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Ibovespa tem pior mês desde tombo com pandemia em 2020 por preocupação com recessão global

Publicado 30.06.2022, 17:41
© Reuters. Bolsa de Valores
19/10/2021
REUTERS/Amanda Perobelli
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Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em queda nesta quinta-feira, afetado pelas preocupações com o ritmo do crescimento econômico global, que também foram determinantes para que junho registrasse a pior performance mensal desde março de 2020.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 1,08%, a 98.541,95 pontos, tendo tocado 97.758 pontos no pior momento, nova mínima intradia desde 4 de novembro de 2020. O volume financeiro somou 27,5 bilhões de reais.

No mês, o Ibovespa caiu 11,5%, maior queda percentual desde março de 2020, quando foi duramente afetado pelo alastramento da pandemia pelo Brasil. O desempenho trimestral também foi o pior desde o começo de 2020, com perda de 17,88%. Em 2022, cai 5,99%.

Na visão do sócio e estrategista da Meta Asset Management, Alexandre Póvoa, os bancos centrais dos países desenvolvidos estão nitidamente atrás da curva em relação à inflação, o que tem afetado prognósticos de investidores sobre a atividade econômica.

"A sensação de descontrole fez com que os investidores, antevendo um aperto monetário mais forte, começassem a projetar um cenário de recessão mundial, ou até pior, uma estagflação", acrescentou o gestor.

A economista-chefe da Claritas, Marcela Rocha, disse que, além da preocupação adicional com o comportamento dos preços nesse mês, a sinalização dos BCs de que estão dispostos atuar para conseguir arrefecer a inflação o mais rápido possível levou inevitavelmente a uma discussão sobre qual será o tamanho da desaceleração da atividade econômica.

"E esse cenário de juro alto, inflação persistente e recessão não é um cenário benéfico para emergentes, afinal é um cenário de propensão menor a risco e maior dificuldade de atração de investimentos dada toda a incerteza", afirmou.

Para Póvoa, o mercado ainda está sob intensa neblina, dado que os BCs mundiais não estão seguros nem em relação ao ritmo e nem em relação ao final do processo de aperto monetário. "Sem essa visibilidade, dificilmente as bolsas se recuperarão."

No Brasil, ele avalia que a bolsa vive o "pior dos mundos", com ações de commodities sofrendo pelo receio de deterioração de atividade e as de mercado doméstico sendo penalizadas pelo estresse na curva de juros em razão de riscos fiscais.

O governo lançar mão de medidas fiscais, na visão de Póvoa, "claramente com fins eleitoreiros", afetou o mercado de DI e NTN-Bs, aumentando a transferência de dinheiro de fundos de ações e multimercados a produtos de renda fixa. "E os resgates obrigam os gestores a vender, amassando ainda mais as cotações."

Rocha também destacou que o componente de incerteza fiscal afetou os ativos brasileiro nesse mês. "A mensagem (do governo com as últimas medidas propostas) é que houve novamente um enfraquecimento da âncora fiscal...e esse enfraquecimento ocorre próximo à eleição, o que indica que novos furos no teto de gastos não podem ser descartados", afirmou.

Para Póvoa, uma boa notícia em relação ao Brasil é que já há uma maior clareza sobre até que ponto o BC irá na taxa Selic, algo entre 13,5% e 14%, ficando nesse nível por muito tempo. "Além disso, tem muita barganha já na bolsa. O problema é saber quem vai comprar. O investidor local só quer saber de renda fixa e o estrangeiro está completamente avesso a risco. Enquanto isso, sofremos todos."

DESTAQUES

- FLEURY ON (BVMF:FLRY3) saltou 16,10%, após acertar compra do Instituto Hermes Pardini (BVMF:PARD3), em negócio transformacional para a companhia e que prevê um incremento de Ebitda anual do grupo combinado antes de impostos e líquido de custos de entre 160 milhões e 190 milhões de reais. HERMES PARDINI ON, que não está no Ibovespa, disparou 18,99%.

- VALE ON (BVMF:VALE3) recuou 2,83%, em sessão negativa para os futuros do minério de ferro em Dalian e Cingapura, com CSN MINERAÇÃO ON caindo 6,31%. No setor de siderurgia, CSN ON (BVMF:CSNA3), USIMINAS PNA (BVMF:USIM5) e GERDAU PN (BVMF:GGBR4) recuaram 6,42%, 4% e 3,41%, respectivamente.

- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) cedeu 0,53%, na esteira do declínio dos preços do petróleo no mercado externo. Dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) também mostraram que a venda de combustíveis no Brasil cresceu 6,1% em maio ante igual mês do ano passado.

- BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) caiu 2,27% e ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) recuou 1,78%, contaminados pela aversão a risco que minou o pregão. O índice do setor financeiro - que inclui ainda papéis como o da B3 (BVMF:B3SA3), que subiu 0,09% - fechou em baixa de 0,98%.

© Reuters. Bolsa de Valores
19/10/2021
REUTERS/Amanda Perobelli

- SUZANO (BVMF:SUZB3) ON subiu 1,72%, após anunciar planos de construir fábrica de 600 milhões de reais no Espírito Santo, bem como da aquisição da Caravelas Florestal por 336 milhões de reais. No setor, KLABIN UNIT (BVMF:KLBN11) valorizou-se 0,2%.

- MRV ON (BVMF:MRVE3) avançou 2,90% após anúncio de programa de recompra de até 2% das ações em circulação no mercado.

- TC ON desabou 27,09%, pior desempenho do Small Caps. O colunista Lauro Jardim publicou que CVM e BSM estão investigando a plataforma para investidores por suposta manipulação de cotação de ações. O TC disse que não recebeu qualquer notificação dos respectivos órgãos.

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