Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa não mostrava uma tendência clara nesta quinta-feira, com agentes financeiros repercutindo a ajuda do banco central suíço ao Credit Suisse (SIX:CSGN), enquanto permanece a dúvida sobre como as preocupações com uma eventual crise bancária afetarão a decisão de política monetária do Federal Reserve na próxima semana.
No Brasil, o foco segue na nova regra fiscal, que pode ser definida na próxima semana. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou na véspera que ainda não viu a proposta preparada pela equipe econômica, mas quer ter o projeto definido antes da sua viagem à China. Ele embarca dia 24.
Às 11:09, o Ibovespa subia 0,3%, a 102.981,7 pontos, após cinco quedas consecutivas, período em que acumulou declínio de 3,6%. O volume financeiro no pregão somava 4,6 bilhões de reais.
O Credit Suisse decidiu emprestar até 54 bilhões de dólares do banco central da Suíça para reforçar a liquidez e a confiança dos investidores, um dia após suas ações despencarem 24%, em meio à desconfiança de investidores com o banco, que passa por uma reestruturação após uma série de problemas e escândalos.
A notícia apoiava uma forte recuperação nos papéis do segundo maior banco daquele país, que disparavam 17,91 %, a 2,00 francos suíços.
No Brasil, o Credit Suisse buscou acalmar clientes na quarta-feira, ressaltando em uma apresentação de PowerPoint em português que a estrutura de capital do banco continua sólida e procurando afastar comparações com o norte-americano SVB, fechado por reguladores norte-americanos na semana passada.
Em Wall Street, o S&P 500 cedia 0,58%, com investidores repercutindo as novidades sobre o Credit Suisse, mas também novos dados econômicos dos Estados Unidos, sem consenso para o desfecho da reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Fed nos dias 21 e 22 de março.
"Os mercados evidenciam uma postura ainda cautelosa", afirmou a Ágora Investimentos, em nota a clientes.
Na visão da equipe da corretora, se por um lado o Credit Suisse aceitar ajuda do BC suíço para fornecer liquidez reduz temores sobre um eventual contágio no sistema financeiro na Europa e globalmente, por outro lado há ainda expectativa quanto ao destino de juros nas importantes economias à frente.
Antes da decisão do Fed na próxima semana, para qual ainda prevalece a aposta de um aumento de 0,25 ponto percentual, mas existem também expectativas de manutenção, o Banco Central Europeu elevou nesta quinta-feira as taxas de juros em 50 pontos-base, como prometido.
DESTAQUES
- YDUQS ON (BVMF:YDUQ3) cedia 0,14%, a 7,35 reais, tendo já trocado de sinal mais de uma vez desde a abertura, após balanço do quarto trimestre mostrar prejuízo líquido de 84 milhões de reais, enquanto o grupo de educação também projetou investimentos de 450 milhões de reais para 2023. Em teleconferência sobre o resultado, executivos afirmaram ver retomada de concorrência por preço na educação superior em 2023.
- TAESA UNIT (BVMF:TAEE11) perdia 2,26%, a 36,41 reais, com salto no lucro líquido sob o critério regulatório para 386,7 milhões de reais no quarto trimestre pela transmissora de energia elétrica, mas queda no resultado pelo critério IFRS para 22,8 milhões de reais.
- JBS ON (BVMF:JBSS3) avançava 7,58%, a 20,71 reais, com o setor de proteínas entre as maiores altas do Ibovespa. MARFRIG ON (BVMF:MRFG3) valorizava-se 9,61% e MINERVA ON (BVMF:BEEF3) subia 6,22%. O Itaú BBA chamou a atenção para a notícia da Reuters da véspera de que infecções por peste suína africana na China começaram a aumentar relativamente por volta do feriado do Ano Novo Lunar em janeiro, e ressaltou que, no caso de uma intensificação do surto, preferem operar o evento por meio de exportadores de carne bovina, em vez de carne suína ou de aves.
- MRV ON (BVMF:MRVE3) ganhava 3,62%, a 7,72 reais, tendo como pano de fundo também expectativas relacionadas ao programa habitacional da cidade de São Paulo "Pode Entrar". Em entrevista publicada na véspera pelo jornal O Estado de S. Paulo, o secretário municipal da habitação, João Farias, disse que a prefeitura paulistana deve concluir a fase de habilitação das construtoras dentro do programa até o fim desta semana, dando início às primeiras contratações de projetos em abril. "Este é um gatilho muito esperado para Tenda e MRV", apontou o Bradesco BBI. "Se as licitações dessas empresas forem realmente vencedoras, isso pode representar uma boa entrada de recursos e um alívio considerável no nível de endividamento das companhias", acrescentou. TENDA ON (BVMF:TEND3), que não está no Ibovespa, mostrava acréscimo de 0,32%.
- ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) subia 0,51%, a 23,76 reais, e BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) tinha elevação de 1,4%, a 13,72 reais, acompanhando o alívio com o setor nos mercados e em papéis de bancos globalmente. BANCO DO BRASIL ON (BVMF:BBAS3) registrava acréscimo de 0,53%, mas SANTANDER BRASIL UNIT (BVMF:SANB11) perdia 0,38%.
- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) recuava 0,56%, a 23,21 reais, em mais uma sessão de queda dos preços do petróleo no exterior. A companhia disse na quarta-feira que o Ministério de Minas e Energia (MME) apresentou, de forma suplementar, três indicações ao conselho de administração da petrolífera.
- VALE ON (BVMF:VALE3) caía 0,58%, a 80,98 reais, seguindo os futuros do minério de ferro, com o contrato mais negociado na Dalian Commodity Exchange da China encerrando as negociações diurnas com queda de 2,8%, a 902 iuanes (130,75 dólares) a tonelada, depois de atingir mais cedo 897,50 iuanes, o menor nível desde 9 de março. Funcionários da Vale também afirmaram à Reuters que a mineradora produziu pela primeira vez pelotas de minério de ferro sem o uso de carvão mineral, em escala industrial.
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