Investing.com - Se por um lado o desempenho do Ibovespa foi positivo em setembro, o mesmo não se pode dizer do setor imobiliário, que teve apenas três empresas fechando o período com ganhos, caos de EZTEC (SA:EZTC3) (+4,7%), Direcional (SA:DIRR3) (+1,2%) e Helbor (SA:HBOR3) (+3,0%). Para o Banco do Brasil (SA:BBAS3) Investimentos, os números foram pouco expressivos.
Em setembro, o Imob teve queda de 1,2%, contra ganhos de 3,5% do Ibovespa.
Na visão dos analistas, a percepção de risco para o setor aumentou não apenas por conta das incertezas geradas pelas eleições presidenciais que ocorrerão no decorrer deste mês, mas também em função de algumas notícias veiculadas ao longo do último mês em relação ao FGTS, dentre as quais destacamos duas.
Em primeiro lugar, o BB-BI destaca que a realocação de recursos do orçamento do FGTS destinado à habitação, garantindo uma destinação de mais R$ 1,2 bilhão para a linha de apoio à produção.
Apesar de parecer positivo a princípio, o BB-BI vê a preocupação do setor reside no risco de serem suspensas as contratações de financiamentos para novos projetos imobiliários devido à utilização de quase 90% do orçamento da linha de apoio à produção até o final de setembro.
Caso o risco se verifique nos próximos meses, as empresas voltadas para o segmento de baixa renda (MRV (SA:MRVE3), Direcional e Tenda (SA:TEND3)) poderão vir a ter seu guidance de lançamentos prejudicado, impactando negativamente seus negócios no final do ano.
O segundo ponto levantado pelo braço de investimentos do BB é relação a criação de um programa de crédito estimado em R$ 4 bilhões para entidades filantrópicas de saúde com recursos do FGTS.
Em setembro, foi publicada resolução do Ministério do Trabalho reduzindo a remuneração que será recebida pelo FGTS nesses empréstimos e ampliando o montante a ser empresado até o final do ano de R$ 600 milhões para R$ 956 milhões.
Essa medida, na visão dos analistas, fortalece as preocupações quanto à utilização dos recursos do FGTS para outras finalidades diversas do financiamento à habitação, podendo impactar negativamente o setor imobiliário no médio e longo prazo
Com isso, o BB-BI entende que esse sentimento mais pessimista afetou também a confiança e as expectativas do empresário do setor. O Índice de Confiança do empresário da construção (ICEI-Construção) se aproximou da linha divisória que separa confiança de falta de confiança, atingindo 50,8 pontos, enquanto que as expectativas de setembro mostram expectativa de queda do número de empregados (49,4 pontos) e compras de insumos e matérias-primas (49,1 pontos), bem como menor otimismo com relação à evolução futura do nível de atividade (50,3 pontos) e de novos empreendimentos e serviços (50,4 pontos).