Completado nesta quinta-feira, 20, o correspondente a dois terços de julho, o Ibovespa ensaiou igualar e superar, com algum esforço perto do fim da sessão, o ponto em que havia concluído junho, mês em que saltou 9%, no que foi seu melhor desempenho desde dezembro de 2020. No fechamento de 30 de junho, o índice de referência da B3 (BVMF:B3SA3) marcava 118.087,00 pontos, e chegou a tocar e reter o nível de 119 mil nas três sessões seguintes, na abertura de julho. De lá para cá, contudo, perdeu fôlego, especialmente depois do dia 13, quando ainda flertava com acúmulo de ganhos no mês.
Na virada da primeira para a segunda quinzena, passou a alternar avanços e recuos proporcionais, sem força para estender o ciclo de alta, tampouco inclinação por realizar lucros. Assim, nesta quinta-feira, 20, após duas leves perdas, o Ibovespa subiu 0,45%, aos 118.082,90 pontos, tendo oscilado pouco mais de 800 pontos entre a mínima (117.484,27) e a máxima (118.290,29) do dia, saindo de abertura aos 117.558,37. Na semana, o Ibovespa volta ao positivo (+0,32%) no intervalo, e praticamente zera as perdas do mês, faltando agora 4 pontos para igualar o encerramento de junho - no ano, o índice sobe 7,61%. O giro financeiro se manteve fraco na sessão, como nas anteriores na semana, hoje a R$ 20,5 bilhões.
Embora travado, o desempenho do Ibovespa, hoje, não deixa de ser motivo para comemoração, tendo em vista que o de Nova York foi misto, e especialmente negativo para o Nasdaq (-2,05%), com a má recepção aos resultados trimestrais de Tesla (NASDAQ:TSLA) e Netflix (NASDAQ:NFLX). Por outro lado, também no front externo, a decisão do BC da China de manter a taxa de juros de longo prazo não impediu o dia favorável às ações de commodities na B3, de grande exposição à demanda do país asiático.
Ainda assim, o fôlego do Ibovespa tem se mostrado mais curto. Nas últimas cinco sessões, o índice permaneceu na linha dos 117 mil em três, e hoje, perto do encerramento, quando parecia endereçado a mais um dia no mesmo patamar, conseguiu retomar os 118 mil. "O mercado tem estado um pouco mais de lado, com o recesso parlamentar e a expectativa pelo início de cortes da Selic. Depois do rali de otimismo em junho, os ativos têm oscilado pouco", diz Paulo Luives, especialista da Valor Investimentos, destacando certo avanço, de março para cá, na agenda do governo, em pautas de interesse do mercado como o arcabouço fiscal e, mais recentemente, a aprovação da reforma tributária na Câmara.
"Outro ponto relevante para os ativos será o ritmo de redução da Selic, que deve se iniciar agora, em agosto", acrescenta o analista, observando que o começo da temporada de balanços trimestrais no Brasil, à medida que deslanchar, tende a trazer também um pouco mais de oscilação de preços às ações listadas na B3.
Hoje, a leve alta do Ibovespa contou com o suporte de discretas variações, em geral positivas, nas ações de maior peso no índice, com destaque para Vale (BVMF:VALE3) (ON +0,22%) e Petrobras (BVMF:PETR4) (ON +0,77%, PN +0,10%), com avanço de quase 2% para o minério de ferro na China (Dalian) e ganho diário mais modesto para o petróleo em Londres e Nova York. Entre os grandes bancos, o sentido ao final foi positivo, com Bradesco (BVMF:BBDC4) (ON +0,62%, pico do dia no encerramento; PN +0,06%) se alinhando aos demais nomes de relevo, em alta, com destaque para Itaú (BVMF:ITUB4) (PN +1,86%, também na máxima da sessão no fechamento).
Para Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, as ações do setor financeiro ainda refletem, em geral, "resultados positivos dos bancos nos Estados Unidos" no segundo trimestre. Mas o ritmo de alta na sessão, menos significativo, espelha também a pouca disponibilidade de vetores globais - ou seja, catalisadores como indicadores econômicos - nesta aproximação do fim da semana.
Na ponta ganhadora do Ibovespa na sessão, Natura (BVMF:NTCO3) (+4,96%), Ambev (BVMF:ABEV3) (+1,98%) e Itaú. No lado oposto, Locaweb (BVMF:LWSA3) (-3,70%), Gol (BVMF:GOLL4) (-3,60%) e Eneva (BVMF:ENEV3) (-2,56%).