura & Co SA (SA:NTCO3) e B3 (SA:B3SA3).

VEJA MAIS: Calendário de balanços: PetroRio, Magazine Luiza, Azul reportam nesta semana

Do ponto de vista gráfico, a equipe do Itaú BBA avaliou em relatório mais cedo que o Ibovespa precisa ultrapassar os 113.500 para estabelecer uma recuperação mais consistente em direção aos 119.300 pontos.

DESTAQUES

- ITAÚ UNIBANCO PN (SA:ITUB4) caiu 3% e BRADESCO PN (SA:BBDC4) recuou 3,3%. De acordo com reportagem de O Globo, o governo elevará a CSSL sobre bancos, entre outras medidas, para zerar os tributos sobre diesel e gás de cozinha.

- HAPVIDA ON (SA:HAPV3) subiu 5,29% e NOTRE DAME INTERMÉDICA ON (SA:GNDI3) avançou 3,41%, após detalharem termos do acordo que pode criar a maior rede de hospitais do país. A Intermédica será incorporada à Hapvida, com uma ação da Intermédica sendo trocada por 5,249 ações da Hapvida e mais 6,45 reais. A equipe do Safra elevou os papéis para 'outperform'.

LEIA MAIS: Fusão da Hapvida, Intermédica cria gigante da saúde; veja o que dizem os analistas

- GPA ON (SA:PCAR3) desabou 65,84%, em meio a ajustes após a listagem da unidade Assaí no contexto de cisão de ativos do grupo de varejo alimentar. ASSAÍ ON, por sua vez, disparou 385,73% na estreia na B3. Gestores atribuíram o movimento a ajustes relacionados ao modelo de formação de preço dos papéis.

- PETROBRAS PN (SA:PETR4) encerrou com decréscimo de 1,08%, revertendo ganhos, mesmo após anunciar que vai elevar os preços da gasolina e do diesel em cerca de 5% a partir de terça-feira, com ambos combustíveis renovando os maiores níveis em mais de um ano nas refinarias da estatal.

- PETRORIO ON (SA:PRIO3) fechou em alta de 5,53%, tendo no radar resultado trimestral após o fechamento do mercado.

- BRASKEM PNA (SA:BRKM5) valorizou-se 1,66%, após a unidade no México Braskem Idesa assinar contrato de transporte de gás natural com agência do governo mexicano e memorando de entendimentos para discutir potenciais aditivos ao contrato de etano com a Pemex. O papel também refletiu o risco de maior tributação no setor petroquímico.

© Reuters. .

- VALE ON (SA:VALE3) saltou 4,28%, com o setor de mineração e siderurgia no azul, apesar da queda dos futuros do minério de ferro e aço na China, além de dados mais fracos sobre a atividade fabril chinesa.

- CIELO ON (SA:CIEL3) caiu 6,11%, ainda pressionada por negativas pelos controladores sobre venda de suas respectivas participações, bem como estimativa do Santander Brasil de listar sua unidade GetNet ainda neste ano, em um pano de fundo de forte competição no setor. Desde a máxima do ano, de 4,22 reais, de 2 de fevereiro, considerando o fechamento, perdeu quase 20%.

- HYPERA ON cedeu 4,06%, mesmo após desempenho considerado sólido no quarto trimestre. "Vemos o resultado operacional combinado com importantes investimentos em 2020 como uma direção positiva para a Hypera (SA:HYPE3)", disse o Bradesco BBI. Executivos da empresa estimaram atingir pico de investimentos em 2021 para elevar produção.

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