Os juros futuros fecharam a sessão em baixa nos vencimentos de curto prazo e entre a estabilidade e leve alta nos demais prazos. No curto prazo, o mercado de juros deu sequência ao movimento de correção de altas iniciado nos últimos dias hoje apoiado na queda do dólar. O câmbio tem sido visto como variável-chave para os ajustes nas apostas para a Selic nos próximos meses, e o real foi destaque positivo entre moedas emergentes na segunda-feira,22. Apesar do alívio nos prêmios de risco, a curva segue projetando Selic terminal perto de 10,25% e desaceleração do ritmo de corte para 0,25 ponto porcentual no Copom de maio.
No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 10,320%, de 10,351% no ajuste de sexta-feira, 19. A taxa do DI para janeiro de 2026 caiía de 10,54% para 10,52%. A do DI para janeiro de 2027 era de 10,83%, ante 10,81% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2029 subia de 11,24% para 11,30%.
As taxas curtas e até o miolo da curva recuaram pela terceira sessão consecutiva. Eram as que tinham mais espaço para ajustes depois da forte reprecificação da trajetória prevista para a Selic nos ativos na semana passada. O economista-chefe do Banco Bmg, Flávio Serrano, afirma que o movimento foi puxado pelo câmbio, na medida em que o recuo do dólar amplia a possibilidade de o Banco Central cumprir a indicação do forward guidance, de nova redução da Selic em 0,5 ponto na reunião do Copom de maio.
"Mas não é uma correção forte. Tanto que a curva segue apontando taxa terminal entre 10,00% e 10,25%", afirmou. A precificação para o encontro do próximo dia 8 estava nesta tarde em -26 pontos-base, ou seja, mostrando praticamente 100% de chance de queda de 0,25 ponto. Para junho, a curva projeta -10 pontos, mostrando um quadro dividido, com 50% de probabilidade para queda de 0,25 ponto e 50% para manutenção. Embora o dólar tenha fechado hoje a R$ 5,1687, em baixa de 0,59%, a perspectiva para o curto prazo é de volatilidade nos ativos e a moeda poderá voltar a rodar acima dos R$ 5,20.
A agenda fraca de indicadores deslocou a atenção do mercado para a participação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em eventos nesta segunda-feira, mas suas declarações foram no mesmo sentido das já dadas na semana passada, em Washington. Ele reforçou a agora menor visibilidade do cenário à frente, afirmando que se a incerteza continuar alta o BC terá de "trabalhar o ritmo de cortes", mas se diminuir, "voltamos para a forma de atuação que tínhamos começado". Num quadro ainda mais adverso, em que as variáveis mudam de tal forma a fazer com que a "realidade que projetamos não seja mais verdadeira", haveria alteração do cenário base do BC.
Os vencimentos longos oscilaram perto da estabilidade, espelhando a dinâmica dos Treasuries, até com viés de alta em função da agenda pesada da semana e dos riscos fiscais. Em meio a tensões com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o governo tenta desarmar uma 'pauta-bomba' de R$ 70 bilhões, em boa medida vinda da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prevê a possibilidade de pagamento de bônus para juízes, que deve ter impacto de R$ 40 bilhões.