Por Flavia Bohone
SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice acionário da B3 (SA:BVMF3) fechou esta quinta-feira abaixo dos 72 mil pontos, encerrando novembro com forte queda, pressionado pelas incertezas em torno das negociações para a reforma da Previdência.
O Ibovepa fechou com queda de 1 por cento, a 71.971 pontos, acumulando perda de 3,4 por cento no mês. Novembro marcou o terceiro mês do ano no vermelho para o índice, sendo que os outros dois foram março e maio.
O volume financeiro era de 26,3 bilhões de reais, impulsionado pela oferta pública de aquisição (OPA) da CPFL (SA:CPFE3), que movimentou 11,3 bilhões de reais, e pelo rebalanceamento do índice MSCI para o Brasil.
O noticiário menos favorável desde a véspera em torno das negociações do governo do presidente Michel Temer para aprovar a versão mais enxuta da reforma da Previdência levou o Ibovespa a acumular queda de 3,18 por cento em apenas dois pregões.
"A gente já está com uma reforma mais modesta que a inicial e mesmo essa versão está com dificuldade de aprovação", disse o gestor de recursos da Mapfre Investimentos Thiago Souza.
Mais cedo, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que a proposta de reforma da Previdência está "muito longe" dos 308 votos necessários para ser aprovada na Casa, afirmando que não tem como definir uma data para votar a matéria justamente por não haver o apoio necessário para sua aprovação.
Segundo o gestor da Mapfre Investimentos, com o calendário mais apertado, o mercado aguarda alguma sinalização de que a medida tem chances de avançar, ainda que não seja concluída este ano.
"Não vai ser fácil a aprovação da reforma, especialmente porque ela deve entrar em 2018... A maior expectativa é que tenha algum avanço na Câmara este ano e se isso acontecer tem alguma chance de o Senado aprovar no começo do ano que vem", disse Souza.
A sessão teve ainda o rebalanceamento do índice global MSCI e suas subdivisões, incluindo a do Brasil, que passa a valer no fechamento desta quinta-feira. O ajuste da carteira conta com a entrada das ações do Carrefour (SA:CRFB3) Brasil, além da saída dos papéis da Copel (SA:CPLE6), Duratex (SA:DTEX3) e Lojas Americanas (SA:LAME4) ON.
DESTAQUES
- CPFL ENERGIA ON caiu 16,97 por cento, liderando as perdas do Ibovespa, no dia da oferta pública de aquisição (OPA) das ações pela chinesa State Grid. O prazo para definir a titularidade das ações para participar da OPA venceu na sexta-feira, reduzindo a liquidez dos papéis, uma vez que as ações negociadas esta semana ficam de fora da oferta. Segundo dados da B3, a OPA movimentou 11,3 bilhões de reais, com 408,5 milhões de ações negociadas.
- BANCO DO BRASIL ON (SA:BBAS3) perdeu 3,95 por cento, liderando as perdas das ações do setor bancário dentro do índice. ITAÚ UNIBANCO PN cedeu 1,46 por cento, BRADESCO PN (SA:BBDC4) perdeu 0,64 por cento e SANTANDER UNIT (SA:SANB11) teve baixa de 1,87 por cento.
- VALE ON (SA:VALE3) recuou 1,57 por cento, cedendo ao pessimismo predominante no mercado, apesar da alta nos contratos futuros do minério de ferro na China.
- GOL PN caiu 2,84 por cento e AZUL PN (SA:AZUL4) teve baixa de 3,17 por cento, após o Senado rejeitar na noite da véspera o projeto que buscava limitar em 12 por cento a tributação de ICMS sobre o combustível da aviação. Segundo a equipe do Credit Suisse, se fosse aprovada, a lei poderia trazer ganhos para Gol (SA:GOLL4) e Latam de cerca de 100 milhões de reais por ano.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) subiu 0,33 por cento e PETROBRAS ON (SA:PETR3) teve alta de 0,25 por cento, após trocar de sinal algumas vezes durante o dia, diante das incertezas sobre a reforma da Previdência, mas conseguindo se manter no azul após em dia de ganhos para os preços do petróleo no mercado internacional.