Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa mostrava fraqueza nesta quarta-feira, com as ações da Petrobras entre as principais pressões de baixa na esteira da queda do preço do petróleo no exterior, enquanto BRF (BVMF:BRFS3) disparava com a perspectiva de injeção de capital bilionária.
O último pregão de maio também tinha como pano de fundo um ambiente desfavorável a ativos de risco no exterior, onde as atenções estão voltadas para dados de atividade da China e a votação da suspensão do teto da dívida dos Estados Unidos na Câmara dos Deputados.
Até a última sexta-feira, o Ibovespa subiu em 13 de 17 pregões, somando ganho de quase 9%. Na máxima do mês, no dia 26, chegou a 111.705,53 pontos, uma avanço de 10,5% frente a mínima intradia de maio, de 101.063,49 pontos, no dia 4.
Às 11:26, o Ibovespa caía 0,3%, a 108.636,98 pontos, tendo recuado a 108.193,41 pontos na mínima e alcançado 108.984,61 pontos na máxima até o momento. O volume financeiro somava 4,7 bilhões de reais.
O movimento também refletia realização de lucros, dado o rali no mês, principalmente de ações ligadas à economia doméstica - o índice Small Caps, que melhor reflete isso, acumula até o momento alta de 13% em maio, contra alta de menos de 4% do Ibovespa, afetado pela fraqueza de commodities.
Na China, o Índice de Gerentes de Compras (PMI) oficial da indústria caiu para 48,8, mínima de cinco meses, disse a Agência Nacional de Estatísticas (NBS), abaixo dos 49,2 de abril e da marca de 50 pontos que separa expansão de contração. Também frustrou as expectativas de analistas de um aumento para 49,4.
Para Dan Kawa, diretor de investimentos da TAG, o PMI da China abre um novo "flanco" de preocupação para o crescimento da economia global, e pode vir a ser o vetor para o mercado precificar de maneira efetiva um cenário mais desafiador para a expansão global, conforme nota a clientes.
"Ainda me parece que estamos na transição entre a narrativa da 'inflação' e caminhando para a narrativa da 'desaceleração econômica' e eventual 'recessão'", disse, acrescentado que o momento é de dados divergentes e pouco conclusivos, o favorece um mercado "de lado", sem grandes tendências de curto-prazo.
Nos EUA, o plenário da Câmara dos Deputados debate e deve votar ainda nesta sessão o projeto de lei para elevar o teto da dívida de 31,4 trilhões de dólares e novos cortes de gastos federais. Se aprovado na Câmara, o projeto seguirá ao Senado. A medida precisa de aprovação do Congresso antes de 5 de junho.
Wall Street refletia alguma cautela antes do desfecho em Washington, com o S&P 500 recuando 0,8%.
DESTAQUES
- BRF PN disparava 6,6%, a 7,75 reais, após a saudita Salic e a Marfrig se comprometeram com investimento de até 4,5 bilhões de reais na empresa, por meio de um eventual aumento de capital via emissão de ações. MARFRIG ON (BVMF:MRFG3) avançava 4,32%, a 6,52 reais, tendo ainda no radar eventual aumento de capital futuro de pelo menos 1,5 bilhão de reais.
- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) recuava 0,76%, a 26,19 reais, afetada pelo declínio dos preços do petróleo no exterior, com a cotação do contrato Brent em baixa de 1,25%, a 72,62 dólares o barril. No setor, PRIO ON cedia 0,5% e 3R (BVMF:RRRP3) PETROLEUM mostrava acréscimo de 0,3%.
- VALE ON (BVMF:VALE3) caía 0,05%, a 64,31 reais, freando um desempenho melhor do Ibovespa. O contrato futuro de minério de ferro mais negociado na chinesa Dalian Commodity Exchange encerrou as negociações diurnas em queda de 0,4%, a 711 iuans (102,86 dólares), a tonelada, com os dados mais fracos que o esperado na China.
- ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) perdia 0,53%, a 26,4 reais, enquanto BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) mostrava estabilidade, a 15,7 reais.
- CCR ON (BVMF:CCRO3) recuava 2,03%, a 13,49 reais, após aprovar adequação da estrutura da diretoria estatutária, com redução de diretorias estatutárias de 11 para 7. Também aprovou programa de recompra de até 3,2 milhões de ações em até 18 meses. Ainda no radar estava a aprovação pela Câmara dos Deputados do texto-base do marco temporal de terras indígenas.