SÃO PAULO (Reuters) - Analistas do Itaú BBA afirmaram que a desalavancagem da JBS (BVMF:JBSS3) em um ritmo mais rápido do que o previsto desencadeou discussões entre investidores sobre a alocação de capital da companhia, enquanto a aguardada listagem nos Estados Unidos deve ficar apenas para 2025.
No segundo trimestre, a maior processadora de carnes do mundo mostrou alavancagem de 3,06 vezes, de 3,70 vezes no trimestre anterior e 3,87 vezes um ano antes. Em dólar, o indicador ficou em 2,77 vezes, de 3,66 vezes e 4,15 vezes, respectivamente.
"Nós acreditamos que as empresas de alimentos no nicho de processados podem ser alvos potenciais neste cenário", afirmaram Gustavo Troyano e Bruno Tomazetto em relatório a clientes sobre encontro recente com a empresa e investidores (non-deal roadshow) no Rio de Janeiro.
Quanto à listagem das ações no mercado norte-americano, eles afirmaram que continua sendo uma prioridade para a empresa, mas consideram improvável que ocorra neste ano.
"Embora o cronograma para os próximos passos no posicionamento da SEC (órgão que regula o mercado de capitais dos EUA) sobre o acordo ainda não esteja claro, notamos que as expectativas dos investidores agora estão mirando o primeiro semestre de 2025", acrescentaram.
Os analistas explicaram que levaria pelo menos 90 dias para a sessão de votação ocorrer uma vez que o acordo seja aprovado pela SEC. "Seguindo esse cronograma, e se aprovado em todas as instâncias, é improvável que o acordo possa se materializar em 2024", afirmaram.
Citando os fortes resultados do segundo trimestre, a equipe do Itaú BBA reforçou visão positiva para a JBS, afirmando que as margens de curto prazo devem permanecer sólidas.
"Quando (isso é) combinado com as perspectivas de aumento do fluxo de caixa do acionistas (FCFE) da empresa para 2024, isso reforça nossa perspectiva positiva sobre a empresa", escreveram no relatório publicado no final da segunda-feira.
Acerca dos principais tópicos abordados no NDR, eles afirmaram que a expectativa é de que a oferta de frango continue como um vento favorável no segundo semestre.
"Juntamente com a desvalorização cambial, isso pode compensar a leve compressão das margens da carne bovina dos Estados Unidos à frente, ainda produzindo fortes resultados nos próximos trimestres", estimam.
O Itaú BBA tem recomendação "outperform" para as ações da JBS, com preço-alvo de 39 reais. Nesta terça-feira, por volta de 12h20, os papéis eram negociados em alta de 1,9%, a 36,85 reais, na bolsa paulista, entre os maiores ganhos do Ibovespa, que operava estável.
(Por Paula Arend Laier)