Por Aluisio Alves
SÃO PAULO (Reuters) - A empresa de pagamentos StoneCo (BVMF:STOC31)(NASDAQ:STNE) teve forte alta do lucro no terceiro trimestre, uma vez que a base de clientes e o aumento de preços ajudaram a receita a crescer muito mais rápido do que as despesas.
A companhia investida por Warren Buffett anunciou nesta quinta-feira que seu lucro líquido ajustado de julho a setembro somou 163 milhões de reais, aumento de 90,5% ano a ano. O número também veio bem acima da projeção média de analistas consultados pela Refinitiv, de 95,7 milhões de reais.
A evolução de 70,9% da base de clientes ativos, que fechou setembro em 2,37 milhões, ajudou a receita a crescer 70,7% ano contra ano, para 2,5 bilhões de reais. O avanço ocorreu em ritmo muito superior aos custos de prestação de serviços (+27,7%) e de vendas (+25%), enquanto os administrativos recuaram (-21,1%).
"Além disso, as iniciativas de reprecificação se mostraram mais bem-sucedidas do que nas nossas projeções iniciais", disse à Reuters o vice-presidente de finanças e relações com investidores da Stone, Rafael Martins, explicando que o aumento dos preços refletiu o ciclo de alta dos juros no país.
O balanço reforça a tendência de recuperação do setor já mostrada nos resultados do terceiro trimestre da rival Cielo (BVMF:CIEL3).
Os resultados da Stone no trimestre também foram influenciados por fortes variações nas linhas financeiras. As despesas financeiras líquidas deram um salto de 184,3% em 12 meses, a 940,3 milhões de reais.
"A despesa financeira como porcentagem da nossa receita começou a se normalizar, após um aumento no segundo trimestre (uma tendência positiva que continuaremos a ver daqui para frente)", afirmou Thiago Piau, presidente da Stone, em relatório de resultados.
"Esperamos continuar apresentando melhora nas nossas margens", agregou ele, explicando que o desempenho até agora no quarto trimestre apresenta uma tendência favorável. Piau será substituído como presidente-executivo por Pedro Zinner até 31 de março de 2023, conforme anuncio da Stone no início do mês.
A linha de marcação a mercado de ativos, que um ano antes havia imposto perda de 1,34 bilhão de reais, agora ficou positiva em 111,5 milhões.
A Stone ainda tem uma carteira de 522 milhões de reais de créditos vencidos, com o valor de mercado de 61 milhões.
A empresa estimou para o último trimestre deste ano receita de 2,6 bilhões de reais, além de lucro antes de impostos (EBT) para acima de 250 milhões de reais.
De acordo com a chefe de estratégia na Stone, Lia Matos, a Stone seguirá mais conservadora para operações de crédito até cerca de junho próximo, dado o cenário de juros e inadimplência. "Vamos escalar (o crédito) na segunda metade de 2023", disse.