Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - A bolsa paulista firmava-se em queda nesta quinta-feira, contaminada pelo viés negativo em praças acionárias no exterior, em mais uma sessão de noticiário corporativo local intenso, com bancos entre as maiores baixas Ibovespa, capitaneados pelo Bradesco após resultado trimestral.
Às 14:39, o Ibovespa caía 1,24 por cento, a 102.827,36 pontos. O volume financeiro somava 11,9 bilhões de reais.
Para o gestor de portfólio Guilherme Foureaux, sócio na Paineiras Investimentos, o pregão brasileiro segue o movimento global, que reflete decepção com o discurso do presidente do Banco Central Europeu. "O mercado esperava mais", destacando posições técnicas para um tom mais 'dovish' da autoridade.
O BCE manteve nesta quinta-feira os juros inalterados, enquanto pediu à sua equipe que avalie várias outras opções de afrouxamento da política monetária, incluindo a retomada das compras de ativos.
Em seu discurso, contudo, Mario Draghi, indicou que não houve discussão sobre possibilidade de corte já nessa reunião, mostrando que o comitê vê menos urgência no ajuste da política monetária do que o mercado, destacou o estrategista Felipe Sichel, do modalmais, em nota a clientes.
Na Europa, o FTSEurofirst 300 cedeu 0,54%, enquanto, em Wall Street, o S&P 500 perdia 0,53%.
DESTAQUES
- BRADESCO PN (SA:BBDC4) caía 5,2%, mesmo após a alta robusta do lucro no segundo trimestre, bem como a maior rentabilidade em 16 trimestres. Um gestor ouvido pela Reuters disse que a receita de tarifas e despesas surpreenderam negativamente, enquanto a desaceleração da carteira também chamou atenção. "Como as expectativas eram que esse resultado fosse o melhor do setor, a ação acaba sofrendo bastante", disse. Para a equipe do BTG Pactual (SA:BPAC11), onde importa mais, os números foram bons.
- ITAÚ UNIBANCO PN perdia 2,7%, contaminado pelo desempenho do rival, enquanto BANCO DO BRASIL (SA:BBAS3) cedia 3,1%. SANTANDER BRASIL recuava 1,5%.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) recuava 0,95%, apesar da alta dos preços do petróleo no mercado externo, também pressionando o Ibovespa. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou nesta quinta-feira que a companhia forneça combustível a navios iranianos que estão parados na costa brasileira à espera de abastecimento desde o início de junho, segundo documento da decisão judicial visto pela Reuters. A Petrobras havia se negado a fornecer o combustível a dois navios de bandeira do Irã, alegando que as embarcações estavam na lista de sanções dos Estados Unidos.
- AMBEV (SA:ABEV3) disparava 9,1%, após a fabricante brasileira de bebidas elevar em 8,5% o lucro líquido do segundo trimestre em relação ao mesmo período de 2018, apoiada principalmente na redução de despesas financeiras. Analistas do Credit Suisse destacaram que a companhia superou as expectativas, com boa qualidade.
- GPA (SA:PCAR4) valorizava-se 6,4%, tendo de pano de fundo lucro líquido consolidado aos acionistas controladores de 432 milhões de reais no segundo trimestre, superando previsões de analistas, mas também anúncio de que começou os preparativos para entrar no Novo Mercado, o segmento com regras mais elevadas de governança da B3. Como parte do processo, as ações preferenciais do GPA serão convertidas em ordinárias, na proporção de uma para uma.
- VALE (SA:VALE3) tinha variação negativa de 0,4%, mesmo com os futuros do minério de ferro na China revertendo perdas iniciais e fechando em alta nesta quinta-feira, no primeiro avanço em quatro sessões.