Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em leve alta nesta quinta-feira, após trocar de sinal várias vezes durante o pregão, em sessão negativa nas bolsas no exterior e sem catalisadores domésticos diante da ausência de novidades efetivas na pauta de reformas do governo.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa registrou acréscimo de 0,13 por cento, a 94.340,17 pontos. O volume financeiro somou cerca de 13,2 bilhões de reais.
Wall Street fechou no vermelho, com o S&P 500 em queda de 0,8 por cento, após o Banco Central Europeu adiar aumentos nos juro pelo menos para o próximo ano, bem como cortar previsões de crescimento e inflação na zona do euro.
No cenário doméstico, a agenda econômica continua no radar, mas a falta de avanço no andamento da reforma da Previdência desde seu envio ao Congresso Nacional têm referendado posições mais defensivas depois do rali de janeiro (+10,8 por cento).
Agentes do mercado têm criticado o comportamento do presidente Jair Bolsonaro, de aparentemente focar no comportamento de pessoas e em movimentos culturais ao invés de se engajar para defender a pauta econômica do governo.
Um desses profissionais avalia que se o Ibovespa perder o patamar dos 94 mil pontos pode causar algum desconforto no mercado local, criando uma grande pressão de venda.
Pouco mais de uma hora antes de a bolsa paulista fechar, Bolsonaro usou sua conta no Twitter para defender a reforma ao afirmar que ela permitirá estabilizar as contas públicas e viabilizará uma "rígida" reforma tributária.
O Ibovespa, que recuava antes disso, passou para o azul, tocando máxima da sessão, de 94.532,25 pontos.
Em nota a clientes um pouco mais cedo, a mesa de sales no Brasil do Morgan Stanley (NYSE:MS) tinha destacado que Bolsonaro precisa assumir a responsabilidade de impulsionar a reforma da Previdência, usando seu capital político.
"Até agora, vimos muito pouco vindo do presidente em defesa da reforma da Previdência", afirmou, ressaltando que se o Congresso não sentir que o presidente está engajado também não apoiará as mudanças nas regras das aposentadorias.
DESTAQUES
- ITAÚ UNIBANCO PN fechou em alta de 1,38 por cento, entre os maiores suportes do lado positivo do Ibovespa, em sessão favorável para bancos privados no Ibovespa, com BRADESCO PN (SA:BBDC4) valorizando-se 0,71 por cento e SANTANDER BRASIL UNIT (SA:SANB11) avançando 1,01 por cento.
- VALE (SA:VALE3) subiu 1,69 por cento, conforme analistas seguem vendo a ação se recuperar depois do tombo no final de janeiro após o rompimento de uma barragem da mineradora. A ação, contudo, segue bastante abaixo do preço do fechamento de 24 de janeiro (56,15 reais), antes do desastre que contabiliza cerca de 180 mortos confirmados e mais de 100 desaparecidos.
- MAGAZINE LUIZA (SA:MGLU3) avançou 3,23 por cento, entre os destaques de alta, também em recuperação, após terminar fevereiro com queda de cerca de 3 por cento. Na véspera, os papéis também caíram 2 por cento.
- AMBEV (SA:ABEV3) valorizou-se 1,95 por cento, em meio a ajustes, após recuar cerca de 8 por cento na semana anterior e perder 2,7 por cento no pregão de quarta-feira.
- CCR (SA:CCRO3) caiu 6 por cento, após reportagem do Valor Econômico de que a empresa deve fechar novo acordo de leniência, desta vez com o Ministério Público de São Paulo, em decorrência de envolvimento em casos de propina e caixa dois investigados pela operação Lava Jato. A CCR disse que desconhece supostas novas investigações. Analistas receberam com receio a notícia após a Rodonorte, subsidiária da CCR, anunciar na véspera acordo de 750 milhões de reais com autoridades no Paraná. ECORODOVIAS (SA:ECOR3) caiu 5,58 por cento.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) fechou quase estável e PETROBRAS ON (SA:PETR3) caiu 0,88 por cento, apesar do avanço dos preços do petróleo no exterior, em sessão negativa para papéis de companhias de controle estatal, como BANCO DO BRASIL (SA:BBAS3) e, principalmente, ELETROBRAS.
- CSN (SA:CSNA3) cedeu 2,71 por cento, entre as maiores quedas, após fortes ganhos recentes, que levaram o papel a fechar na máxima desde junho de 2011, a 15,15 reais. No setor, GERDAU PN (SA:GGBR4) perdeu 1,34 por cento, enquanto USIMINAS PNA (SA:USIM5) fechou em alta de 0,1 por cento.